Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Eleições 2018

'Ei, Facebook, faça o seu próprio trabalho', cobra New York Times

Jornalistas estão virando 'moderadores de conteúdo não pagos para essas plataformas'

O New York Times destacou com reportagem enviada de San Francisco que “a plataforma de mídia social WhatsApp é inundada por notícia falsa” na campanha presidencial brasileira. Na chamada da primeira página impressa, “Fraude digital no Brasil”.

O jornal também publicou editorial (acima, no impresso), sob o título “Ei, Facebook, faça o seu próprio trabalho”.

Abriu o texto com caso que ele mesmo revelou: “Uma rede de contas de Facebook operadas por militares de Mianmar repete retórica odiosa contra rohingyas.” E com o caso revelado pela Folha: “A desinformação viral corre solta no WhatsApp no Brasil, conforme empresas de marketing compram bancos de dados de telefone para enviar spam aos eleitores com mensagens direitistas”.

Em seguida: “O público sabe sobre cada uma dessas incitações por causa de reportagens de organizações jornalísticas. Jornalistas se descobrem atuando como moderadores de conteúdo não pagos para essas plataformas”.

Afirma que “o problema é sistêmico, atualmente se manifestando na forma de campanhas coordenadas, tanto no exterior como internas”. Daí o “padrão” que se estabeleceu: “Jornalistas encontram um problema, a plataforma reage e o ciclo começa de novo”.

Mas jornalistas “não têm acesso aos dados disponíveis internamente em empresas como o Facebook” e sobretudo não têm “o poder de mudar”. São as próprias plataformas que precisam assumir esse papel e agir contra as campanhas coordenadas de desinformação que “podem mudar o curso de eleições e genocídios”.

Na New York, 'WhatsApp diz que é tarde demais para parar as notícias falsas de extrema direita no Brasil'

VERDADEIRA BAGUNÇA

Por sites de tecnologia e correspondentes no Vale do Silício, o caso brasileiro é dado como prova de que pouco mudou na relação entre as gigantes digitais e a política.

No título do Gizmodo, “WhatsApp proíbe 100.000 contas antes da eleição brasileira, que ainda é uma verdadeira bagunça”. No Independent, “Desinformação e notícias falsas se espalham pelo WhatApp antes da eleição presidencial no Brasil”. E na revista New York (acima), “WhatsApp diz que é tarde demais para parar as notícias falsas de extrema direita no Brasil”.

AGENTE DE MUDANÇA

Até o direitista Drudge Report destacou ao longo do fim de semana que “A batalha eleitoral no Brasil se enfurece com o WhatsApp do FACEBOOK”, linkando para a “inundação de fake news”.

Na contramão, o Financial Times registrou brevemente que “oponentes de Bolsonaro alegaram que empresários pagaram por pacotes” no WhatsApp. E preferiu destacar em análise que ele é um “agente de mudança” e reflete “desejo genuíno dos eleitores por reformas”.

NÃO SE TRATA DE FASCISMO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu no espanhol El País de sábado, com enunciado destacando de seu texto que “não se trata de volta ao fascismo”, no caso de Bolsonaro. No meio do domingo, ao comentar por mídia social as declarações de um filho de Bolsonaro, mudou: “Estas cruzaram a linha, cheiram a fascismo”.

Ao fundo, segundo O Globo, FHC justifica sua hesitação dizendo estar “sob grande pressão do PSDB ainda em disputa nos estados”. Cinco candidatos tucanos a governador apoiam Bolsonaro.

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