A Vale "não enxerga razões determinantes de sua responsabilidade" no acidente da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. E por isso a diretoria da empresa não se afastará de seu comando "em hipótese alguma".
A frase é de um dos principais advogados da companhia, Sergio Bermudes. Ele reagiu à sugestão do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que defendeu no domingo (27) o "afastamento cautelar" e "urgente" de toda a diretoria da empresa.
"A Vale não enxerga razões determinantes de sua responsabilidade. Não houve negligência, imprudência, imperícia", afirma o defensor. "Por que uma barragem se rompe? São vários os fatores, e eles agora vão ser objeto de considerações de ordem técnica".
Bermudes afirma ainda que o que está caracterizado, até agora, é "um caso fortuito cujas causas ainda não foram identificadas".
O advogado critica o senador alagoano. "Falando agora em nome próprio, e não da empresa: eu lamento muito as declarações do senador Renan Calheiros. Vejo como uma tentativa pecaminosa de capitalizar, com declarações levianas, em cima da tragédia", diz.
Ele afirma também que a declaração da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, de que "certamente há um culpado" pelo acidente e que os executivos da empresa podem ser responsabilizados é precipitada.
"Não é só a procuradora que quer apurar o que ocorreu. Todos nós queremos. Mas não há necessariamente um culpado, não há necessariamente culpa. Ou não haveria casos fortuitos ou ocasionados por motivos de força maior."
As afirmações de Bermudes tiveram ampla repercussão. Diante dela, o advogado entrou em contato com a coluna para "esclarecer que falei em nome próprio e de nenhuma forma em nome da Vale".
A empresa também enviou uma nota à Folha. : "A Vale esclarece que não autorizou nem autoriza terceiros, inclusive advogados contratados, a falar em seu nome. A Vale volta a ressaltar, de forma enfática, que permanecerá contribuindo com todas as investigações para a apuração dos fatos e que esse é o foco de sua diretoria, juntamente com o apoio às famílias atingidas".
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