Mercado Aberto

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mercado Aberto

Projeto de lei de licitações muda, mas ainda desagrada construtoras e seguradoras

Setores não concordam com novas regras para o seguro garantia

Maria Cristina Frias

Foto de trens empoeirados estacionados em pátio
VLTs em Várzea Grande, próximo à Cuiabá, Mato Grosso. Obra prevista para a Copa do Mundo de 2014 foi abandonada - Dinalte Miranda - 10.ago.2017/Diário de Cuiabá

O deputado João Arruda (MDB-PR), relator do projeto que muda as licitações públicas, fez alterações no texto para tentar agradar os setores de construção e de seguros, que travam uma disputa em torno das novas regras.

Representantes de ambos os segmentos, no entanto, se dizem insatisfeitos em relação às últimas mudanças.

A discussão é sobre um tipo de seguro garantia, um contrato feito entre construtoras e operadoras que dá à administração pública a certeza de que a obra será terminada, caso a empreiteira a abandone.

Se isso acontecer, a seguradora paga uma parte do valor original do projeto. Hoje, é cerca de 5%, mas o governo quer aumentar para 30%.

Essa mudança, no entanto, vai fazer o valor da apólice subir, e, portanto, desagrada as construtoras.
“Para conseguirmos aprovar o projeto, vamos flexibilizar essa porcentagem. Recuar não significa desfigurar o texto”, afirma Arruda.

O mercado não aceitará, diz Roque Melo, da comissão de crédito da FenSeg (federação de seguros): “A questão dos 30% é indispensável para obras de grande vulto.”

Se a porcentagem for menor, as seguradoras querem se ver desobrigadas de uma responsabilidade: a de contratar uma outra construtora que faça o trabalho até o fim.

O texto ainda desagrada as empreiteiras, que pagam a apólice, mas não têm proteções contra seus riscos, segundo José Martins, presidente da ​Cbic (câmara da construção).

“O projeto diminui as possibilidades de sinistro para as operadoras, mas para as construtoras ele é inócuo.”

O TCU publicou uma nota com o mesmo ponto: “O seguro cobre problemas ocasionados exclusivamente pelo contratado, e grande parte das paralisações de obra são de responsabilidade da administração pública.

 

Laços de família

O responsável pelo projeto de lei que põe seguradoras e empreiteiras em campos opostos, o deputado João Arruda (MDB-PR) é genro do sócio de um grupo que tem uma operadora e também uma construtora.

A J. Malucelli Seguradora teve receita de R$ 126 milhões com esse tipo de apólices neste ano. É a segunda do mercado em 2017.

Joel Malucelli, o sócio, é sogro de Arruda.

Não há conflito de interesses, diz o deputado. “[Malucelli] jamais falou comigo sobre esse assunto, e ele tem também uma construtora e uma vendedora de equipamentos. É um grande grupo empresarial.”

 

Preso, mas segue CEO

A GE não deve destituir Daurio Speranzini Jr., preso nesta quarta-feira (4) em uma operação derivada da Lava Jato, do cargo de diretor-executivo para a América Latina, ao menos por enquanto.

A avaliação inicial da multinacional é que ele passa por um momento pessoal difícil e, ao menos temporariamente, segue como funcionário, segundo empregados da empresa.

Oficialmente, a GE diz que não é investigada, e que a Polícia Federal prendeu Speranzi por causa de supostas fraudes em licitações das quais ele teria participado quando era diretor de outra empresa, a Philips.

 

Altas vendas

O comércio paulista teve o melhor resultado de vendas para o mês de abril desde 2008, segundo a Fecomercio-SP. O faturamento aumentou 7,3% em relação ao mesmo período de 2017, consolidando 18 meses de crescimento contínuo.

O único segmento a registrar queda foi o de supermercados.

“Em 2017, a páscoa caiu em abril e não em março, o que aumentou a base de comparação”, afirma Thiago Berka, economista da Apas (do setor). Na análise conjunta dos dois meses, houve alta de 3,56%, diz.

A paralisação dos caminhoneiros deve afetar o indicador de maio, segundo Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomercio-SP.

“Os dados do próximo período serão importantes para sabermos se o impacto será pontual ou se os efeitos inflacionários se estenderão para o resto do ano”, afirma.

A expectativa para 2018 é de alta de 5% no faturamento, diz. “Esperamos uma baixa no custo final do crédito, o que permitiria um aumento na venda de bens duráveis”.   

 

Mudança de planos

A Romagnole, fabricante de transformadores e produtos elétricos, reduziu sua projeção de investimentos para 2018 em cerca de 30% devido à alta do dólar e à instabilidade econômica.

“No fim de 2017 tivemos projetos importantes que saíram da gaveta, especialmente na área imobiliária. Mas, a partir de março, o cenário se estabilizou”, diz o presidente, Alexandre Romagnole.

Os R$ 25 milhões de aportes inicialmente previstos passaram a R$ 18 milhões. Os recursos serão aplicados na aquisição de máquinas para o laboratório de ensaio e testes elétricos da empresa.

“Cerca de 40% dos nossos insumos são importados e o dólar alto eleva os custos. A greve dos caminhoneiros também prejudicou a nossa produção.”

Mesmo com o ritmo mais lento da economia, a empresa estima crescer 5% em faturamento neste ano.

R$ 683 milhões
foi a receita em 2017

2.000
são os funcionários

 

Aposta em sapatênis

A fabricante de sapatos masculinos Democrata começará a vender calçados de moda casual, segundo Urias Francisco Cintra, diretor-executivo da empresa.

O investimento é de R$ 11 milhões e inclui, além de uma nova linha de produção em sua fábrica no Ceará, a estruturação de seu ecommerce, que ainda será inaugurado.

A projeção da calçadista é ter dez lojas novas neste ano, todas via franquia.

“Temos várias praças em que as vendas poderiam ser mais altas, mas as localizações não eram ideais. Em Curitiba já tínhamos uma unidade, mas precisamos abrir mais dois pontos.”

R$ 226 milhões
foi o faturamento da Democrata em 2017

2.000
são os funcionários diretos da calçadista

 

Inovação A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein firmou parceria com a Plug and Play Cleveland Innovation Platform, programa de aceleração de startups voltadas a tecnologias para a saúde.

Redesenhar A Dimension Data, empresa de tecnologia que pertence ao grupo japonês NTT, investirá R$ 8 milhões para reestruturar suas divisões no Brasil em novas áreas, como uma especializada em finanças.

 

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.