Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo

'Ainda estou em choque. Acordo e acho que não é real', diz Mônica Martelli sobre morte de Paulo Gustavo

Atriz e apresentadora conta que tenta elaborar a dor pela morte do ator, afirma que generosidade era a essência da vida dele e lembra de quando se conheceram, em 2005: "Rimos juntos pela primeira vez e ali nos apaixonamos"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mônica Martelli e Paulo Gustavo na piscina

Mônica Martelli e Paulo Gustavo em cena do filme "Minha Vida em Marte" Ique Esteves/Divulgação

Já faz um mês que Mônica Martelli desperta sabendo que não receberá uma chamada telefônica de seu melhor amigo pela manhã. Paulo Gustavo morreu às 21h12 de uma terça-feira, aos 42 anos de idade. Era 4 de maio de 2021, e a morte prematura do ator por um vírus para o qual já há vacina comoveu o país de forma inédita —como apontam levantamentos feitos nas redes sociais—, embora outros 411 mil já tivessem sido sepultados por causa da Covid-19.

Mônica e Paulo se conheceram há 16 anos numa pizzaria do Baixo Leblon, na capital fluminense. Ela apresentava uma peça, ele planejava a sua num calhamaço guardado em uma pasta. “Rimos juntos pela primeira vez e ali nos apaixonamos”, relembra a atriz, autora e apresentadora de 53 anos. No dia seguinte, um DVD da cantora Beyoncé inauguraria a amizade dos dois.

Juntos, dividiram roteiros, ensaios e cenas em trabalhos como os longas “Minha Vida em Marte” e “Minha Mãe É uma Peça”. Para o pós-pandemia, preparavam um filme, uma peça de teatro e uma série de TV. “Já tínhamos planejado até a nossa velhice”, conta a atriz.

No dia 29 de maio, ela levou o nome do ator inscrito em um cartaz à avenida Paulista, em São Paulo, onde participou de ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na parte inferior da peça, que citava o número de mortos no país, uma acusação: “Genocídio”. “A CPI da Covid nos mostra o que já sabíamos. Que houve negligência, descaso e irresponsabilidade.”

Em entrevista concedida excepcionalmente por email à coluna, devido a seu resguardo e luto, Mônica diz acreditar que amizades são histórias de amor —e conta a sua a seguir.

Mônica Martelli posa com quadro feito por Renê Machado. Nele, há um chapéu com a frase “rir é um ato de resistência” inscrita
Mônica Martelli: "Esse quadro que estou abraçando é do Renê Machado. No dia da missa do Paulo Gustavo, ele veio até mim e me deu como um presente. É o chapéu que ele sempre usava, e uma das frases mais marcantes do Paulo Gustavo", diz sobre a inscrição “rir é um ato de resistência” - Vitor Lisboa/WAY Star/Divulgação

O PRIMEIRO ENCONTRO

“Foi em maio de 2005. Eu estava no Baixo Leblon, na pizzaria Diagonal, logo após uma sessão da minha peça ‘Os Homens São de Marte… E É Pra Lá que Eu Vou’. A peça tinha estreado recentemente e virado um grande sucesso no Rio de Janeiro. Eu estava sentada numa mesa do restaurante. Se agachou uma pessoa com um olhar vibrante, empolgado, acelerado, ao meu lado, e disse: ‘Oi, meu nome é Paulo Gustavo. Sou de Niterói, eu sou ator também. Já vi sua peça quatro vezes e queria te falar que também quero fazer um monólogo. Posso te mostrar meu projeto?’

Foi até a mesa dele e voltou com o projeto numa pasta. Paulo Gustavo não deixava nada para amanhã. Ele era o hoje. Foi a primeira impressão que tive dele. Ele tinha urgência em viver. Abri a pasta —foi quando eu vi pela primeira vez a foto da dona Hermínia— e estava escrito ‘Minha Mãe É uma Peça’. Folheei o projeto, olhei pra ele e falei: ‘Faz! Essa peça vai mudar a sua vida. Assim como ‘Os Homens São de Marte’ mudou a minha. Você está fazendo exatamente o que eu fiz, escrevendo a sua vida, contando a sua verdade. Faz do jeito que puder. Eu fiz um livro de ouro com a família para arrecadar algum dinheiro e montar. Não tinha dinheiro nenhum’.

Mônica Martelli no monólogo "Minha Vida em Marte", em 2018 - Guga Melgar/Divulgação

Aí ele falou: ‘Mas sua peça já tá sucesso, você ainda tá encalacrada em cheque especial ou já tá pagando jantar?’. Rimos juntos pela primeira vez e ali nos apaixonamos. Acredito que as amizades são histórias de amor. No dia seguinte, ele já me ligou pra falar da peça dele, de Déa [mãe de Paulo Gustavo], Juliana, irmã dele, da Cal (o curso de teatro que nós dois fizemos) e foi lá pra casa com um DVD da Beyoncé. Nunca mais nos separamos.

Exatamente um ano depois desse primeiro encontro ele estreou ‘Minha Mãe É uma Peça’ no mesmo teatro em que eu estreei ‘Os Homens São de Marte’ —o Teatro Candido Mendes, em Ipanema.

Ele estreou no dia 4 de maio de 2006, às 21h. Ele se foi no dia 4 de maio de 2021, às 21h12.”

COISA PRA SE GUARDAR

“Juntos, éramos como crianças. Ele me fazia rir e eu o fazia rir. E isso é muito poderoso. O riso te coloca num outro patamar, te eleva, te cura. Ele me imitava, eu amava me ver sob o olhar genial dele. Desde o início, nasceu uma parceria, uma integração, uma afinidade, uma admiração [de] um pelo outro e uma identificação muito grande.

Viemos do mesmo lugar. Viemos da classe média de Macaé e Niterói, filhos de mães professoras da rede pública. Tenho família também em Niterói. Nosso jeito de falar sempre foi muito parecido. A primeira vez que ouvi Paulo Gustavo falar ‘vou pra casa ‘de’ Mônica’ e não ‘pra casa ‘da’ Mônica’ me deu uma sensação de que estava falando com um irmão.

Eu sempre pude contar com ele. Você saber que tem com quem contar te dá uma segurança, um acolhimento muito grande. Ele cuidava. Talvez o mais importante era a confiança que tínhamos um no outro. Construímos uma amizade na confiança. A gente, quando confia no outro, não tem medo de errar, e assim a gente pode ser quem a gente é. É um sentimento libertador. Eu contava tudo pra ele, era muita intimidade.

Eu gostava de fazer tudo com ele, trabalhar, viajar, sair, me arrumar, conversar, não fazer nada juntos, fofocar. A gente só não transava. Quando eu falava isso pra ele, ele falava: ‘Ainda bem, né, senhora?!’.” O amor da amizade é um amor que conversa com o seu melhor.”

NOSSO MELHOR

“O nosso processo de trabalho era nós dois em pé, na sala da casa dele ou na de Susana Garcia, minha irmã e diretora dos nossos filmes e séries. A gente ficava criando e improvisando enquanto Susana ia escrevendo e gravando tudo o que era falado. Ela direcionava o que precisávamos naquela cena e a gente ia inventando, elaborando e rindo muito, sempre. Temos todo esse material gravado. Temos áudios de todos os nossos encontros. Um dia espero poder conseguir revisitar essa preciosidade. Vai ser muito difícil ouvir aquela gargalhada gostosa, aquela voz que sempre trazia uma genialidade.

A gente ia pro set com o roteiro já bastante amadurecido, mas havia tanto entrosamento que mesmo com um roteiro muito pronto, a gente criava na hora. Era uma parceria incomum. Entre a gente não existia competição, que acontece muito em duplas. A gente ficava um dando piada pro outro: ‘Fala essa você, Paulo Gustavo. Essa vai ser melhor você falando’. ‘Fala essa você, Mônica. Essa é melhor pra Mônica.’ Essa parceria sem competitividade está explícita nas nossas cenas e passa essa harmonia pro público.

Contracenar com ele fez eu reforçar o meu melhor. Não fui atrás dele, não fui no registro dele em momento nenhum, e aí é que foi o grande lance. Eu tinha um caminho e ele, outro. E isso me reforçou, me potencializou. Eu sabia qual era o meu melhor e ele, o dele. Nos admirávamos em cena e fora de cena.”

O VÍRUS

“Ele tinha muito medo de contrair Covid-19. Falávamos muito sobre o assunto. Ele tomou todos os cuidados possíveis. Todos os cuidados cientificamente comprovados como eficientes e necessários. Máscara, distanciamento, álcool em gel. Foi a pessoa mais cuidadosa com quem atravessei a pandemia.

Ele era um crítico da irresponsabilidade do governo em negar a ciência. Era casado com um médico, ficava muito impressionado e preocupado com esse negacionismo. Um país que tem um presidente da República que chama coronavírus de ‘gripezinha’ é uma barbárie. Os posicionamentos de um chefe de nação, por mais absurdos que sejam, sempre têm um significado forte: ficam no inconsciente coletivo gerando comportamentos irresponsáveis em todas as classes sociais. Conversávamos muito sobre todas essas questões.

Era preocupação atrás de preocupação. Quando aconteceu a tragédia em Manaus [em janeiro de 2021], ele imediatamente providenciou oxigênio para mandar. Ajudou muitas pessoas a sofrerem menos. Sempre colaborando efetivamente com ajuda financeira e nunca divulgava, as pessoas não sabiam.

Paulo Gustavo esteve ligado todo o tempo com os efeitos da tragédia da Covid-19. Até no hospital, antes de ser intubado, ele se preocupava com as famílias dos funcionários da saúde que estavam cuidando dele. Não ficava só teorizando. Ele partia para a realização: ‘Quem tem fome precisa de comida. Quem não respira precisa de oxigênio’.

Esse era o Paulo Gustavo. Um homem de ação.”

O ÚLTIMO ANO JUNTOS

“Estivemos juntos muitas vezes. Escrevemos uma nova peça eu, ele e Susana. Íamos estrear assim que terminasse a pandemia. Seria a nossa primeira vez juntos no palco. Faço monólogo há 20 anos e ele também. Trabalhávamos remoto, mas algumas vezes presencial, porque a gente funcionava muito juntos, em pé, improvisando e tendo ideias.

Eu faço teste de PCR [para detectar o novo coronavírus] de duas a três vezes por semana. Faço para o [programa do canal GNT] ‘Saia Justa’, fazia sempre para nos encontrarmos, e ele também o tempo todo. Ele até brincava que, pra gente, o cotonete de algodão já não fazia mais efeito no nariz. Que tinha que ser uma vassoura de piaçava, o cotonete virou carinho.

Fiz um ‘Saia Justa’ remoto da casa dele na serra, em Itaipava [Rio de Janeiro], onde ele passou a maior parte da pandemia. E mesmo em casa e testados, nós mantínhamos distanciamento, com tudo sempre muito aberto e ventilado. Ele era muito preocupado.

Nossos encontros durante a pandemia sempre foram uma mistura de alegria, preocupação, planos e muitos sonhos. Sua abordagem existencial era otimista e de imenso amor à vida.”

INTERROMPIDOS

“Eram muitos planos. Tínhamos já certo uma peça de teatro, um filme e uma série de TV, que não conseguimos realizar. Já tínhamos planejado até a nossa velhice. Conversávamos sobre o medo que a gente tinha de chegar na velhice e cair no esquecimento do público. Aí ele falou pra mim: ‘Eu terei sempre olhos pra você!’. E eu falei: ‘E eu estarei sempre te aplaudindo!’. E na mesma hora completei: ‘Já temos o final da nossa peça’. E a gente se abraçou emocionados.

Mônica Martelli e Paulo Gustavo na piscina
Mônica Martelli e Paulo Gustavo em cena do filme 'Minha Vida em Marte' - Ique Esteves/Divulgação

Sou muito grata de ter registrado no filme ‘Minha Vida em Marte’ o amor da nossa amizade. O texto final do filme, que a minha personagem Fernanda fala, é: ‘Com o tempo a gente vai entendendo o verdadeiro significado de um amigo. Eu nunca valorizei tanto os bons momentos que eu tenho ao lado desse meu grande amigo. O que existe de mais forte entre dois amigos? É a cumplicidade? O respeito? A admiração? Eu acho que é amor mesmo’. Eternizados no cinema."

DO OUTRO LADO DA TELA

“A última vez que nos falamos foi por videochamada, do hospital, quando ele ainda estava só no cateter de oxigênio. Ele conseguia falar, apesar da dificuldade respiratória. E ele só falava do sofrimento que estava passando e da sua grande preocupação com as pessoas que estavam na mesma situação e que não tinham os recursos que ele tinha. Ele falava que assim que se curasse, ia sair pelo país contando o que tinha sofrido e que ia ajudar o máximo de pessoas que pudesse. Ele era muito generoso.

E eu falava para ele que estaria na porta do hospital para recebê-lo, que aquele sofrimento ia acabar. Nunca, nem nos pensamentos mais pessimistas, eu poderia imaginar que Paulo Gustavo não sairia pela porta daquele hospital vivo. Não consigo acreditar que ele não está mais aqui por uma doença que já tem vacina. Ele precisava apenas de duas doses de uma vacina que já existe. Dói muito. Sinto dor e indignação.”

PRA QUEM FICA

“Cada vez que eu falo dele, tento elaborar essa dor. Estou na realização da perda. É difícil relembrar alguns momentos. Eu ainda estou em choque. Às vezes acordo e acho que não é real. Quando inauguraram a placa na rua com o nome dele, foi uma grande vitória pra esse momento que estamos vivendo, foi muito significativo sair o nome de um coronel e entrar o nome de um comediante. Ele merece tudo. Mas, quando vi, a primeira sensação foi: ‘Meu Deus, não é possível. Já virou nome de rua, então é verdade mesmo’. Foi mais uma constatação. A cada homenagem, vem a certeza de que aquilo é real. Na missa de sétimo dia, no Cristo [Redentor, no Rio], sentia como se ele fosse aparecer ali. Parecia uma estreia dele. A obra dele, o gênio que ele é, os filmes, as séries, vão ficar vivos pra sempre, mas o amigo que acordava e me ligava, que interferia na minha vida em tudo, de forma tão intensa, não vou ter mais.

Vou ter que lidar com esse vazio que vai passar a fazer parte de mim. A minha dor é do tamanho do amor e da ligação que eu tinha com ele.”

Retrato da atriz, autora e apresentadora Mônica Martelli - Vitor Lisboa/WAY Star/Divulgação

REDE DE APOIO

“Esse grupo [de WhatsApp] foi criado por Susana, que além de diretora é médica. Ela participou de tudo diretamente com os médicos e também no hospital ao lado de Thales [Bretas, marido de Paulo Gustavo]. Ela passava as informações para os amigos mais próximos. Quando ele foi intubado, Preta Gil sugeriu que ela fizesse o grupo para facilitar a vida dela porque a demanda por informações seria enorme. Ela explicava tudo o que estava acontecendo, com otimismo e amor, a voz ou a escrita dela nos acalmava e nos informava. Quando Susana começava a digitar no grupo, a gente já corria lá e começava [a falar] ‘gente, Susana digitando!’ ou ‘Susana gravando!’.

Acompanhávamos várias vezes por dia o estado de Paulo Gustavo. Rezamos juntos 54 dias. Rezamos, rimos, desesperamos, tivemos muita esperança, choramos de medo, passamos noites em claro. Tudo foi vivido nesse grupo.

Esse grupo tem amigos meus de uma vida inteira como Ingrid Guimarāes e Heloisa Périssé. Os outros amigos vieram através dele: Anderson Baumgartner, meu empresário e do Paulo Gustavo —meu amado 'Dando'. Juliana, irmã de Paulo Gustavo. Fil Braz, amigo de infância de Paulo Gustavo, de Niterói, roteirista dos filmes e séries dele. Malu Valle, Carol Trentini, Regina Casé, Fiorella Mattheis, Preta Gil, Tatá Werneck, Angélica e Ivete Sangalo.

Compartilhamos momentos muito fortes ali. Hoje eu sei a força e o significado dos grupos de ajuda mútua. Luto deve ser partilhado. Juntos atravessamos o sol e a tempestade. É uma impermanência de sentimentos. Estamos juntos, dando suporte um pro outro, amparando, rindo, chorando, consolando, lembrando. Paulo Gustavo nos uniu para sempre.

Nesta rede de apoio, além do grupo criado, a minha família, meu namorado, minha filha e muitos amigos estão me ajudando a fazer essa travessia.”

THALES

"Nos falamos sempre. O Thales é um ser amoroso. Quando a gente conversa com ele, ele fica fazendo carinho. Essa relação é de muito afeto, acolhimento e admiração. Paulo Gustavo era tão intenso e inteligente que só poderia mesmo ter amado um homem tão especial. Eram muito parceiros. Não saiu do lado de Paulo Gustavo no hospital, foi incansável. Thales sabe que pode contar comigo. Estarei aqui para ele sempre."

Paulo Gustavo com os filhos Romeu e Gael e o marido, Thales - @paulogustavo31 no Instagram

TUA PRESENÇA

“Quando me lembro dele, ainda vem o choque dessa perda brutal e prematura. Às vezes, vejo alguns vídeos, mas vem logo a perplexidade e a saudade, aí paro. Vou respeitar meu tempo. A cura não vai vir do esquecer, acho que vai vir do lembrar sem dor.

Mas hoje recebi uma foto de uma placa do trânsito de Niterói. Estava escrito:

Praia de Icaraí — Trânsito bom
Rua Ator Paulo Gustavo — Intenso

Na hora dei um sorriso e pensei: ‘Essa rua agora será sempre intensa, como Paulo Gustavo era na vida’.”

COMOÇÃO

“A morte de Paulo Gustavo foi um choque de realidade nessa tragédia nacional. Paulo Gustavo entrava em todos os lares brasileiros levando alegria, irreverência, leveza. A morte dele foi sentida por toda a população brasileira como a perda de um amigo, de um irmão querido. Ele foi além. Através da sua genialidade, levantou questões políticas seríssimas. Ele iniciou um processo novo de militância, sem partido político e sem levantar bandeira. Através da dona Hermínia, mãe de um filho gay, mostrou ao Brasil que o que importa é pautar a vida pelo amor sem preconceitos. Ele transformou muitos lares homofóbicos. Levou essa causa política através do humor, da leveza e da transparência.

O choque vem de perdermos brutalmente uma pessoa que representava o melhor Brasil. Uma morte que poderia ter sido evitada. Esse choque conscientiza o brasileiro em relação ao governo federal. Hoje muitos se perguntam: ‘Por que até hoje não temos vacinas suficientes? Quantos dos 500 mil mortos poderiam ter sido salvos?’.”

GOVERNO JAIR BOLSONARO

“[O governo federal é] Completamente responsável. Antes tínhamos evidências, mas o escândalo da realidade está aí. Através dos depoimentos, a CPI da Covid nos mostra o que já sabíamos. Que houve negligência, descaso e irresponsabilidade. O governo federal rejeitou três ofertas da Coronavac. Ignorou propostas da Pfizer. Tratou as instituições científicas desrespeitosamente. Sem tantas recusas e atropelos, poderíamos ter começado a vacinação antes.

Mônica Martelli participa de ato contra o presidente Jair Bolsonaro, na avenida Paulista, em São Paulo - 29.mai.2021/@monicamartelli no Instagram

O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a iniciar a vacinação. Poderíamos ter sido o exemplo global, porque temos um Sistema Único de Saúde —o SUS— que é exemplo internacional de eficiência. Um sistema que percorre todo o Brasil, que chega em todos os lugares desse país. Os mais complexos. Chegam de canoa, a cavalo, de carroça. Os profissionais do SUS carregam vacinas nas costas, mas chegam. Só em dois anos e meio de governo, tivemos quatro ministros da Saúde.”

LEGADO

“Ele colocou o humor no lugar merecido, de respeito. Arrastou multidões para o teatro e para o cinema e transformou a vida de muita gente através do humor. O humor tem esse poder de demolir preconceitos e transformar a vida das pessoas. Não tem discurso de militância que transforme mais que a arte de rir. Dona Hermínia puxava todo mundo para fazer essa travessia. Mesmo os preconceituosos. A arte é uma militância. Para a nossa sociedade, ele deixa um legado humanitário.

Ele nos mostrou que o amor está acima de tudo. Não importa a configuração de família que você tenha. Isso é revolucionário. E a generosidade dele ajudou e melhorou a vida de muita gente. Ele fazia muito por muitos, sem falar, sem divulgar. No anonimato. Amor e generosidade. A essência da vida de Paulo Gustavo.”

Dona Hermínia (Paulo Gustavo) em Minha Mãe é Uma Peça
Paulo Gustavo como dona Hermínia em "Minha Mãe É uma Peça" - Victor Pollak/TV Globo

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.