Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Coronavírus

Ministério da Saúde publica nota técnica da 3ª dose e volta a excluir Coronavac

Pasta recomenda que dose de reforço seja preferencialmente da Pfizer ou, de maneira alternativa, da Janssen ou Astrazeneca

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O Ministério da Saúde publicou nesta quinta-feira (26) uma nota técnica em que exclui a aplicação da vacina Coronavac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, como dose de reforço para a imunização contra a Covid-19.

A recomendação confronta orientação adotada pelo estado de São Paulo, que já sinalizou que irá usar a Coronavac como terceira dose. Segundo epidemiologistas ouvidos pela coluna, o impasse tem potencial de grande confusão e até mesmo de judicialização, considerando que a população terá orientações díspares por parte do ministério e do governo estadual paulista.

Em seu parecer, o Ministério da Saúde afirma que a Coronavac pode produzir maior resposta imune quando combinada com uma terceira dose baseada em outra tecnologia. E recomenda que a dose de reforço seja preferencialmente da Pfizer, que utiliza o princípio do RNA mensageiro, ou, de maneira alternativa, da Janssen ou Oxford/Astrazeneca, que usam um vetor viral.

A vacina produzida pelo Instituto Butantan é feita com vírus inativados, mesma tecnologia usada nas vacinas contra a gripe.

"Em relação à vacina Coronavac, um estudo em modelo animal avaliou o emprego da terceira dose com reforço homólogo ou heterólogo, tendo sido observada maior resposta imune com os esquemas heterólogos (reforço com vacina de vetor viral ou RNA mensageiro)", diz nota técnica assinada pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde.

Na quarta-feira (25), o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a exclusão da vacina não tem embasamento técnico e se trata de mais um ataque do governo federal contra o estadual. Por isso, segundo ele, a recomendação não será seguida em São Paulo.

“Esses ataques à Coronavac não são novidade. Convivemos com eles diariamente, ataques que vêm do governo federal, especialmente do presidente e agora do ministro. Não há fato científico que sustente a decisão do ministro Queiroga. É mais uma vez a preferência por atacar a Coronavac”, disse Covas.

Ele disse que um estudo indicou aumento de cinco vezes na produção de anticorpos em quem recebeu a terceira dose da Coronavac.

Como antecipado pela coluna na quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a terceira dose da vacina contra o coronavírus começará a ser aplicada em pessoas com mais de 70 anos e em imunossuprimidos a partir do dia 15 de setembro. Ao comunicar a dose de reforço, o titular da pasta deixou a Coronavac de fora da aplicação.

Horas depois, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que iniciará a aplicação da terceira dose da vacina em pessoas acima de 60 anos a partir de 6 de setembro.

Estudos têm apontado a necessidade da terceira dose para ampliar a imunidade diante de novas variantes do vírus. Algumas delas, como a delta, podem até tornar a imunidade de rebanho impossível, segundo cientistas.

Recentemente houve aumento dos casos e mortes de idosos que já receberam as duas doses no país, e que hoje já representam a maioria dos internados em UTIs de Covid em hospitais privados e da rede pública na capital paulista.

O incremento nas internações de pessoas mais velhas já é notado em São Paulo e no Rio de Janeiro, que na última terça (24) registrou aumento de 73% de mortes de idosos vacinados.

Uma dose reforço dos imunizantes é defendida por especialistas para conter novas infecções e hospitalizações em pessoas mais vulneráveis, como os idosos ou imunossuprimidos, sem prejuízo para a aplicação da segunda dose dos adultos com mais de 18 anos já vacinados com primeira dose no momento.

Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a estratégia representa um erro técnico, moral e político.

Diretores da entidade têm defendido que a prioridade deveria ser a vacinação de maior parcela da população mundial. Eles dizem, além disso, que não há comprovação científica sobre a necessidade ou a segurança da terceira dose e que o regime vacinal regular tem se mostrado bem-sucedido em diminuir o número de internações e mortes.

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