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Setecentos ex-alunos da Faculdade de Medicina da USP pedem impeachment de Bolsonaro

Abaixo-assinado online critica atuação do governo federal no combate à epidemia da Covid-19

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Um grupo de ex-alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) divulgou, na terça (19), uma carta aberta pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Até a tarde desta quarta (20), o abaixo-assinado reunia cerca de 700 assinaturas. O documento critica a atuação do governo federal no combate à epidemia da Covid-19.

"Este número inaceitável de mortes pela Covid-19 é decorrente das condições de profunda desigualdade, econômica e social, sob as quais os pobres e os mais vulneráveis se tornaram as principais vítimas da pandemia. Desigualdade e vulnerabilidade agravadas pela condução inepta, irresponsável e criminosa do governo federal", diz o texto.

"Em defesa da saúde e da vida de nosso povo, entendemos que é preciso exigir do presidente da Câmara dos Deputados a imediata abertura do processo de impedimento do Sr. Jair Messias Bolsonaro, dentro das normas legais e constitucionais por crime de responsabilidade e prevaricação. É preciso dar um basta ao descaso deste governo. Basta! Em defesa do SUS! Em defesa da vida! Pela imediata abertura do processo de impeachment!", contina a carta (leia a íntegra abaixo).

Outros dois abaixo-assinados pedindo o impeachment de Bolsonaro foram divulgados nesta semana. Um organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, que, até a tarde desta quarta (20), reunia mais de 1.450 assinaturas.

Outro elaborado por ​ex-alunos da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O documento já tem mais de 300 assinaturas.

Leia a íntegra do documento:

"As mais de duzentas e dez mil vidas brasileiras ceifadas pela pandemia de COVID-19 representam dez por cento das mortes no mundo, enquanto o Brasil responde por 2,7% da população mundial.

Este número inaceitável de mortes pela COVID-19 é decorrente das condições de profunda desigualdade, econômica e social, sob as quais os pobres e os mais vulneráveis se tornaram as principais vítimas da pandemia. Desigualdade e vulnerabilidade agravadas pela condução inepta, irresponsável e criminosa do governo federal.

Dezenas de milhares de vidas poderiam ter sido poupadas se tivéssemos uma condução pautada pela proteção da população e pelas orientações da comunidade científica nacional e internacional.

Ao contrário, desde o início da pandemia, o comportamento do governo federal foi marcado pelo descaso com a vida, hesitando e boicotando medidas de suporte econômico de sobrevivência dos mais pobres, adotando teses sem nenhuma base científica, desautorizando e desacreditando os cientistas, muitos deles internacionalmente reconhecidos.

As trocas de dois ministros de saúde e a substituição de outros dirigentes técnicos do Ministério da Saúde por pessoas sem qualquer competência e experiência, compuseram um cenário trágico, no qual em vez de termos um comando nacional articulado aos 26 estados, Distrito Federal e 5570 municípios, para enfrentar uma guerra contra o vírus e suas consequências sanitárias, econômicas e sociais devastadoras, assistimos a um grupo teleguiado por um presidente que diária e publicamente, de forma caricata, incita a população a ter comportamentos de risco, minimiza os mecanismos de proteção coletiva, dissemina o descrédito sobre a vacina e estimula disputas com outros atores políticos como se estivéssemos em um campeonato esportivo. Assistimos a um lamentável jogo de interesses e vaidades entre atores políticos que ocupam os governos federal e estaduais.

O Ministro da Saúde não foi capaz sequer de realizar as compras dos insumos necessários para o atendimento dos pacientes e para o programa nacional de vacinação. A gota d'água de sucessivos erros foi a atitude perante a trágica situação de Manaus. Enquanto pacientes morriam sufocados por falta de oxigênio medicinal nos hospitais daquela cidade, a ação do ministro general Pazuello foi encaminhar uma força tarefa para promover na rede básica de saúde o uso de medicamentos sabidamente ineficazes.

A situação do Brasil seria ainda pior se não contássemos com o nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, conquista da população brasileira instituída na Constituição de 1988, que definiu a saúde como um direito básico e dever do Estado. Mesmo combalido pela asfixia financeira, pelo processo de desmonte de suas áreas técnicas e de suas políticas de assistência à saúde, o SUS se mostrou presente, vivo e atuante. A capilaridade do SUS e sua larga experiência nos maiores programas de vacinação em massa do mundo certamente serão essenciais mais uma vez na imunização do povo, com chegada das vacinas contra a COVID-19.

Por isso, em defesa da saúde e da vida de nosso povo, entendemos que é preciso exigir do Presidente da Câmara dos Deputados a imediata abertura do processo de impedimento do Sr. Jair Messias Bolsonaro, dentro das normas legais e constitucionais por crime de responsabilidade e prevaricação. É preciso dar um basta ao descaso deste governo.

Basta!
Em defesa do SUS!
Em defesa da vida!
Pela imediata abertura do processo de impeachment!"

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