Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Coronavírus

Em enunciados no exterior, Bolsonaro já lidera ação 'antidemocrática'

Para NYT, 'líder debilitado deu aos generais uma abertura para se inserirem na política' como não tinham desde a ditadura

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No título da Reuters reproduzido por New York Times e outros, "Bolsonaro encabeça manifestação antidemocrática". O presidente "atacou o Congresso e a Justiça em discurso, no momento em que os casos de coronavírus passaram de 100 mil, reforçando o isolamento do ex-capitão do Exército".

"Ele se tornou cada vez mais dependente de um quadro de conselheiros que são militares reformados ou da ativa", relata o despacho, para citar em seguida, do discurso de Bolsonaro: "Nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia e pela liberdade".

No sábado, o NYT já havia publicado que "Bolsonaro luta pela sobrevivência recorrendo a militares empoderados". No subtítulo, "Líder debilitado deu aos generais brasileiros uma abertura para se inserirem na linha de frente da política", papel que não tinham desde "a ditadura militar de 21 anos".

Na foto destacada pela Reuters, do ato em Brasília, o presidente brasileiro tem ao fundo a bandeira americana:

LOUCURA COM MÉTODO

Publicações tradicionais de esquerda nos EUA e na Europa passaram a produzir análises extensas sobre o Brasil em crise. A francesa Politis se pergunta se é "o começo do fim" para Bolsonaro, enquanto a britânica New Statesman avalia que, na verdade, "é bem possível que ele chegue ao final em 2023, muito diminuído".

A americana The Nation destaca que "Bolsonaro é louco, mas há método na loucura dele". E a britânica New Left Review, descrevendo o "pandemônio" no país e o "delírio" de seu presidente, lembra a declaração de Bolsonaro de que "quem quer dar um golpe jamais vai dizer".

'STRANGELOVE'

Na capa da edição brasileira do Le Monde Diplomatique, reproduzida acima, Bolsonaro é retratado como o major texano de "Dr. Strangelove", sentado sobre o coronavírus em vez da bomba nuclear do filme:

TRINCHEIRAS

Além da Argentina de Alberto Fernández, também Paraguai, Uruguai e até Bolívia olham temerosos para o Brasil, informa a americana Associated Press, reproduzida até pelo chinês Huanqiu/Global Times. No título ecoado em diversos veículos, "À medida que crescem os casos de coronavírus, Brasil começa a preocupar seus vizinhos".

No Paraguai, "soldados cavaram uma trincheira" na cidade de Pedro Juan Caballero, na fronteira; o recém-empossado presidente uruguaio "afirmou que a disseminação do vírus no Brasil estava disparando 'luzes de alerta' em seu governo"; e, como os outros dois, também a Bolívia está prometendo "reforçar o fechamento na fronteira".

BOINAS VERDES

Com chamada na home do Financial Times, "O governo venezuelano disse ter frustrado uma invasão armada por via marítima, no que diz ser uma conspiração orquestrada pelos EUA" a partir da Colômbia.

Um dia antes, a AP havia despachado a extensa reportagem "Ex-boina verde liderou tentativa fracassada de derrubar Maduro". Jordan Goudreau, "um cidadão americano que recebeu três vezes a estrela de bronze por bravura no Iraque e no Afeganistão", teria treinado 300 "voluntários" na Colômbia, mas "praticamente tudo deu errado" e eles "foram deixados para cuidar de si mesmos em meio à pandemia".

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