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'Pantanal': Julia Dalavia diz que foi 'mordida na bunda por filhote de jacaré'

Intérprete de Guta na novela, atriz fala sobre repercussão da trama e curiosidades das gravações na região pantaneira

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Gravar na região pantaneira é ter de aprender a conviver com bichos. Que o diga a atriz Julia Dalavia, a Guta, da novela "Pantanal" (Globo). "Estou na varanda lendo um livro e, de repente, um sapo enorme pula no meu braço. Isso é normal por aqui", afirma ela.

O que não é tão comum é ser atacada por um jacaré. Mas Julia afirma que isso aconteceu com ela, ainda no início das gravações da trama. "Era um dia de folga. A gente estava no rio conversando, curtindo esses primeiros dias de Pantanal, quando eu sinto uma mordida na minha bunda."

Julia Dalavia interpreta Guta no remake de "Pantanal"
Julia Dalavia interpreta Guta no remake de "Pantanal" - João Miguel Júnior/Globo

"Era uma mordida de uma boca que não era de um peixinho nem de um peixe grande. Era uma boca enorme, tipo uma boca de um jacaré. Na hora eu entendi: foi um jacaré. E ele mordeu e soltou. Não doeu ", relata.

"Eu dei um grito e não acreditei. Quando eu fui olhar, tinham dois furos: dois em cima e dois embaixo, enormes. Era a prova", prossegue. A atriz afirma que foi desacreditada pelo resto do elenco e da equipe que estavam com ela no local. "Mas eu acho que foi um filhote ou um jacarezinho bebê que se perdeu por ali e abocanhou o negócio errado", diz, aos risos.

Do Pantanal, onde grava as sequências de Guta na trama, Julia conversou com a coluna e falou sobre o sucesso da novela, a repercussão de sua personagem e outras histórias curiosas da vivência na região.

Leia a seguir trechos editados da conversa:

Como está sendo acompanhar a repercussão da Guta?
Está sendo muito bom ver memes e a galera interagindo. Eu ouço coisas diferentes sobre a Guta. Há algumas pessoas que acham o tom dela um pouco complexo para se comunicar com os pais. Mas eu recebo também várias coisas de gente que gosta muito de ouvir o que ela tem para dizer. Está sendo muito bom ver as pessoas acreditando nessa história, comprando a novela.

E é muito impressionante. Amigos meus que não viam mais novela estão vindo me falar que estão assistindo e adorando. É muito inesperado e, ao mesmo tempo, não é, porque é uma história muito boa, um clássico da dramaturgia.

O que você acha que tem de parecido com a Guta?
Eu sou feminista, eu acredito nisso, faz parte dos meus ideais. Assim como ela, eu procuro sempre me posicionar mas, ao mesmo tempo, acho que eu sou mais observadora.

Me identifico com ela nesse sentido de me posicionar quando é preciso. A gente vive isso todos os dias, independentemente da gente falar ou não, militar ou não, acho que cada dia a gente tem impulsos diferentes. Um dia é falar e sentar com alguém e conversar, debater. No outro é uma ação, uma atitude. No outro é o silêncio, que cabe e diz muito também.

E eu me identifico com a Guta nesse lugar de empatia que eu acho que ela tem. Eu acho que isso aflora ao longo da novela, de se colocar no lugar do outro, de compreender a realidade do outro.

E o que é mais desafiador de fazer a Guta?
Eu acho que é trazer isso também, essas discussões, porque pega num ponto íntimo. Essas cenas de discussões familiares, essas coisas que normalmente quando a gente está vivendo não pensamos muito sobre, mas quando a gente pega um texto e está em cena vivendo isso, às vezes bate em lugares pessoais. Mas é bom também ir lá, buscar isso e poder colocar a serviço do nosso trabalho, da dramaturgia.

Agora a Guta na história vai começar a lidar com gado, ela vai virar uma peoa. Ela passa por essa transformação quando o meio-irmão dela chega [Marcelo, interpretado por Lucas Leto]. E ela começa a se empoderar desse lugar também, da fazenda do pai, a cuidar disso, a implantar novas ideias neste lugar. É bonita essa trajetória de como ela chega e como ela se transforma. Laçar boi...[risos]

Você vai laçar boi?
Ainda não, mas sei que vou ter que... Não sei como vai ser...[risos]

Você já tinha vivência rural?
Desta forma não. Eu sempre gostei de fugir para o mato, sempre foi um refúgio nas minhas viagens, de ficar quietinha, descansando, fazendo trilha. Sempre gostei muito de estar em contato com a natureza.

Mas esse tipo de vivência, de mexer com bicho, aprender sobre animais...isso não. Cavalo era uma coisa que eu já andava, mas aqui a gente super fica andando de cavalo para que isso seja mais orgânico na hora.

Alguma história curiosa de bastidores nas gravações?
A gente convive muito com bichos. Estava na varanda, lendo um livro e vem um sapo enorme e pula no meu braço. Fiquei com muito nojo, mas é normal aqui.

Tem uma outra história boa. No primeiro final de semana aqui, a gente estava no rio conversando, era um dia de folga, estava todo o mundo curtindo esses primeiros dias de Pantanal. De repente, eu sinto uma mordida na minha bunda. Mas uma boca que não era uma boca de um peixinho nem de um peixe grande. Era uma boca enorme, uma boca de um jacaré. Na hora eu entendi: foi um jacaré. E ele mordeu e soltou. E eu não acreditei. Não doeu. Eu dei um grito, quando eu fui olhar tinham dois furos: dois em cima e dois embaixo, enormes. Era a prova.

Porque quando eu falei 'gente, o jacaré, o jacaré', ninguém acreditou. Disseram 'não, se tivesse sido um jacaré, ia arrancar a sua bunda' [risos]. Eu falei: 'Está aqui, gente. Que peixe tem esse tamanho de boca, esse tamanho de mandíbula? Não existe'.

Eu acho que foi um filhote, um jacarezinho bebê que se perdeu por ali e abocanhou o negócio errado, na hora errada e saiu rápido [risos]. Porque eles não chegam perto, eles são pequenos os jacarés aqui, eles não atacam. Às vezes, a gente está gravando e tem um por perto, mas eles não vêm. Mas aconteceu isso comigo

Não ficou com medo de entrar no rio?
Eu sou meio corajosa para essas coisas. Teve outra história também. Eu e o Jesuíta [Barbosa] estávamos gravando no rio, e aí os lambaris começaram a morder a gente. Morder, morder, morder. Eles vêm nas pintas porque acham que é comida.

Até que um mordeu uma pintinha minha que é maior, e ela ficou pendurada. Ele quase arrancou a minha pinta. Tivemos que parar, colar esparadrapo nas pintinhas para eles pararem de morder a gente. Achei que ia perder essa pinta [risos].

Por que você acha que a novela "Pantanal" é um sucesso?
O que eu acho que mais me pega nessa história, e acho que pega o público também, é que todos os personagens são muito dicotômicos. Todos têm dois lados: a sua falha trágica e os seus pontos fortes. Como o Zê Leôncio [Marcos Palmeira], que tem várias questões problemáticas ali de machismo. Mas, ao mesmo tempo, é um cara honesto, gentil, de caráter. E isso é humano.

A novela mostra personagens muito humanos. Ninguém é perfeito, ninguém tem um tom só, todos têm várias nuances e camadas. E isso é muito fascinante.

Você assistiu a versão de 1990?
Assisti o início, a primeira fase, e um pouco da segunda quando Jove, Juma e Guta mais velhos aparecem. Eu nunca tinha vindo ao Pantanal, eu não sabia muito sobre o lugar, era algo distante. Comecei a ver para entender essa essência do lugar, sobre que história falava, qual era esse universo. E me apaixonei.

Mas eu rapidamente desapeguei de ver a primeira versão. Eu já estava com o texto na mão e pensei: 'Bom, agora é um outro momento'. Eu fiquei com medo de me apegar, entrar no meu inconsciente e tentar fazer igual [a Guta de 1990, interpretada pela atriz Luciene Adami] ou tentar não fazer igual intencionalmente. Eu não queria que essa ansiedade me contaminasse. Entendi a essência do que foi e fiquei mais no texto.

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