No domingo passado, estava no meu quarto, lendo, estudando e escrevendo, quando escutei os gritos do meu marido na sala: "Caralho! Merda! Porra!". Corri para ver o que estava acontecendo e encontrei meu marido xingando o computador: "Merda! Porra! Perdi duas horas de trabalho. Que caralho!".

Fiquei assustada achando que ele estava passando mal, tendo um troço, um princípio de infarto, mas ele só estava com raiva porque não havia salvado no computador o trabalho que estava fazendo.

Agora aprendi a não me preocupar tanto com as explosões de raiva do meu marido porque descobri algumas pesquisas que mostram que xingar faz bem à saúde física e mental.

"São muitas as vantagens de usar palavrões", afirmou o professor de psicologia no Massachusetts College of Liberal Arts nos Estados Unidos, Timothy Jay, que estuda o tema há mais de 40 anos. Xingar é uma espécie de válvula de escape para as raivas, dores e frustrações.

"Xingar ajuda você a lidar com a dor", constatou o psicólogo Richard Stephens, professor da Universidade Keele, na Inglaterra. Xingar produz uma resposta ao estresse que inicia o reflexo defensivo do corpo, provoca uma descarga de adrenalina que aumenta o ritmo cardíaco e a respiração, preparando os músculos para a resposta conhecida como lutar ou fugir. Simultaneamente, favorece uma reação fisiológica chamada resposta analgésica, que torna o corpo mais impermeável à dor.

"É algo que faz sentido do ponto de vista evolucionário, porque você vai ser um lutador melhor e um corredor mais rápido se não estiver sendo atrasado por preocupações com a dor... Ao soltar palavrões, você desencadeia uma resposta emocional, o que produz uma redução da dor induzida pelo estresse".

Uma pesquisa mostrou que as pessoas que falavam palavrões ao mergulhar as mãos na água gelada sentiram menos dor e conseguiram manter as mãos na água por mais tempo do que aquelas que disseram palavras neutras. Outra demonstrou que os ciclistas que xingavam enquanto pedalavam em prova de resistência tinham mais potência e força do que aqueles que usavam palavras neutras. E uma terceira descobriu que as pessoas que praguejavam enquanto apertavam um torno eram capazes de usar mais força por mais tempo.

Pesquisas também demonstraram que se você bater o dedo do pé em uma quina e soltar um monte de palavrões a dor pode doer menos do que se você usar palavras neutras. E se fechar a porta do carro no seu dedo, pode sentir menos dor se disser "merda" em vez de "meleca".

Resolvi pesquisar mais sobre o tema quando recebi a seguinte mensagem de uma professora de 45 anos:

"Mirian, amei seus livros 'A Arte de Gozar e Liberdade, Felicidade e foda-se!'. Você me ensinou a ligar o botão do foda-se! Aprendi que o foda-se não é um palavrão, mas uma libertação. É um alívio poder dizer para mim mesma: ‘Foda-se! Errei! Fiz cagada! Todo mundo erra, não sou perfeita! É impossível agradar a todo mundo! Foda-se!’".

"O palavrão é a melhor maneira de desabafar, é uma catarse, uma válvula de escape", ela disse.

"Sempre achei que xingar faz bem à minha saúde mental. Lógico que não xingo diretamente as pessoas escrotas do meu trabalho e até mesmo da minha família. Mas confesso que às vezes mando meu marido à merda quando ele me enche o saco, mas logo peço desculpas e rimos disso juntos".

Para ela, xingar, mesmo que só em pensamento, é uma forma de botar a raiva para fora:

"Tenho uma colega de trabalho tão escrota, maléfica, manipuladora, arrogante, competitiva, invejosa e caga-regras que, sempre que ela me faz uma sacanagem, fico tão paralisada que não consigo reagir, mas fico repetindo em pensamento: ‘Vaca nojenta! Vaca nojenta! Vaca nojenta!’. Já me sinto um pouco aliviada. Mas não quero mais xingar de vaca nojenta, mesmo que seja só para mim mesma, porque sei que não é politicamente correto. Só que até agora não encontrei nada tão perfeito quanto vaca nojenta para xingar essa invejosa escrota".

A professora então me fez três perguntas que não sei como responder:

"Você tem alguma sugestão? Qual é o xingamento que você usa quando está com raiva de alguém e precisa desabafar? Será que existe palavrão politicamente correto?".