O presidente chileno Gabriel Boric, que veio ao Brasil nesta semana para um encontro de líderes sul-americanos organizado por Lula (PT) e se contrapôs a falas do petista sobre a Venezuela, é visto pelo governo brasileiro como um mau exemplo para a esquerda na América Latina.
No entendimento de integrantes do governo, Boric virou aquilo que Lula tem que evitar a qualquer custo: um líder que não entendeu o contexto de sua vitória, as limitações de sua força —e acabou permitindo que a direita, em pouco tempo, dominasse novamente as pautas do país.
Na Presidência, Boric liderou as discussões sobre uma nova Constituição no país. Uma líder indígena presidiu a Constituinte chilena, que teve paridade de gênero e aprovou propostas consideradas progressistas e avançadas, como a legalização do aborto.
A população, por meio de plebiscito, no entanto, impôs uma derrota estrondosa a Boric e seus aliados na Constituinte, rejeitando a nova Carta escrita por eles.
Um novo processo eleitoral foi chamado, e a direita e a extrema direita elegeram a maioria dos novos constituintes.
Em março deste ano, Boric viu sua reforma tributária derrotada, novamente pela direita. A proposta era uma das principais promessas de campanha do presidente chileno.
Na segunda (29), Lula recebeu o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, antes da reunião dos líderes do continente, e disse que as críticas sobre a falta de democracia na Venezuela faziam parte de uma "narrativa". Caberia ao país caribenho fazer a sua própria narrativa para fazer as pessoas "mudarem de opinião".
Boric reagiu afirmando que a situação da Venezuela não se trata de "narrativa", mas sim de uma realidade que ele vê "nos olhos e na dor de milhares de venezuelanos" que se mudaram para o Chile.
À MESA
A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia participou de um almoço promovido pelo Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo) no hotel Intercontinental, na capital paulista, na segunda-feira (29). Durante o encontro, a magistrada falou aos presentes sobre o tema "A dignidade da pessoa humana e o STF". Os advogados Dora Cavalcanti e José Luis Oliveira Lima estiveram lá. O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, também compareceu.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.