O apresentador Carlos Alberto de Nóbrega diz que uma "turminha" e as redes sociais querem impor o politicamente correto, e que isso que está acabando com o humor.
A declaração foi dada ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que vai ao ar na noite desta segunda (3).
Ao ser questionado sobre o assunto, Carlos Alberto disse que uma "turminha cismou que tem que ter o politicamente correto". "Por que? Nós não vivemos numa democracia?", indagou ele.
"Eu vivi a ditadura [...] Eu sei como é importante você ter a liberdade de falar", prosseguiu o apresentador.
"Acho um absurdo, uma meia dúzia de intelectuais ou sei lá o quê... porque são as redes sociais que estão fazendo isso", disse.
Na sequência, ele foi questionado sobre uma polêmica recente, quando ele foi alertado dentro do SBT que não deveria falar a palavra índio em um quadro do programa A Praça É Nossa —movimentos e historiadores defendem que o termo é pejorativo e deve ser trocado por indígena.
Carlos Alberto não concordou com o alerta da produção do humorístico e deixou de gravar o quadro.
"Você acha pejorativo dizer que o [Donald] Trump é americano? E o índio é o índio, é a raça indígena", disse. "Que mal tem você fazer uma brincadeira, fazer uma piada", afirmou.
"Agora, dizer que não pode falar anão? Eu tenho uma anãzinha que é um sucesso na Praça. Branca de Neve e os sete homens de pequeno porte. Pô, pelo amor de Deus. Eu não concordo."
Questionado se existe limite para o humor, Carlos Alberto falou que sim, mas apenas na televisão. "Não no teatro, mas na TV, sim".
"Quando você vai ao teatro, você vai ver o Matheus [o humorista Matheus Ceará], você sabe que vai ver coisas pesadas. Mas na televisão, você está na sua casa. Então, temos que ter respeito. E cabe a mim corrigir isso no meu programa."
Ele comentou sobre um pedido de desculpas que fez ao público em 2021 por uma piada feita na Praça sobre a Praia Grande, cidade no litoral de São Paulo. Na ocasião, a comediante Mhel Marrer chamou o município de lugar "sujo" e onde "todo mundo é feio", o que provocou uma grande polêmica nas redes sociais.
No Roda Viva, Carlos Alberto também falou sobre ter dito que iria sugerir o nome de Marcius Melhem, ex-diretor do núcleo de humor da Globo, para Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT, para um programa de comédia na emissora de Silvio Santos.
Melhem foi dispensado da Globo em função de denúncias internas de um grupo de atrizes e roteiristas que se dizem vítimas de assédio, moral e sexual.
Indagado se não seria prudente esperar o fim das investigações sobre o caso para fazer o convite, Carlos Alberto disse que não convidou o humorista. "Não tomo partido de ninguém. Fiz uma live com ele e falei exatamente que estou lutando no SBT para ter mais um programa de humor. E ele seria a pessoa indicada, mas sempre [falei] no condicional."
"Não houve o convite. Era uma vontade minha de trazer um profissional para a emissora. O que ele faz da vida dele não é problema meu", afirmou.
O Roda Viva é apresentado pela jornalista Vera Magalhães. A repórter Karina Matias, desta coluna, fez parte da bancada de entrevistadores, ao lado do humorista Rafael Cortez, da apresentadora Paula Carvalho, do editor-chefe da revista Caras, Fabricio Pellegrino, e do jornalista especializado em TV José Armando Vannucci.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.