Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Mirian Goldenberg
Descrição de chapéu Corpo

Qual é o lobo que você alimenta?

Bruna Lombardi é a eterna aprendiz da difícil arte de ser feliz

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Em 10 de junho de 2019, recebi uma mensagem pelo WhatsApp:

"Cara Mirian, tudo bem? Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha de S. Paulo, na linha. Escrevo para convidá-la a participar de uma das nossas mesas na Casa Folha da Flip 2019, em Paraty. Seria a mesa de sábado (13/7), às 15h, com participação da Bruna Lombardi e mediação da jornalista Teté Ribeiro. Na ocasião você falaria de seu livro novo. O que acha? Um abraço e parabéns pelas colunas, sempre ótimas."

Lógico que aceitei imediatamente. A nossa mesa "Ser feliz ou ter razão?" foi um sucesso. E ainda ganhei de presente uma querida amiga que está me ensinando "a arte de ser feliz": Bruna Lombardi.

A atriz Bruna Lombardi - Reinaldo Canato - 10.mar.2020/Folhapress

Recentemente, fiz uma entrevista para a Vogue, onde Bruna falou sobre sua filosofia de vida e as escolhas mais difíceis da sua trajetória, seu trabalho incansável na Rede Felicidade, da qual sou colaboradora, e muito mais:

"O Brasil inteiro sabe que a Bruna é uma mulher lindíssima, talentosíssima, inteligentíssima, generosíssima, amorosíssima, dedicadíssima, profundíssima... A Bruna é superlativa. Sabem por que a Bruna é superlativa? Porque ser superlativa é ser incomparável, única, inigualável, maravilhosa, extraordinária, excelente, excepcional, espantosa, excessiva, exagerada, hiperbólica e muito mais. Como todos já sabem que a Bruna é superlativa, eu decidi fazer uma entrevista diferente. Quero mostrar a Bruna que ninguém conhece: o lado fera da bela."

Meu propósito principal foi mostrar o trabalho admirável que Bruna fez e continua fazendo para aprender (e ensinar) "a arte de ser feliz". Amei cada segundo dos 90 minutos da nossa conversa, mas, infelizmente, precisei resumir muito para ser publicada. Será que a Bruna vai gostar? Ansiedade enorme até que, depois de enviar o link da entrevista para ela, recebi um áudio pelo WhatsApp:

"Ai Mirian, meu Deus do céu, eu não tenho palavras para te dizer... Nossa, o que é isso? Você é uma louca de tanta coisa bonita que você falou de mim, é de um exagero que eu olhei e disse: ‘de quem ela está falando?’ Mas é a tua generosidade, você vê em mim a tua generosidade. Você realmente é um absurdo, você é esse coração. Obrigadíssima. Nunca recebi tanto elogio, tanta coisa boa a meu respeito. E pulando essa parte que eu acho muito exagerada da sua parte, mas enfim, superlativa é você, eu gostei demais da entrevista. É de uma fidelidade, de uma coerência. Você pegou tudo e ainda conseguiu dar uma síntese muito bonita. A gente se conheceu lá na Flip, em 2019, e eu intuía que a gente tinha que ser próxima. A gente está tão próxima, espero que a gente continue fazendo coisas juntas. Desculpa a mensagem tão longa, mas estou realmente impactada pelo que você fez. Muito obrigada, gostei demais."

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Mirian Goldenberg e Bruna Lombardi na mesma mesa 'Ser Feliz ou Ter Razão?' da Flip de 2019, com mediação de Teté Ribeiro - Mathilde Missioneiro - 13.jul.2019/Folhapress

Quase explodi de alegria e emoção ao ouvir a mensagem. Como o espaço não é suficiente, segue apenas um trechinho da entrevista que mudou a minha vida para sempre:

"É essa obsessão de buscar o conhecimento que até hoje me move, eu não paro. Eu sou uma eterna aprendiz que quer aprender e saber mais. É a minha maior ambição. Participei do programa 'Roda Viva' e eles me perguntaram: ‘Você faz tanta coisa diferente, você é tão múltipla, nessa multiplicidade o que você põe na sua ficha de hotel?’. Aí eu brinquei e respondi: ‘estudante’.

Você falou que as pessoas acham que para mim tudo é fácil. Eu vou falar uma frase maravilhosa de uma funcionária querida que trabalha comigo há décadas: ‘Todo mundo vê a pinga que você toma, mas não vê os tombos que você leva’. Eu morro de rir: ‘É isso mesmo, você tem toda razão’. Estão vendo a aparência, não estão vendo a construção, o esforço, o trabalho, os obstáculos.

Eu adoro uma parábola indígena do avô conversando com o neto. O avô conta que dentro de cada um de nós existem dois lobos, um do bem e um do mal. E que estes dois lobos estão constantemente brigando. O neto pergunta: ‘E qual dos dois vence?’. O avô responde: ‘Aquele que você alimenta’."

Desde então, começo os meus dias com a mesma pergunta: Como vou ser feliz no dia de hoje? Qual é o lobo que vou alimentar: o bom ou o mau?

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