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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Na contramão de 2018, hotéis optam por elevar diárias para alta temporada

Alta temporada é oportunidade para reajustes em mercados com superoferta

Maria Cristina Frias

Em um movimento contrário ao observado na maior parte deste ano, redes de hotéis e resorts optaram por subir o valor das diárias para o Ano Novo e as férias de verão, mesmo que isso afete a vacância.

Alguns mercados com superoferta hoteleira, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ainda têm dificuldade para recompor preços, segundo o Fohb (fórum do setor). A alta temporada é uma oportunidade para reajustes.

Entardecer na praia de Copacabana - Rubens Chaves - 31.dez.15/Folhapress

“Tivemos leve crescimento na ocupação, em alguns casos até estagnação, mas com o aumento da diária nos resorts, sentimos uma melhora”, diz Alceu Vezozzo Filho, presidente da Bourbon Hotéis.

O faturamento da empresa neste fim de ano cresce 8%, nível que deverá ser mantido em 2019, impulsionado também por um novo empreendimento em Campinas (SP) e um espaço de eventos em Foz do Iguaçu (PR), afirma.

“Observamos um incremento médio de 6% nas taxas de ocupação e de 8% na receita média do setor no final de 2018”, afirma Alberto Cestrone, presidente da ABR (associação de resorts).

“Todos elevaram as diárias, mas nem todos estão lotados.”

Uma alta mais intensa das tarifas deverá começar a ocorrer no primeiro semestre de 2019, segundo Alexandre Gehlen, do grupo ICH, dono da bandeira Intercity.

“[Os preços] No verão começaram a melhorar, mas ainda é algo tímido em relação ao que precisa ser feito.”

A tendência é que o aumento nos valores seja acompanhado e justificado por melhorias nos hotéis em 2019, diz Fernando Gagliardi, do Meliá.

 

Setor de seguro garantia deve crescer com obras pós-Lava Jato

O seguro garantia, plano que se contrata para garantir o cumprimento ou pagamento de um dever, será impulsionado pela retomada de obras de infraestrutura nos próximos anos, dizem analistas desse mercado.

A modalidade cresceu na crise por ser usada como alternativa ao depósito judicial.

“Havia a ideia de que a garantia judicial teria chegado ao seu limite, mas cresceu em 2018”, diz Roque Melo, da comissão de grandes riscos da Fenseg (federação do setor).

“A expectativa de todos é que haja mais investimento em infraestrutura, o que criará novas oportunidades.”

Além de projetos de energia em óleo e gás, o setor espera que saiam do papel novos aeroportos, ferrovias e portos, segundo Rodrigo Protasio, diretor-executivo de resseguros da JLT, que atua nesse nicho.

“O seguro de performance dá a garantia de entrega dessas construções todas.”

A avaliação da empresa é que, após a Lava Jato, parte dos projetos ficarão com empreiteiras que não têm fluxo de caixa que dê ao mercado segurança de que a obra será terminada, e isso vai impulsionar a venda de apólices.

 

Sem marca, sem crise

A venda de medicamentos genéricos em unidades subiu 11,4% nos dez primeiros meses deste ano, segundo a Iqvia, que audita a indústria, e a ProGenéricos (associação setorial). Foram 1,17 bilhão de unidades comercializadas.

O segmento cresceu acima do mercado farmacêutico como um todo, que teve alta de 6,9%, afirma Telma Salles, presidente da entidade.

A melhora se baseou na maior adoção aos genéricos que estão no mercado, diz ela. “Não tivemos nenhum lançamento extraordinário, houve uma consolidação contínua.”

Houve, porém, uma leve desaceleração no setor. O aumento havia sido de 12,9% no ano passado e a distância em relação ao ritmo do mercado como um todo era maior.

“Não crescer com o mesmo entusiasmo de anos passados não é tão preocupante, outros mercados não tiveram aceleração.”

 

Desce e sobe

O setor de elevadores pode enfrentar no fim de 2019 um problema que não ocorre desde 2014: falta de trabalhadores especializados, segundo Marcelo Braga, presidente do Seciesp (sindicato de empresas de instalação e manutenção).

“Nossa área dispensou muita gente entre 2015 e 2016, mas teremos que contratar novamente em 2019 e 2020, e para isso teremos que formar trabalhadores especialistas.”

Não há cursos para técnicos atuarem na instalação das máquinas, e é o próprio sindicato patronal que treina trabalhadores quando há demanda, segundo o dirigente.

“Cerca de 30% do nosso orçamento deverá servir para as aulas de formação.”

O setor foi ajudado, neste ano, por uma lei que obriga os edifícios a terem elevadores acessíveis.

A demanda por esse serviço de adaptação não vai seguir em alta, pois a maior parte do parque já está adequado às normas, mas a expectativa é que as incorporadoras voltem a construir prédios e encomendem instalações.

“Temos recebido mais consultas de construtoras”, diz.

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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