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'Deu pra quem?': desmascarando o machismo entre mulheres

Será que nós, mulheres, não somos capazes de conquistar o sucesso por mérito próprio?

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Um comentário recente no meu Instagram revela uma verdade dolorosa: "Quando vocês verem [sic] algo do tipo, pensem o seguinte: essa pessoa deu pra quem? Quem são os pais dessa pessoa? Ela teve ajuda de quem? Foi assim que eu me desiludi desses GRANDES NOMES".

Esse comentário não só desmerece o esforço e a dedicação de uma mulher bem-sucedida, mas também expõe como a sociedade, inclusive as próprias mulheres, perpetua uma narrativa que diminui nossas conquistas. É uma prova clara de como o machismo está profundamente enraizado, levando as mulheres a se autossabotarem e a reforçarem padrões que as prejudicam.

Quem não deve nada não se preocupa com o ódio. Uso esses comentários como um ponto de partida para discussões importantes com meus seguidores. Não uso máscaras, não sou uma personagem. Quando alguém me critica dessa maneira, sinto-me motivada, pois sei que estou desafiando normas sociais e provocando desconforto em estruturas arcaicas.

Uma mulher jovem com expressão cética olha de soslaio enquanto junta as pontas dos dedos em um gesto que sugere ponderação ou avaliação. Seu olhar desconfiado e a leve inclinação da cabeça transmitem uma sensação de dúvida ou questionamento
O objetivo aqui não é dar visibilidade a esses comentários infundados, mas lamentar que ainda estejamos lidando com tais justificativas para o sucesso de mulheres bonitas e bem-sucedidas - pathdoc / adobe stock

O objetivo aqui não é dar visibilidade a esses comentários infundados, mas lamentar que ainda estamos lidando com tais justificativas para o sucesso de mulheres bonitas e bem-sucedidas. É alarmante como esse tipo de pensamento é frequente, insinuando que só podemos alcançar o sucesso por meios questionáveis. Será que nós, mulheres, não somos capazes de conquistar o sucesso por mérito próprio? Sempre precisamos de um homem poderoso para nos abrir as portas?

Confesso que, na minha adolescência, já tive pensamentos semelhantes. Lembro-me de quando uma colega apareceu com um carro novo, e eu imediatamente disse ao meu pai: "Ela deve ter ganhado do pai". Ele respondeu: "Cuidado com a sua inveja. Não é porque ela tem um carro e você não, que deve justificar isso achando que ela não merece". Esse episódio me fez refletir profundamente e mudou minha perspectiva para sempre.

Muitos de nossos comportamentos e atitudes são herdados sem questionamento, enraizados em complexos de inferioridade, inveja e desculpas que confortam o ego, além de um machismo histórico. Crenças limitantes ainda permeiam o discurso de muitas mulheres, especialmente quando julgam outras que alcançaram independência financeira, sucesso e protagonismo.

Recebi outro comentário sugerindo que eu já era rica porque meu pai tinha um restaurante, eu tinha um carro e uma mentalidade de rica. A verdade é bem diferente: meu carro estava em busca e apreensão, meu maior objetivo era ganhar pelo menos R$ 4 mil para pagar as contas, e o restaurante do meu pai era a única fonte de renda para sustentar uma família de cinco filhos. Trabalhei lá sem ganhar um centavo. Era um simples self-service no centro de São Paulo, longe do glamour que se imagina.

Precisamos confrontar a realidade de que as mulheres, muitas vezes, são suas próprias inimigas. Quando uma mulher abre caminho e se torna uma referência, deveria inspirar outras a seguir seus passos, não a serem alvos de julgamentos e inveja. Precisamos criar uma corrente de apoio e reconhecimento mútuo para fortalecer a caminhada feminina. Somente assim poderemos desafiar e transformar a mentalidade coletiva, permitindo que mais mulheres alcancem seu próprio protagonismo. Precisamos romper com essa autossabotagem enraizada e construir uma rede de solidariedade e empoderamento, onde o sucesso de uma seja celebrado como uma vitória para todas.

O machismo entre mulheres é autossabotagem. Não deixemos que narrativas preconceituosas nos dividam. A força feminina está em nossa união e reconhecimento mútuo. Cada conquista é um passo para todas nós.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis

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