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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Decisão judicial resolverá dívida bilionária, diz CCEE

Usinas com liminares para não pagar débitos tem cerca de R$ 6 bilhões a quitar

Maria Cristina Frias
São Paulo
Vista aérea da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia
Usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia - Lalo de Almeida/Folhapress

Se não houver uma reviravolta jurídica até março, o problema das geradoras de energia que deixam de pagar o que devem por causa do deficit hídrico deverá caminhar para uma definição.

Quem afirma é Rui Altieri, presidente do conselho de administração da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

Na semana anterior ao Carnaval, uma desembargadora da Justiça Federal tomou uma decisão que, na prática, vai obrigar as geradoras a resolver suas dívidas, ele diz.

Há cerca de R$ 6 bilhões a quitar de usinas que conseguiram liminares para não pagar débitos relativos à liquidação de diferenças entre o potencial de geração e o que, de fato, entregaram de energia nos últimos anos.

Em março acontece a primeira liquidação (ou seja, os acertos financeiros) entre vendedores e compradores desde a decisão da Justiça.

Essa dívida bilionária deve ser reduzida significativamente, mas a CCEE não antecipa em quanto, diz Altieri.

"Tem credores que veem 10% do que têm a receber há 15 meses. É insustentável. As usinas de biomassa, como cana-de-açúcar, compram energia fora da safra, e pagam corretamente. Quando vendem, levam só esses 10%."

Parte desses devedores devem pedir à Aneel para parcelar suas dívidas.

"Alguns terão caixa. Eles afirmaram em conversas que provisionaram os valores, porque sabiam da possibilidade de terem que pagar."

Esse montante bilionário se originou porque o regime hídrico dos últimos quatro anos foi ruim, diz ele.

A privatização das distribuidoras da Eletrobras também deverá ajudar, mas em um prazo mais distante.

Isso porque, mal administradas, algumas delas ficaram inadimplentes.

MARCO REGULATÓRIO

O Ministério de Minas e Energia encaminhou um projeto de lei que propõe uma compensação às geradoras pelos valores que elas deixaram de pagar em decorrência de fatores não hidrológicos.

No texto há uma liberalização maior do mercado livre, que deverá ocorrer até 2026.

Consumidores com cargas menores poderão aderir. Os clientes de baixa tensão, porém, ainda estarão fora.

"Os comercializadores querem uma liberação mais forte, mas eu acho esse cronograma seguro. Seria ruim tentar dar um passo maior e capotar na frente, diz, referindo-se à ideia de incluir todos no mercado livre."

"O uso de térmicas antes das hidrelétricas causou impacto, mas o problema verdadeiro foi a falta de chuvas nos quatro últimos anos"

 

Chove chuva

Este ano deverá ser o melhor para os reservatórios desde 2012, segundo Rui Altieri, presidente do conselho da CCEE.

"Nossa expectativa é que novembro, o mês mais crítico, esteja com o mesmo nível de armazenamento de hoje, o que é muito bom."

Isso, em conjunto com uma possível solução para a judicialização, deverá fazer o valor de liquidação de diferenças, hoje na casa dos R$ 2 bilhões ao mês, diminuir.

"Vai haver uma grande redução, o que é saudável."

Haverá ainda sobreoferta de energia, ele afirma. Com a crise econômica, não houve demanda para toda capacidade instalada.

"Em 2017, o mercado retomou o consumo de 2014. Levará de dois a três anos para se aproximar do limite."

 

Grupo varejista do Maranhão faz investimento de R$ 60 milhões

O Grupo Mateus, rede varejista com sede em São Luís, inaugurou na cidade, em janeiro, a primeira fase de sua central de fatiamento de frios, que demandou investimento de R$ 60 milhões em obras e maquinário.

A obra, que durou quase seis meses, é o primeiro de quatro grandes aportes da companhia para unificar toda a sua logística de processamento de carnes e peixes.

Fazemos essa atividade em cada unidade atualmente. Vamos centralizar para manter o padrão de qualidade e cortar custos, afirma o presidente, Ilson Mateus. A companhia cresceu 5% em receita no ano passado.

O local, de 20 mil m de área construída, já responde por todo o tratamento de embutidos vendidos nos supermercados e atacados da empresa, presente em três Estados (Maranhão, Pará e Piauí).

Os próximos planos de expansão a construção de fábricas de sorvetes e sucos, além da ampliação de uma planta panificadora envolvem aportes de R$ 140 milhões. O complexo inteiro deverá ser inaugurado em 2019.

R$ 7 BILHÕES
foi o faturamento da rede varejista em 2017

22 MIL
é o número de funcionários

172
é o número de lojas

 

O que estou lendo

Pius Hornstein, diretor-geral da Sanofi no Brasil

Diretor-geral da Sanofi no Brasil, Pius Hornstein - Bruno Santos - 7.dez.2016/Folhapress

O suíço Pius Hornstein, diretor-geral da farmacêutica Sanofi no Brasil, buscou uma leitura diferente das de sua área de atuação.

O executivo se dedicou a ler "Xavier Niel, la Voie du Pirate" ("Xavier Niel, o Caminho do Pirata"), dos jornalistas Solveig Godeluck e Emmanuel Paquette.

Trata-se da biografia do empreendedor francês, que em 2002 criou o Freebox, um equipamento que reúne internet, telefonia e televisão.

"A trajetória de Niel dá uma nova perspectiva de como gerir pessoas, atingir metas e superar obstáculos", diz. "Vai além de normas e padrões já estabelecidos nos negócios. É uma excelente leitura para empreendedores que querem inovar", afirma Hornstein, que é PhD em pesquisa médica pela Universidade de Basileia, na Suíça.

 

com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

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