A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à cerimônia que celebrará os 90 anos da USP (Universidade de São Paulo), nesta quinta-feira (25), contou com dois importantes incentivadores: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad.
Os dois, que são casados, integram o quadro de docentes da instituição —ele, como professor doutor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, e ela, como professora titular na Faculdade de Odontologia.
Um convite oficial para que Lula participasse da solenidade já havia sido feito, mas a Reitoria da USP decidiu recorrer ao ministro e à secretária para reforçá-lo.
Enquanto Haddad conversou pessoalmente com o mandatário, Ana Estela manteve contato com o chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Ribeiro, conhecido como Marcola, para reforçar que a presença do presidente na solenidade seria importante.
A secretária do Ministério da Saúde teria citado a presença numerosa de alunos oriundos de escolas públicas na universidade e apontado que parte dos estudantes beneficiados com a política de cotas já estão chegando à pós-graduação —enumerando esse como mais um aspecto a ser celebrado no evento.
O fato de a USP liderar diversos rankings internacionais e ser a mais importante da América Latina também foi destacado junto ao gabinete presidencial, bem como sua expressiva produção científica.
Ex-primeira-dama de São Paulo, Ana Estela tomou posse em 2022 como professora titular do departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da USP. Ela foi a primeira mulher a assumir o cargo na história da instituição.
"Eles puderam conversar com o presidente Lula nesses últimos dias, e ele entendeu o desejo da universidade [em tê-lo no evento]", afirma o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, sobre a mediação feita por Ana Estela e Haddad.
"Nós temos procurado manter boa relação tanto com o governo federal quanto com o estadual. Tem sido rotina esse tipo de comunicação", acrescenta ele.
Antes das eleições de 2022, o reitor se reuniu com o petista em duas ocasiões. Em uma delas, diz ter visto o presidente impressionado com o aumento significativo de estudantes oriundos de escolas públicas e de pretos, pardos ou indígenas na instituição paulista.
"Acho que ele não tinha essa noção de que nós estávamos adiantados na inclusão", afirma Carlotti Júnior. Em 2023, 54,1% dos ingressantes da USP vinham de escolas públicas, sendo que 27,2% deles se autodeclararam pretos, pardos ou indígenas.
Cerca de 1.300 pessoas são esperadas na Sala São Paulo, na região central da capital, para a celebração dos 90 anos da USP nesta quinta. O discurso de Lula deve ser o último da noite, que será encerrada com um concerto da Orquestra Sinfônica da USP.
Durante o evento, serão homenageadas 26 entidades que contribuíram para a história da universidade, como o Instituto Butantan, o Ministério Público e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Uma condecoração póstuma a duas pessoas que escreveram o documento de fundação da USP também está prevista.
Como mostrou a coluna, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não irá participar da cerimônia. A instituição havia sido informada de que ele estaria viajando e, por isso, não poderia comparecer.
A Secretaria de Comunicação do Governo de São Paulo, porém, afirma que Tarcísio cumprirá agenda na cidade de São Paulo, onde ocorrerá o evento.
"O governador reitera sua admiração e respeito pela instituição, que há décadas inspira e forma profissionais e líderes nas mais diversas áreas do saber", diz a pasta, em nota.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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