Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu América Latina

José de Abreu volta a viver no Brasil pós-Bolsonaro e planeja vaquinha pró-Cuba

Ator diz que pensa em rifar garrafa de rum que ganhou de Miguel Díaz-Canel

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O ator José de Abreu voltou a morar no Brasil após cerca de dez anos. E já tem planos para o país: quer ajudar o governo brasileiro a pagar uma dívida com a Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba, uma das mais importantes da área, para que seja retomado um programa de bolsas com a instituição.

A ideia surgiu há poucas semanas, quando encerrou as gravações da novela "Mar do Sertão" (TV Globo) e passou 15 dias de férias no país. Durante um encontro com o líder de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o ator ficou a par da situação do convênio e decidiu que precisaria fazer algo a respeito.

O ator José de Abreu durante sua viagem à Cuba, realizada no início deste mês de março - @josedeabreu no Instagram

Concebida por cineastas latino-americanos, a escola cubana já teve entre seus professores visitantes nomes como Gabriel García Márquez, Francis Ford Coppola e Werner Herzog. Até o governo de Michel Temer (MDB), o Ministério da Cultura mantinha um programa de bolsas que custeava 5 mil euros anuais do curso para estudantes.

Após o emedebista assumir, no entanto, a escola foi notificada de que o governo brasileiro não reconhecia o convênio e não prestaria mais o auxílio aos alunos. De acordo com gestores da época, a parceria carecia de respaldo jurídico. "Simplesmente pararam de pagar. Não voltou mais", lamenta José de Abreu.

"Estou estudando com a escola como fazer isso. Estão fazendo uma contabilidade, a meu pedido, para dizer exatamente quanto foi a dívida", diz à coluna. Segundo o artista, a estimativa é de que o débito gire em torno de 120 mil euros. "É muito difícil o governo conseguir pagar isso", pondera.

José de Abreu diz ter levado a questão à ministra da Cultura, Margareth Menezes, e à secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, mas concluiu que pode ser complicado para o governo recém-empossado priorizar a retomada do convênio diante de tantas outras demandas para a cultura.

"Acho que a possibilidade mais rápida é tentar fazer uma vaquinha", afirma ele, que também cogita uma rifa. Qual seria a prenda? "Pensei em fazer um sorteio de uma garrafa de rum que ganhei do presidente de Cuba", conta, dizendo ainda ter dúvidas se o prêmio irá atrair um número satisfatório de contribuintes.

Abreu afirma ter sido convidado para participar de um evento do Ministério da Cultura que será realizado no Rio de Janeiro, na próxima quinta-feira (23), e deve contar com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Se eu tiver a oportunidade de conversar com o Lula [sobre a escola], talvez ele dê uma ideia", brinca.

Nos quase dez anos em que viveu uma espécie de "nomadismo", como define, José de Abreu residiu em países como França, Grécia, Nova Zelândia e Portugal. "Fui embora em 2014. O Twitter já estava uma coisa meio violenta", relembra.

"Eu vivia em lockdown. Saía da Globo e voltava para casa. Frequentava só restaurantes de amigos. Eu sou meio pavio curto: em duas vezes em que me provocaram, eu reagi e foi muito ruim", diz, ao descrever o clima que o levou a deixar o país.

Em 2023, afirma, o clima político é outro. "Estou sentindo que a pressão diminuiu muito. Estive na Bahia no final do ano passado, voltei e não tive nenhum problema em aeroporto, que normalmente é um lugar de problema. Acho que melhorou muito rapidamente. Há um novo ar", emenda.

Inquilino de um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ele diz já ter renovado o seu contrato de aluguel pelos próximos meses. No âmbito profissional, diz ter recebido convites da Globo e de duas plataformas de streaming estrangeiras.

"Voltei [ao Brasil] para fazer a novela ["Mar do Sertão"] sem saber se ia ficar. Estava tateando, e me dei conta de que não decidi o país para o qual ir [em seguida]. Acho que já era uma vontade interior", afirma.

ELAS POR ELAS

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, foi uma das homenageadas e palestrantes do prêmio Mulheres Exponenciais 2023, realizado no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, na segunda-feira (20). A iniciativa é promovida pelo grupo Esfera Brasil e pela organização de impacto social Concecta. A professora da USP Lygia da Veiga Pereira e a presidente da startup Barkus, Bia Santos, estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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