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'Sou um eterno apaixonado pela minha mulher', diz Renato Góes sobre Thaila Ayala

Ator pernambucano fala sobre os desafios de interpretar um personagem parecido com ele em nova novela das sete e diz não ser refém das redes sociais

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O ator Renato Góes

O ator Renato Góes Léo Rosario/Globo/Divulgação

Pouco antes do início desta entrevista realizada por videoconferência, uma assessora de imprensa da Globo avisa que o ator Renato Góes tem um compromisso marcado para dali a 45 minutos: buscar o filho mais velho na escola.

"No dia em que estou de folga [das gravações], faço questão de ir, de participar de tudo", conta ele, com um sorriso no rosto, durante o bate-papo. Ao lado da atriz Thaila Ayala, com quem é casado desde 2019, o ator diz que formou a sua "família dos sonhos". O casal é pai de Francisco, 2, e Tereza, 10 meses.

Os laços de amor e afeto que unem pais, filhos, irmãos, avós, tios e primos —e também os conflitos vindos dessa nem sempre fácil convivência— são o tema do próximo trabalho do ator na TV, "Família É Tudo", trama das sete da Globo, que estreia na segunda (4). No folhetim escrito por Daniel Ortiz, Renato faz o papel do mocinho Tom.

O ator Renato Góes
O ator Renato Góes - Léo Rosario/Globo/Divulgação

Recentemente, o ator se incomodou com uma postagem no X, antigo Twitter, de uma mulher dizendo ser fã dele e de Marcos Palmeira, mas defendendo que seria "urgente o descanso de imagem" dos dois da tela.

"Fico sempre pensando nesses comentários, que têm sido recorrentes, e não entendo muito. Nos últimos cinco anos, desde 'Órfãos da Terra' [2019], só fiz uma novela ["Mar do Sertão", de 2022] e uma participação no início de outra ["Pantanal"]. Sigamos!", rebateu Renato na publicação.

"Nem sei por que eu respondi, queria mais uma resposta para mim mesmo", reflete ele. Embora afirme ter consciência de que a rede social não representa a opinião da maioria, Renato revela que queria entender se as pessoas realmente concordavam com aquela observação. "Porque eu até ficaria feliz. Se eu só fiz uma única novela [no período] e estão achando isso, pô, é porque marcou, as pessoas estão gostando."

"E aí foi super legal, porque eu recebi um carinho muito grande como resposta", completa.

O ator Renato Góes
O ator Renato Góes - Léo Rosario/Globo/Divulgação

O ator pernambucano de 37 anos diz não se preocupar com essa suposta necessidade de sair de cena para que o público não se canse de ver o seu rosto na TV. "Me preocupo muito mais em entregar uma outra imagem, entendeu? Você pode ter certeza de que, se eu aceitei fazer um trabalho emendado no outro, é porque achei caminhos para conseguir entregar um personagem totalmente diferente."

Foi assim, diz ele, quando saiu de Zé Leôncio, do remake de "Pantanal", para interpretar o vilão Tertulinho da trama das seis "Mar do Sertão". Em princípio, os dois papéis tinham muito em comum: ambos eram filhos de fazendeiros, que "vinham de uma base estrutural machista".

"Foi difícil. Procurei uma humanidade diferente. Busquei um lado de comédia no Tertulinho. Mesmo sendo vilão, ele tinha um sentimento de verdade pelo outro. Foram coisas que fui trazendo para deixar bem distante do Zé Leôncio, que era um cara de uma casca mais grossa, mais duro."

Para fazer Tom de "Família É Tudo", o desafio é outro. Personagem e ator têm muitos pontos semelhantes. Os dois fizeram faculdade de publicidade — apesar de Renato não ter terminado o curso — e são donos de uma produtora audiovisual e de um selo independente de música.

Além disso, Tom também é pai de um menino e de uma menina e é um "eterno apaixonado pela Vênus", a mocinha da história, vivida por Nathalia Dill. "E eu, com certeza, sou um eterno apaixonado pela minha mulher. Somos um grande encontro de almas", derrete-se Renato.

Para o ator, não há problema em emprestar características próprias ao papel. "Não fico brigando com essa sensação", afirma. "A briga comigo mesmo é achar outros pontos para que o cara que eu vou apresentar lá não seja exatamente o Renato, já que há tantas coisas em comum comigo."

A saída, afirma ele, é se apegar ao texto do autor. "Fui percebendo, ao longo desses meus 20 e poucos anos de carreira, que é normal a gente trazer para a nossa embocadura o texto, para ficar mais natural", explica. "Mas quando você usa as falas do jeito que estão, você acaba entrando na embocadura do autor e apresenta algo novo. É um trunfo muito grande."

Nascido em Recife, Renato mora há 19 anos no Rio de Janeiro, mas diz que nunca nem passou pela sua cabeça perder o sotaque pernambucano. No ar, porém, ele prefere neutralizar a forma de falar. Nada que se assemelhe a um carioca ou a um paulistano, avisa.

"Neutralizar é tirar maneirismos, os costumes de onde você fala, para deixar um lugar plural que poderia ser terra de qualquer um."

Renato relembra uma história curiosa que ocorreu em 2019, depois de ter feito Jamil, um refugiado libanês de "Órfãos da Terra".

"Logo depois da novela, fui fazer o filme 'Macabro'. Quando o longa estava sendo montado, o diretor Marcos Prado liga para mim e fala assim: [Ele imita o profissional] 'Cara, tu vai ter que voltar aqui. Porra, tu ‘salamelencou’ tudo'", reconta, aos risos. "Ele falou que eu fiz o capitão do filme dele todo [com sotaque] árabe."

Apesar do incômodo com a postagem sobre a necessidade de descanso de sua imagem, Renato diz ter uma relação leve com as redes sociais. Nunca, por exemplo, teve de se afastar por causa de ataques de ódio. E avalia que isso é fruto da forma tranquila com que lida com a exposição na internet.

Mesmo com um número alto de seguidores —1,3 milhão no Instagram—, ele não costuma mostrar minuto a minuto da sua vida real aos fãs. Suas publicações são, em geral, mais espaçadas e abordam divulgações de trabalho ou momentos com a família.

O ator diz ter ciência de que isso tem um ônus. "Deixo de produzir muito ali. É um retorno [comercial e financeiro] que deixo de ter", afirma, em referência a publicidades e a outros trabalhos que poderia fazer em maior quantidade nas redes."

Por outro lado, tenho um bônus, porque ninguém sabe exatamente como é a minha voz, como sou eu falando, fazendo piada", diz.

"Esse caminho me deixa com uma vida mais tranquila, e o meu principal ganho é ter sempre um frescor na hora de apresentar novos personagens ao público."

O ator Renato Góes
O ator Renato Góes - Léo Rosario/Globo/Divulgação

Foi pensando em sua carreira artística que Renato Góes começou, quatro anos atrás, a cursar a faculdade de história. "Para poder ter mais voz em cada discussão política, social. Para poder ter mais bagagem, mais gavetas para abrir toda vez que eu quiser aprender sobre um papel", diz.

O problema é conseguir conciliar os estudos com seus outros compromissos. Renato ainda não sabe quando vai ter tempo para finalizar a faculdade. O grande obstáculo é que, para se formar, ele precisará cumprir um requisito fundamental: dar aulas. "Mas vou dar o meu jeito", garante.

"Família É Tudo" será praticamente a primeira novela das sete do ator, embora a sua estreia na Globo tenha sido em uma participação pequena em "Pé na Jaca", trama que foi ao ar na faixa horária em 2006.

"Eu fazia uns flashbacks, foi pouca coisa, mas me fez ficar no Rio de Janeiro. Então, tenho um carinho muito grande." Curiosamente, Thaila Ayala também esteve no elenco do folhetim, mas os dois não se encontraram nem nos bastidores. Só foram se conhecer mais de uma década depois, em 2017.

Agora, a atriz também está em "Família É Tudo", mas em outro núcleo. Em princípio, eles nem contracenam juntos. "Mas já dei uma indireta para o autor [para eles dividirem alguma cena]", diverte-se.

Renato afirma que ele e a mulher pensam em ter um terceiro filho. "Mas mais pra frente. Um temporão, talvez um filho de sangue, talvez um filho do coração. A gente pensa em várias coisas que podem ser ou não, mas o que a gente mais quer é que estejamos felizes, super a fim e que ele venha no momento certo."

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