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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Setor de cosméticos e higiene pessoal cresce 2,8%, mas segue pessimista

Resultado positivo ficou distante dos patamares anteriores à crise

Maria Cristina Frias
barom, pincéis, blush, em cima de mesa
Entidade prevê recuperação lenta nos preços para este ano - Leticia Moreira - 12.mai.2010/Folhapress

Após dois anos seguidos de queda, o setor de higiene, perfumaria e cosméticos voltou a crescer em 2017. A receita, descontados impostos e inflação, cresceu 2,77% segundo a Abihpec (associação da indústria do segmento).

O resultado, porém, não é visto pela entidade como uma retomada definitiva das empresas do ramo.

“Tivemos alguma recuperação nas vendas mais pelo otimismo do consumidor do que pela melhora na economia, mas não chegamos perto dos patamares anteriores à crise”, diz João Carlos Basílio, presidente da associação.

Antes do início da recessão, a média de crescimento dessa indústria variava entre o dobro e o triplo da do PIB. Em 2015 e 2016, as perdas chegaram a 6% e 9%, respectivamente.

A Abihpec traça dois cenários principais para 2018. O mais pessimista prevê estagnação no faturamento caso haja aumento da carga tributária média dos produtos.

“Temos receio de que haja elevação de tributos. A reforma do PIS e da Cofins podem prejudicar o ramo, e percebemos movimentos de alta de ICMS em alguns Estados. Se isso ocorrer, vamos patinar neste ano”, afirma.

“A indústria já é onerada demais hoje. Um repelente paga mais imposto que algumas bebidas alcoólicas.”
A favor dos fabricantes de cosméticos e itens de higiene pessoal estão a projeção de novos cortes na taxa básica de juros (Selic) e a retomada do emprego e do consumo em 2018.

“A Selic se aproximar dos 6% é uma boa notícia a médio e longo prazo. Contribui com a recuperação da capacidade de investimento”.

Em sua projeção de conjuntura, a entidade prevê, ainda, uma recuperação lenta nos preços para este ano.

 

Recebíveis antecipados

O patrimônio líquido dos Fidcs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) cresceu 22,3% em 2017, segundo dados da CVM (órgão regulador) compilados pela consultoria Uqbar.

Até janeiro deste ano, eram R$ 81,73 bilhões neste tipo de veículo, que envolve a compra e venda de recebíveis.

 

“Boa parte do aumento se deve aos fundos [de empresas] de cartão de crédito, que já existiam, mas se proliferaram em 2017”, diz Alfredo Marrucho, da consultoria.

A tendência é que o crescimento continue neste ano porque há veículos que aguardam a aprovação da CVM para se tornarem Fidc, afirma.

Um dos motivos de migração foi a publicação, no ano passado, da Medida Provisória 806, que muda a tributação de fundos exclusivos, mas que exclui os de recebíveis, diz ele.

 

Viagens movimentadas

O volume de vendas das agências de turismo cresceu 15,9% no país no ano passado, segundo o Sindetur-SP (sindicato setorial de São Paulo). É o segundo ano seguido de alta.

“Os dados consolidam claramente uma recuperação do setor depois de uma queda acentuada que tivemos com a crise, a partir de 2014”, diz o presidente da entidade, Marciano Freire. 
As vendas do segmento caíram 11,9% em 2015.

A projeção é que o crescimento fique próximo a 20% neste ano, com destaque para a comercialização de pacotes domésticos.

A pesquisa, feita pelo Ipeturis, também ouviu empresários do ramo sobre suas projeções para 2018: 76% dos consultados disseram estimar uma alta no faturamento nos próximos 90 dias.

 

Longe da meta

Dois anos após a criação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 60% das 250 maiores companhias de capital aberto do mundo ainda não reconheceram a agenda da ONU em seus relatórios, segundo a KPMG.

As 17 iniciativas foram aceitas pelos países-membros da organização como um compromisso para melhorar indicadores sociais, econômicos e ambientais até 2030.

“As empresas são cobradas pelos acionistas a dar resultados a curto prazo. Sobra pouco espaço para discutir iniciativas futuras”, diz o diretor da área de sustentabilidade da consultoria, Ricardo Zibas.

Cerca de 8% das companhias apresentaram um estudo de caso para tomada de medidas, afirma.

“Normalmente, as mais preocupadas são as que têm um impacto na sociedade bem tangível, que fica perceptível ao público, como as transmissoras ou geradoras de energia e também as do setor automotivo.”

 

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