Tenho entrevistado mulheres que foram casadas com homens, têm filhos e, mais velhas, descobriram o amor por outra mulher. Elas dizem que jamais tiveram desejos por outras mulheres antes desse encontro amoroso.

Uma publicitária de 61 anos contou que demorou muito tempo para admitir que estava apaixonada por uma mulher: "Fui casada quase 40 anos. As pessoas acham que estou com uma mulher porque tive muitas decepções amorosas ou porque falta homem no mercado. Minhas filhas dizem que sempre fui uma sapatão enrustida. O mais importante é a possibilidade de ser verdadeira com ela, a confiança que sinto para ser 100% eu mesma, com todas as minhas fragilidades, vergonhas e medos. Nunca senti isso com um homem, pela primeira vez na vida posso ser eu mesma com o meu amor".

Uma professora, de 65 anos, disse que o sexo é decorrência de algo mais fundamental: a amizade. "Não existe disputa, competição e dominação entre nós. É uma relação de verdadeira troca, companheirismo, compreensão e apoio mútuo. Somos, em primeiro lugar, amigas. Conversamos sobre tudo, de uma forma muito profunda. O sexo com minha amiga é consequência de horas e horas de intimidade. Só com ela consegui ter a intimidade que sempre busquei. Nunca me senti tão próxima de um homem, nunca me senti tão escutada por um homem".

Intimidade, reciprocidade, amizade, confiança e verdade foram as palavras mais citadas para justificar a escolha. O sexo apareceu como decorrência desses sentimentos valorizados por elas.

"Só mais velha tive a coragem de lutar por uma relação mais verdadeira, mais plena. Não tenho mais tempo para desperdiçar me preocupando com a opinião e o preconceito dos outros. Eu só quero ser feliz e não estou fazendo mal a ninguém. Por que o amor e a felicidade incomodam tanto assim?", disse a professora.