Uma mulher de 61 anos está há quase três semanas no Hospital Geral de Taipas, administrado pelo Governo de São Paulo, na zona norte da capital paulista, à espera de um quarto. Ela deu entrada no local no dia 18 de janeiro, com estado grave de desnutrição e pneumonia, e segue no ambulatório.
A denúncia, feita à coluna por religiosos que dão assistência social à idosa, é de que ela estaria sendo tratada como indigente, apesar de ter uma família. A paciente mora em uma casa em condições precárias com mais três irmãos. A família depende da distribuição de cestas básicas da Paróquia São Judas Tadeu, na Vila Miriam, para viver.
Uma vizinha a encontrou desacordada no jardim da propriedade e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela, então, foi levada à unidade de saúde.
De acordo com a freira Lucia Marques da Silva, que atua na paróquia do bairro, a paciente até o momento não conseguiu acesso a um quarto, apesar dos pedidos insistentes da família e de amigos que realizam visitas. A justificativa dada pelo hospital é a de que ela seria um "caso [de assistência] social".
Um vídeo compartilhado com a coluna mostrou os lençóis, a maca e as mãos da paciente cobertos com sangue após vazamento de um acesso venal, como um cateter é colocado na veia para entrada de medicamentos e soro. A filha dela a encontrou assim em uma das visitas que fez.
Ainda não há previsão de alta, e a família teme pela saúde da mulher. Um dos parentes também está em contato com a equipe de assistência social para encontrar um abrigo para a paciente, já que a situação na casa onde vivia estaria insustentável.
Procurada pela coluna, a Secretaria estadual de Saúde confirma que a paciente deu entrada no local com quadro grave de desnutrição e pneumonia e afirma que ela está recebendo cuidados das "das equipes médica, de enfermagem, de nutrição e de assistência social, além de monitoramento constante por meio de exames".
A pasta diz que o quadro é considerado instável, "sendo necessário assistência e monitoramento em área específica de observação, que conta com a presença de médicos e ampla equipe de enfermagem 24 horas".
"Em relação ao extravasamento sanguíneo do acesso venoso, é importante destacar que esse tipo de evento adverso, embora não desejado, pode acontecer em algumas situações, e é tratado com a imediata intervenção da equipe técnica", afirma ainda.
"Vale ressaltar que a situação social da paciente é acompanhada pelas unidades de saúde da região, e está sendo tratada diretamente pela equipe do Serviço Social do HGT para garantir que no momento da desospitalização, ainda sem previsão, a alta ocorra de forma segura".
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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