O que Brasil, Sri Lanka, Bangladesh e Índia têm hoje em comum? São os países que integram a lista vermelha da Itália, onde há alto risco epidemiológico, e que possuem os viajantes mais indesejáveis do mundo. São cinco níveis de regras para ingresso no território italiano, e esses quatro não conseguem nem se encaixar nessas categorias; são alvos de medidas ainda mais restritivas
Enquanto Espanha, Alemanha e França já recebem turistas brasileiros vacinados, a Itália não só continua a rejeitá-los como impõe condições inegociáveis àqueles que têm permissão de ir e vir. O veto ao Brasil começou em janeiro, quando os voos foram suspensos devido ao surgimento da variante gama, a brasileira. Retomado em fevereiro, o tráfego aéreo só está autorizado para residentes ou exceções comprovadas, como família, trabalho e estudo.
A situação epidemiológica, porém, mudou. Se no fim de junho a incidência de novos casos diários por milhão de pessoas era, na média móvel, de 14 na Itália e de 363 no Brasil (26 vezes maior), esses números estão hoje bem mais próximos entre si, 107 e 126, respectivamente.
Mas os brasileiros que conseguem viajar para a Itália precisam se submeter, mesmo completamente imunizados, a uma vigilância sanitária de dez dias, com quarentena doméstica obrigatória e testes antes, durante e depois. Como comparação, um turista de Israel, com 918 novos casos/milhão de pessoas, pode entrar só com o certificado de imunidade (vacina, atestado de cura, teste negativo), sem outras satisfações.
Quem desembarca ouve que a regra não tem a ver com a situação individual, mas com o lugar de proveniência. E o Brasil, realmente, tem o que mostrar: uma variante temida para chamar de sua e uma campanha vacinal que, apesar de acelerada, ainda tem baixa cobertura (27% de imunizados, diante de 60% na Itália).
Além de, na fonte disso tudo, o fator Bolsonaro, um presidente que desmancha a imagem do próprio país toda vez que abre a boca ou sai de casa (sem máscara).
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