Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu guerra israel-hamas Itamaraty

Brasileiros em Gaza ficariam no deserto, sem água, e decidem não deixar escola

Após ultimato do Exército israelense, clima entre aqueles que aguardam a sua repatriação é de pavor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O grupo de brasileiros abrigado em uma escola em Gaza decidiu que permanecerá no local, apesar do ultimato feito pelo Exército de Israel para que todos os palestinos se desloquem do norte para o sul da região nas próximas horas. O clima entre aqueles que aguardam a sua repatriação é de pavor.

De acordo com um diplomata ouvido pela coluna, a avaliação é de que a escola católica é o lugar mais seguro ao alcance dos brasileiros neste momento. Se optarem por migrar para o sul de Gaza, onde não há estruturas de acolhimento, eles ficariam em algum vilarejo no meio do deserto, sem comida nem água.

Brasileiros estão alojados em uma escola católica situada na Faixa de Gaza, enquanto aguardam o retorno para o Brasil - Representação do Brasil em Ramallah - 12.out.2023/Divulgação

O governo Lula já pediu a Israel que poupe o abrigo de eventuais bombardeios. Nas últimas horas, o grupo teve a adesão de novas pessoas que ainda não haviam se refugiado na escola.

Ao menos 22 brasileiros aguardam uma oportunidade para deixarem Gaza. Deles, dez são crianças, sete são mulheres e cinco são homens. Nem todos, contudo, estão abrigados na escola: 12 brasileiros estão na cidade de Khan Younes, ao sul da Faixa de Gaza.

A diplomacia brasileira segue em negociações para viabilizar a abertura de uma fronteira com o Egito, mas a chegada a um acordo com o país egípcio é considerada uma costura delicada.

O Egito reluta em abrir a fronteira com Gaza, temendo, com isso, receber milhares de refugiados palestinos no país. Israel, por outro lado, bombardeou a região de Rafah, criando uma situação de extrema insegurança e dificultando ainda mais as negociações do Brasil com o Egito.

Na quinta-feira (12), o ex-chanceler Celso Amorim, assessor-chefe para assuntos internacionais do presidente Lula (PT), entrou nas negociações e dialogou com a assessora de segurança nacional do país árabe, Faisa Aboul Naga, para tentar acertar a retirada dos brasileiros pela fronteira de Gaza com Rafah.

Faisa Aboul Naga é assessora direta do presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. Na conversa, ela afirmou que daria máxima atenção ao tema e que levaria, imediatamente, a demanda do governo brasileiro ao mandatário egípcio.

Como mostrou a coluna, alguns dos brasileiros que desistiram de deixar o território com a ajuda do governo federal alegaram duas razões para isso: eles não falam português e não têm dinheiro para se manter sequer alguns dias no Brasil.

Apesar da possibilidade bem provável de receberem ajuda humanitária quando chegassem ao país, esses palestinos que têm também nacionalidade brasileira disseram temer que, uma vez embarcados, nunca mais conseguissem retornar a Gaza —onde têm familiares, amigos e toda uma história de vida.

A falta de recursos para o retorno fez com que optassem por ficar onde estão —mesmo sob risco de morrerem sob o bombardeio de Israel.

A comunidade brasileira em Gaza é reduzida: são 40 pessoas, que sempre mantiveram contato com a diplomacia do país.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.