Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Folhajus universidade

Alunos dizem que Janaina Paschoal 'não é mais bem-vinda' na USP e que sua volta causa 'perturbação'

OUTRO LADO: Deputada diz que protestos fazem parte da democracia e que, enquanto professora concursada, estará cumprindo um dever ao retornar

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O retorno da deputada estadual de São Paulo Janaina Paschoal (PRTB) à Faculdade de Direito da USP, na capital paulista, causou espécie entre alunos da instituição. Integrantes do Centro Acadêmico XI de Agosto já preparam um abaixo-assinado em que se opõem à volta da professora à sala de aula.

Como mostrou a coluna, Janaina demonstrou interesse em retomar as aulas no Largo de São Francisco logo após as eleições de 2022, quando não se elegeu para o Senado. Licenciada da faculdade desde que chegou à Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2019, ela encerrará o seu mandato em 15 de março.

A deputada estadual Janaina Paschoal na Assembleia Legislativa de São Paulo, na capital - Fernando Moraes - 10.nov.2021/UOL

"Você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você", diz uma nota elaborada pelo Centro Acadêmico XI de Agosto e obtida pela coluna.

No documento, os alunos ainda afirmam que receberam a notícia "com perturbação", classificam a parlamentar como uma "bolsonarista esclarecida" e questionam o fato de ela não ter aderido à carta em defesa da democracia articulada e lida na Faculdade de Direito durante o processo eleitoral de 2022.

A participação de Janaina como autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT) também é criticada.

"Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurídica da extrema direita, Janaína abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurídico do país", diz o texto.

"Nos quatro anos sombrios que o país enfrentou sob o governo de [Jair] Bolsonaro, Janaína se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mínimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles", continua.

Procurada pela coluna, Janaina Paschoal diz que cumprirá um dever voltando à faculdade, já que sua licença chegará ao fim, e que protestos fazem parte da democracia, mas não devem ultrapassar "os limites da manifestação do pensamento".

"Quando ninguém falava em cotas, eu as defendia. Enquanto muitos colegas são filhos e netos de diplomatas e desembargadores, eu sou neta de migrantes nordestinos e oriunda da periferia de São Paulo. Sou professora concursada. O término de minha licença implica retornar às aulas, e retornarei", afirma a deputada, por mensagem.

"Quanto aos protestos, são da democracia, desde que não ultrapassem os limites da manifestação do pensamento", finalizou.

Janaina propôs à Faculdade de Direito da USP ministrar disciplinas de segurança pública, conflitos religiosos ou bioética, mas elas já haviam sido distribuídas entre outros docentes. A deputada, agora, aguarda uma resposta da faculdade sobre qual aula poderá assumir.

Leia, abaixo, a íntegra da nota elaborada por alunos do Centro Acadêmico XI de Agosto:

"O retorno de Janaína Paschoal às atividades de docência na Faculdade de Direito da USP é uma notícia recebida com perturbação pelo corpo discente do Largo de São Francisco e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.

Desde que se tornou uma das lideranças e a principal fiadora jurídica da extrema direita, Janaína abandonou os valores democráticos que devem permear as salas de aula da principal instituição de ensino jurídico do país.

Exemplo notório desse desvio é ter sido uma das poucas docentes que não assinou a 'Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito’, documento histórico escrito pela Faculdade de Direito, que congregou o Brasil em defesa da democracia.

Consideramos que Janaína Paschoal tem dado uma contribuição indecente para o país. Foi a responsável por fundamentar juridicamente o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e, em 2018, apoiou e surfou a onda bolsonarista para alcançar um mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nos quatro anos sombrios que o país enfrentou sob o governo de Bolsonaro, Janaína se apresentou como uma espécie de bolsonarista esclarecida. No entanto, as suas supostas divergências com os movimentos de extrema direita são mínimas e consideramos haver, em suas mãos, tanto sangue quanto nas mãos deles.

Felizmente, a população de São Paulo a negou um mandato no Senado. Por outro lado, a sua derrota na política possibilita um retorno às arcadas. É por isso que, antes que pise novamente no Território Livre do Largo de São Francisco, queremos que saiba que não é mais bem-vinda.

Hoje a Faculdade de Direito da USP é dos alunos negros e pobres. Hoje a universidade pertence aos defensores da democracia, não aos seus detratores. É exatamente por isso que você não cabe mais aqui. As nossas salas de aula se tornaram grandes demais para você."


ALALAÔ

A madrinha da Dragões da Real, Simone Sampaio, e a atriz Luciana Vendramini estiveram presentes no esquenta para o Carnaval do Camarote Brahma, no sábado (4). Os rappers Thaíde e Dexter e a atriz e cantora Rita Cadillac também compareceram ao evento, que foi realizado no Bar Brahma, na região central de São Paulo. A atriz Leona Cavalli passou por lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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