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Grupo de judeus compara situação de yanomamis a campos de concentração

Movimento critica a Hebraica do Rio de Janeiro por supostamente ter servido 'como palanque para o anúncio de um genocídio' ao receber Jair Bolsonaro em um evento

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O grupo Judeus pela Democracia lançou nesta sexta-feira (27) um manifesto contra a crise que acomete os yanomamis e diz que as fotos que mostram a situação dos indígenas são "comparáveis a dos prisioneiros em campos de concentração". O documento já reúne cerca de 400 signatários.

Criança yanomami internada com desnutrição grave no Hospital da Criança Santo Antonio, em Boa Vista (RR)
Criança yanomami internada com desnutrição grave no Hospital da Criança Santo Antonio, em Boa Vista (RR) - Lalo de Almeida/Folhapress

O movimento também faz duras críticas à Hebraica do Rio de Janeiro por supostamente ter servido "como palanque para o anúncio de um genocídio", em referência a um evento ocorrido na instituição em 2017, que contou com a participação do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na ocasião, Bolsonaro disse que não teria "um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola" em um eventual governo seu.

"Contando com a cumplicidade da instituição que o convidou [Hebraica], e do público que ali estava para escutá-lo e aplaudi-lo, e com a bandeira de Israel ao fundo [...], a associação entre essa posição [defendida por Bolsonaro] e o judaísmo não só foi forjada, como reiterada de forma constante", diz a carta.

"Tragicamente, a Hebraica do Rio serviu como palanque para o anúncio de um genocídio", segue. Procurada pela coluna, a Hebraica não respondeu até a publicação deste texto.

O documento diz também que, desde 2017, o movimento Judeus pela Democracia vem denunciando o bolsonarismo pelo seu suposto nome, "fascismo e nazismo".

"Já explicitávamos ali [em 2017] o que foi anunciado agora: fotos do povo yanomami só comparáveis as dos prisioneiros de campos de concentração", continua o manifesto.

"Fomos atacados por setores da institucionalidade judaica no Brasil que nos exigiam, ao mesmo tempo, que não usássemos a memória do Holocausto em 'vão' e não comparássemos o nazismo com o governo Bolsonaro", destaca a carta.

O movimento Judeus pela Democracia afirma ainda que "as lições de 'nunca mais'" cabem a todos em todos os lugares, inclusive na Terra Indígena Yanomami.

A carta é lançada no mesmo dia em que é celebrado o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Região com 30 mil habitantes no estado, o local vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.

A aplicação do termo "genocídio" para o caso dos yanomamis não é consensual e ainda não conta com uma decisão da Justiça.

A lei brasileira repete os termos das Nações Unidas sobre o que é considerado genocídio, que é definido em duas partes. Uma delas é a "intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal".

A outra parte lista cinco condutas que, se praticadas com essa intenção, configuram o crime de genocídio.

Sua primeira e única aplicação no país ocorreu em relação a um crime de 1993, justamente contra yanomamis. O episódio, conhecido como massacre do Haximu, deixou 12 indígenas mortos na serra da Parima, região de Roraima próxima à fronteira da Venezuela.

Na semana passada, o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Três dias depois, enviou uma equipe da Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) para Boa Vista com 12 profissionais.


CORTINAS ABERTAS

A atriz Susana Vieira recebeu convidados na estreia da nova montagem do clássico "Shirley Valentine", no Teatro Vivo, em São Paulo, na semana passada. O ator Leonardo Miggiorin e a atriz Monique Alfradique estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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