Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu petrobras

Derramamento de óleo na Foz do Amazonas contaminaria Amapá e outros países, diz estudo

Expedição científica foi apoiada pelo Greenpeace Brasil; Petrobras diz que possibilidade de acidente é 'remotíssima' e que não pretende explorar faixa marítima em que levantamento foi realizado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Uma expedição científica apoiada pelo Greenpeace Brasil identificou que um eventual derramamento de óleo na Foz do Amazonas teria o potencial de contaminar centenas de quilômetros mar afora, podendo atingir as costas do Amapá, da Guiana Francesa, do Suriname e da Guiana.

O estudo, ainda inédito, foi conduzido pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) a bordo do veleiro Witness, que pertence ao Greenpeace Brasil. O principal objetivo da empreitada foi mapear as correntes marítimas da região.

Vista aérea de navio
Plataforma de extração de petróleo P-57, da Petrobras, no Espírito Santo - Bruno Santos - 1º.mar.2024/Folhapress

A exploração de petróleo na margem equatorial é almejada pela Petrobras e defendida há anos pela nova presidente da estatal, Magda Chambriard. O setor petroleiro sustenta que a atividade é fundamental para manter a produção brasileira de petróleo após o esgotamento do pré-sal.

A iniciativa, por outro lado, enfrenta resistência da área ambiental do governo, que já negou licenças para a perfuração de poços no Amapá e no Maranhão.

Para analisar o impacto de um eventual derramamento caso a exploração se confirme, os pesquisadores do Iepa lançaram ao mar sete derivadores —ou boias de deriva—, equipamentos oceanográficos que transmitem sua geolocalização em tempo real e captam informações do ambiente.

Por meio dos objetos, foi possível simular os caminhos de um possível vazamento de óleo na bacia. Cinco dos sete derivadores atravessaram águas internacionais, alcançando os três países vizinhos, e um deles chegou a percorrer mais de 1.500 quilômetros, segundo o estudo.

"A bacia da Foz do Amazonas tem correntes marítimas e costeiras muito fortes, cujas dinâmicas são pouco conhecidas, com um grande carregamento de água do mar para os oceanos. Nessas condições, o que sabemos é que um vazamento de óleo na região causaria uma grande dispersão difícil de ser contida", afirma o coordenador da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, Marcelo Laterman.

"Estes resultados reafirmam alertas anteriores feitos por diversos especialistas sobre os potenciais impactos da exploração petrolífera à vida marinha e em populações costeiras na Margem Equatorial", completa ele. Os dados do estudo foram colhidos entre os meses de março e abril deste ano.

Em nota enviada à coluna após a publicação deste texto, a Petrobras afirma que o estudo realizado pelo Iepa com apoio do Greenpeace confirma os resultados obtidos em levantamentos realizados entre 2015 e 2022, a pedido da estatal, e confirmam que "o comportamento de deriva do óleo é no sentido contrário do litoral brasileiro, para áreas oceânicas internacionais".

A empresa ainda diz que os derivadores do Iepa foram lançados próximos à zona costeira e em águas rasas da bacia, em uma faixa marítima que não deve ser explorada. "Portanto, esses resultados não são representativos de um cenário acidental na área do bloco onde haverá perfuração", conclui.

A Petrobras ainda destaca que a possibilidade de ocorrer um vazamento de óleo é "remotíssima" e que é referência na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultra profundas (leia a íntegra da nota ao final do texto).

A licença para a perfuração da bacia foi negada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) há mais de um ano, dando início a um embate público entre as áreas energética e ambiental do governo, que gostaria de uma avaliação mais ampla de eventuais impactos da atividade petrolífera na região, considerada ambientalmente sensível.

Ocupando uma área de cerca de 350 mil km2, equivalente ao estado de Goiás, a bacia se estende entre a baía de Marajó, no Pará, e a fronteira com a Guiana Francesa. Ela teve seu primeiro poço petrolífero perfurado em 1970, sem a descoberta de petróleo.

Dos 95 poços perfurados na região, 31 foram abandonados por dificuldades operacionais, como mostrou a Folha. Na última tentativa, em 2011, a Petrobras suspendeu a perfuração devido a fortes correntezas.

Apesar dos sucessivos fracassos, a bacia da foz do Amazonas voltou ao radar depois de descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname, o que tornou mais promissora a margem equatorial brasileira —conjunto de cinco bacias sedimentares que se estende por 2.200 km, do Rio Grande do Norte ao Amapá.

Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada pela Petrobras:

"O estudo conduzido pela Greenpeace e pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) confirmou os resultados dos estudos de modelagem de dispersão de óleo realizados em 2015 e 2022 pela empresa especializada Pró Oceano, contratada pela Petrobras.

As modelagens foram realizadas como parte do processo de licenciamento ambiental do bloco FZA-M-59, localizado em águas profundas do litoral do Amapá, a cerca de 500 km de distância do foz do rio Amazonas, com base em termo de referência emitido pelo Ibama. Nessa região, tanto as modelagens encomendadas pela Petrobras quando o estudo realizado pelo Greenpeace e pela Iepa indicaram que, em caso de vazamento, o comportamento de deriva do óleo é no sentido contrário do litoral brasileiro, para áreas oceânicas internacionais.

Além dos da Petrobras e do Greenpeace, outros dois levantamentos, realizados pelo Global Difter Program (GDP) e no Projeto Costa Norte (Enauta), já haviam apresentado resultados similares para o comportamento das correntes da região.

Os derivadores (boias que simulam a movimentação do óleo) do Greenpeace que alcançaram a costa do Amapá foram lançados próximos à zona costeira e em águas rasas da bacia. A Petrobras não pretende operar nesse faixa marítima e, portanto, esses resultados não são representativos de um cenário acidental na área do bloco onde haverá perfuração.

O cenário de vazamento de óleo é uma possibilidade remotíssima, considerando os sistemas preventivos e de segurança operacional de última geração utilizados pela Petrobras. A companhia opera no litoral brasileiro há décadas, sem qualquer registro de acidentes com vazamento na perfuração de poços.

A Petrobras é referência na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultra profundas. A empresa possui um plano de resposta a emergência de referência mundial, contando com equipamentos de última geração e equipes bem treinadas e altamente qualificadas para atuar na contenção e no recolhimento do óleo de um eventual vazamento."


TELINHA

A atriz Adriana Esteves caracterizada como Mércia, sua personagem em "Mania de Você", próxima novela das nove da TV Globo - Manoella Mello/Globo/Divulgação

A atriz Adriana Esteves foi fotografada durante um ensaio caracterizada como Mércia, sua personagem em "Mania de Você", próxima novela das nove da TV Globo. Essa será a terceira vez em que a artista reeditará sua parceria com João Emanuel Carneiro, autor da obra. O folhetim tem estreia prevista para o segundo semestre deste ano.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.