Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

Nota de Trump sobre morte de jornalista é 'depravada, imbecil'

Para âncora da Fox News, 'o presidente insultou uma vítima de assassinato'

A defesa da Arábia Saudita por Donald Trump foi manchete geral na cobertura americana, a começar do Washington Post, no qual Jamal Khashoggi escrevia, e apesar do espanto o noticiário se manteve sem qualificativos.

Duas exceções notáveis foram o New York Times, cujo título chamou seu comunicado de “extraordinário”, e a Fox News, do âncora Shepard Smith, que afirmou que nele “o presidente insultou uma vítima de assassinato”.

Online, sobretudo por Twitter, jornalistas americanos foram menos contidos, qualificando suas justificativas, depois repetidas por Trump ao vivo na TV, de “bizarras”, “depravadas”, “imbecis, aduladoras, mal escritas” etc.

Uma repórter da CNN lembrou que na semana que vem Trump e o “príncipe herdeiro” saudita, Mohammed bin Salman, estarão juntos em Buenos Aires para o G20.

EM BUENOS AIRES

No argentino Clarín, “Governo pede a Pérez Esquivel que atue de mediador contra violência” na cúpula do G20 —que a Reuters já descreve como “pesadelo”.

O Nobel da Paz argentino participou do 1º Foro de Pensamento Crítico em Buenos Aires, que o Clarín apelidou de “contra cúpula”. Nele, defendeu Lula, alvo de “golpe político”. Também no encontro, segundo o Página 12, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper relatou visita ao brasileiro, a quem descreveu como vítima de “conspiração”:

“Eles o têm confinado em condições miseráveis.”

OS NOVOS DISSIDENTES

A revelação de que Julian Assange, do Wikileaks, está sendo processado em segredo pelo governo Trump soou o alarme no jornalismo americano, de Margaret Sullivan no WP a Glenn Greenwald no Intercept. Ambos destacaram que o governo Obama evitou fazê-lo porque ameaçaria a “liberdade de imprensa”.

À direita, Drudge Report e até Breitbart se juntam agora à grita. No enunciado do primeiro, “A ascensão dos dissidentes do Ocidente”. O segundo diz que Assange, “há meia década” na embaixada equatoriana em Londres, é “o maior entre eles”, ligando sua situação àquela de opositores chineses, sauditas e outros.

CONSPIRAÇÃO?

Nikkei e outros jornais japoneses seguem noticiando vazamentos anônimos da Nissan contra Carlos Ghosn, que preside a montadora e foi preso.

Já o Financial Times —que foi comprado pelo mesmo Nikkei há três anos— vai por caminho oposto, com manchete dizendo que ele planejava a fusão da Nissan com a Renault e a direção japonesa da primeira “se opunha ao negócio e buscava maneiras de bloqueá-lo”. Sua prisão aconteceu em “circunstâncias opacas”, afirma o jornal, destacando que “rola nos mercados uma série de teorias de conspiração”.

Jornais japoneses noticiam a prisão de Carlos Ghosn, da Nissan - Reprodução
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