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Advogadas se insurgem contra Comissão dos Homens criada em subseção da OAB-SP

Presidente da subseção de Santana diz que manifestações positivas e negativas sobre a iniciativa são naturais e democráticas

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Mais de 50 advogadas e advogados se insurgiram contra uma comissão recém-criada pela subseção de Santana da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, localizada na zona norte da capital paulista.

Batizado como Comissão dos Homens Advogados, o colegiado teria como objetivo "a erradicação do estupro, a erradicação da violência doméstica, cuidados com a saúde dos homens advogados e cuidados com a família brasileira", segundo anúncio feito pelo presidente da subseção, Peter Souza.

Sala de reunião em sede da seccional paulista da OAB - Rubens Cavallari - 14.ago.23/Folhapress

A comissão será presidida pelo advogado Kevork Vorperian, que disse querer colaborar com a já existente Comissão das Mulheres Advogadas de Santana para "erradicar qualquer tipo de violência, seja ela praticada por homens, seja ela praticada por mulheres".

"Não há necessidade de haver uma segregação", completou Vorperian, em vídeo publicado nas redes sociais da entidade na quarta-feira (17).

No manifesto destinado à diretoria da subseção de Santana da OAB-SP, os mais de 50 signatários afirmam que a Comissão do Homem Advogado não apresenta nenhuma proposta inovadora e, por ser um espaço exclusivo para homens, representa uma forma de concentração de poder e fomenta a segregação e o silenciamento das mulheres.

"Na luta contra a violência de gênero, o papel dos homens como aliados é crucial. No entanto, é fundamental reconhecer que as mulheres, por vivenciarem essa realidade de forma única e profunda, devem ter protagonismo na discussão", diz o texto.

"A criação da Comissão do Homem Advogado reforça a ideia de que nós, mulheres, somos incapazes de lidar com os nossos próprios problemas, relegando-nos a um papel secundário e aprofundando o preconceito já existente na sociedade", segue.

O manifesto, que inicialmente foi articulado por mulheres, reuniu também assinaturas de advogados que se viram contrariados com a decisão.

O documento também lembra que mulheres ainda ganham salários inferiores aos de homens que ocupam funções idênticas e pondera que a comissão voltada exclusivamente às advogadas é um mecanismo "em busca do equilíbrio, não da supremacia", como seria a dos advogados.

"A Comissão do Homem Advogado aprofunda o preconceito e a cultura misógina já existente em nossa sociedade, inaceitáveis dentro da OAB, instituição que tem o dever de defender a Constituição e promover uma sociedade igualitária", afirma o manifesto.

"A Ordem dos Advogados do Brasil não deve ser palco para disseminação de ideologias e precisa se manter apartidária", segue.

Procurado pela coluna, o presidente da subseção de Santana da OAB-SP, Peter Souza, diz que manifestações positivas e negativas sobre a iniciativa são naturais e democráticas, e sugere que as pessoas vejam, na íntegra, o vídeo publicado pela entidade sobre o lançamento da comissão.

"É certo que há manifestações positivas e negativas no próprio post no Instagram e Facebook da OAB Santana, de advogadas, advogados, prestadores de serviços não relacionados a atividade jurídica e outros —o que acho natural e muito democrático—, afinal de contas, a OAB é a instituição que deva ser o retrato do exercício democrático, onde todas as manifestações são legítimas de todas as pessoas, profissionais, crenças, raças, religiões, identidades de gênero e sexo", afirma, por meio de mensagem.

"Que, aliás, a convido apreciar o vídeo na íntegra sobre a instalação da referida comissão. Importa sublinhar que o Instagram disponibiliza o recurso ‘insight’ do post, que nos revelou que das mais de 1.400 contas alcançadas no começo desta tarde, nem 10% chegaram visualizar a metade do vídeo onde constam comentários dos próprios participantes da reunião, a pauta, o propósito e a expectativa do bem maior da sociedade formada por todas as pessoas", completa.

Nas redes sociais, a maior parte dos comentários negativos têm mulheres como autoras. "Não existe machismo reverso. Aprovar tal comissão é corroborar a ideia de que a busca pelo reconhecimento de direitos por grupos minorizados legitima ações 'afirmativas' para aqueles que já detém o privilégio", escreveu a presidente e fundadora do Me too Brasil, Marina Ganzarolli, advogada especialista em questões de gênero.

Veja, abaixo, a íntegra do manifesto:


PIPOCA

A atriz norte-americana Cailee Spaeny e o ator Wagner Moura receberam convidados na pré-estreia paulistana de "Guerra Civil", longa internacional estrelado por eles que chegou aos cinemas nesta quinta (18). O evento ocorreu no Cinépolis do shopping JK Iguatemi. A cantora Vanessa da Mata e a atriz Priscila Fantin estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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