Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Coronavírus

Pesquisadores que assessoram o Ministério da Saúde cobram negociação com Butantan por vacina contra Covid-19

Ação expõe desgaste causado pela lentidão da pasta em abrir novas tratativas

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Um grupo de pesquisadores que assessora o Ministério da Saúde na elaboração de um plano de vacinação contra a Covid-19 veio a público nesta quarta (9) cobrar a abertura de negociações com o Instituto Butantan, em São Paulo, responsável pela produção da Coronavac no país.

O movimento resulta de desgaste causado pela demora da pasta em estabelecer tratativas com outros laboratórios e pela decisão de retirar a população carcerária da lista de grupos prioritários para receber a vacina.

"Nossa missão como cientistas consiste em apontar os grupos da população que mais necessitam ser vacinados neste momento emergencial, sendo obrigação das autoridades providenciar as doses necessárias para que isso possa ser realizado a contento", diz a nota técnica.

O grupo, que foi instaurado em meados de outubro deste ano, pede a inclusão de quilombolas, populações ribeirinhas, presidiários, pessoas com deficiência, profissionais da educação e trabalhadores essenciais na lista de prioridades.

"Vimos solicitar ao governo brasileiro, através do Ministério da Saúde, o esforço para que sejam imediatamente abertas negociações com o Instituto Butantan, que já teria condições de oferta de doses de vacinas, com outras empresas que trabalham com a vacina Coronavac e com outras vacinas candidatas em fase final de estudos de eficácia", segue o documento.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta que é possível começar a aplicar as primeiras doses da vacina contra a Covid-19 em dezembro ou janeiro, em caráter restrito, se for fechado um acordo com a farmacêutica norte-americana Pfizer.

Mas o armazenamento exigido pelo seu imunizante —de -70ºC— é um dos desafios para que o Brasil possa usar o produto em larga escala, e os pesquisadores que assessoram a pasta demonstram preocupação com o fato de que ele seja a única alternativa à vacina da AstraZeneca, da qual o governo brasileiro já adquiriu cerca de 100 milhões de doses.

De acordo com a professora da Universidade Federal do Espírito Santo Ethel Maciel, uma das integrantes do grupo, o Ministério da Saúde deveria se preocupar em comprar doses suficientes para vacinar a população vulnerável o mais breve possível —e não em remenajar os grupos prioritários de acordo com sua capacidade limitada.

"Já passamos por tantas dificuldades [com] cloroquina, ivermectina [medicamentos sem comprovação de eficácia contra o coronavírus]. Pelo menos agora, na vacina, a gente tem que conseguir fazer uma coisa decente, até porque a gente tem o maior programa de vacinação do mundo. Temos orgulho dele. Não podemos deixar nos fazerem falhar onde a gente já está costumado a ter sucesso", afirma Maciel.

"É preciso que esse acordo [com o Instituto Butantan] seja feito e com celeridade. Não dá pra falar que vai demorar 60 dias para começar a vacinar a população", segue, referindo-se a declaração de Pazuello na terça (8).

O grupo técnico Eixo Epidemiológico do Plano Operacional da Vacinação contra Covid-19, que assina a nota, também é integrado por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da USP, de conselhos de saúde pública e de entidades como a Organização Pan-Americana da Saúde, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Médicos Sem Fronteiras.

Leia, abaixo, a íntegra da carta publicada pelos pesquisadores:

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