Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.
Carolina Ferraz diz que gravidez aos 46 anos 'é mais fácil' e sem 'frescura'
Carolina Ferraz, 46, está sentada em um dos bancos da entrada de uma livraria no Leblon, bairro da zona sul do Rio. Sem nenhum traço de maquiagem, e usando bermudas jeans e sandálias rasteiras, ela interrompe a sessão de fotos para apontar para um carrinho de bebê que passa pela calçada.
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"Olha que legal esse modelo!", diz, para depois cair na gargalhada. "Agora estou assim. Adorando falar sobre isso", diz à repórter Marcela Paes. O "isso" a que ela se refere é a gravidez de sete meses. Ela espera uma menina. Ainda não escolheu o nome.
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"Cheguei a engravidar e perdi, o que é algo que acontece muito. Nem foi uma surpresa. Depois que aconteceu, eu falei: 'Quer saber? Vou fazer tratamento'", conta.
A vontade de aumentar a prole –ela já é mãe de Valentina, 20– era o plano desde que começou a se relacionar com o médico e ator Marcelo Marins, 36, há quatro anos.
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"Acho muito honesto, quando você se casa com alguém que não tem filhos e que quer ter, que você tente. No mínimo, eu tinha que tentar ter [risos]. E deu certo."
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Antes de optar pela inseminação artificial, Carolina diz que tinha "uma série de preconceitos". O sucesso já na segunda tentativa do tratamento fez com que ela mudasse radicalmente de ideia.
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"Hoje eu vejo que era falta de informação. É superseguro, tanto pra você quanto pra criança", afirma.
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O sanduíche de queijo tostado pedido pela atriz chega à mesa do café que fica dentro da livraria. "Ai, que fome! Até agora engordei 15 kg. Mas tudo bem, gente. Depois fecho a boca e seja o que Deus quiser", diz.
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Entre uma mordida e outra na baguete, ela para de comer, dá um riso discreto e decreta: "A vida sem glúten é muito chata. Como macarrão é booom! Não digo que nunca fiz esse tipo de dieta, mas não é exatamente agora que vou pensar nisso".
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Desde o anúncio da gestação, a atriz tem recebido mensagens de apoio nas ruas e nas redes sociais. Sem esperar, a goianense se tornou um símbolo para mulheres mais velhas que desejam engravidar. Quase ninguém é indiferente à gravidez tardia, diz.
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"As pessoas estão sentindo uma onda 'inspiracional' na minha gravidez, e isso pode ser uma coisa muito legal. Tomara que mulheres que pensam que não podem ter filhos se animem mesmo. Se é um desejo que elas têm, por que não tentar?"
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Para Carolina, a diferença entre os 20 anos que separam a primeira gravidez e a gestação atual é mais psicológica do que física.
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"Uma gravidez vivida na minha idade é mais fácil, porque você fica sem frescura nenhuma. Como todo mundo, fui fazer o famoso 'baby shopping'. Quando vi a lista enorme, falei: gente, só preciso de um terço disso", explica.
Tranquilidade que se estende até a escolha de como vai dar à luz.
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Apesar de ter preferência pelo parto normal, a atriz não descarta a possibilidade de uma cesária, mas é avessa à ideia de ter a filha em casa, em um parto humanizado.
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"Não tenho essa coisa filosófica. Vou ter no hospital. Hoje em dia dizem que você fica embaixo do chuveiro pra ajudar as contrações e que você entra numa banheira, mas não é pra mim. Prefiro só chegar lá e perguntar: a criança está bem? Tem olho? Tem nariz? [risos]. Tá bom? Então vou ficar feliz. Tô mais em outra geração, acho..."
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Afastada das novelas desde "Além do Horizonte" (2013), ela não pensa em interromper o trabalho após o nascimento do bebê. Além do programa "Receitas da Carolina" (GNT), que estreou nova temporada na quarta (4) e foi gravado durante os primeiros meses da gestação, ela começa a filmar em setembro o longa "A Glória e a Graça", em que é produtora e interpreta uma travesti, contracenando com Sandra Corveloni. E espera estar escalada também para uma novela na Globo.
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"Sou muito workaholic. Tenho amigas que pararam absolutamente tudo para cuidar da criança. Eu não sou assim. O trabalho é uma parte de mim. Se eu não estiver feliz como pessoa, acho que não vou ser uma mãe bacana", afirma a atriz.
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Na televisão desde os 18 anos, ela afirma ter conseguido preservar a privacidade da filha Valentina durante a infância e a adolescência da menina. "Era engraçado. A Valentina já tinha 15 anos e as pessoas achavam que ela ainda tinha sete. Isso apesar de eu nunca ter deixado de levá-la aos lugares."
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Também prefere não se preocupar antecipadamente com um eventual assédio sobre o futuro bebê, na contramão de alguns colegas de televisão que tentam impedir que fotos de seus filhos sejam publicadas.
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"Eu prefiro que não saiam fotos. Mas fazer o quê? Infelizmente, quando você se torna uma pessoa pública, você tem que pensar nisso. Tem até alguns paparazzi que são bem amigos e bem simpáticos, mas outros não. É uma questão que a sociedade tem que discutir", afirma.
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Quando termina de falar sobre os paparazzi, Carolina faz uma pausa. Seu assessor, que acompanha a entrevista, chama a atenção para o silêncio dos frequentadores do café. "Parece que a gente está num mosteiro beneditino. Acho que já tem muita gente prestando atenção na entrevista! [risos]", diz.
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"É mais ou menos isso", concorda a atriz. "Ser famoso é uma prisão. Se você vai num lugar onde um garçom te destrata e te chuta a canela, e você reclama com ele, vão dizer: 'Lá tinha uma cliente que foi maltratada e reclamou, que garçom mais mal-educado'. Mas, se sou eu, vão dizer que é um ataque de estrela."
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Com a percepção de que "hoje não pode ser uma coisa só na privacidade e ser outra em público", ela estende a ideia para o ambiente de trabalho.
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"Não me importo só em fazer bem o papel. Acho legal sair de um trabalho e as pessoas depois falarem que foi um prazer trabalhar comigo. Isso faz diferença. Conheço um bando de atores, amigos meus, que são superbacanas e geniais, mas que às vezes dão uma complicada", diz.
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Sem maquiagem, dieta e neurose, Carolina Ferraz define o que é importante para ela neste momento.
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"Você sempre vai fazer coisas erradas e dizer que poderia ter feito melhor. Mas você sempre acorda querendo fazer tudo certo todos os dias, e cada vez melhor. Meu grande barato hoje é pensar que quero criar uma pessoa civilizada, com bons princípios. Educar é difícil. O resto é fácil."
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