Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá

Trump resiste, mas enfrenta pressão e editoriais também à direita

'Servirá melhor a si e ao seu país honrando as tradições democráticas e deixando o cargo com dignidade', aconselha WSJ

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Num canto da home do New York Times, início da noite, “Biden venceu, mas não há sinais de concessão de Trump”.

No início da tarde, em menos de 20 minutos, as principais TVs americanas haviam anunciado a vitória democrata. Pela ordem, CNN, NBC, CBS, MSNBC, ABC e Fox News.

Também a agência Associated Press e os jornais NYT, Wall Street Journal e Washington Post. E o portal Drudge Report subiu a manchete, mais do que esperada, “You’re fired”, você está demitido, com foto de um Donald Trump contrariado, amuado.

Até o site Breitbart, mais pró-Trump, deu a manchete “Fox News, CNN, MSNBC, AP declaram eleições para Biden”, só acrescentando embaixo a resistência do presidente.

A Fox News, historicamente ligada à direita americana, seguiu dando alguma atenção para a retórica judicial republicana, mas cobrando de tempos em tempos as evidências da suposta fraude.

WSJ e New York Post, jornais do magnata Rupert Murdoch, também dono da Fox News, foram além e publicaram editorais pressionando o presidente a aceitar a derrota.

O Post afirmou, por exemplo, que “empurrar conspirações infundadas mina a fé na democracia e a fé na nação”.

Com o título “Fim de jogo presidencial”, o WSJ destacou que Trump não devia estragar seu legado na função com “um ato final de recusa amarga em aceitar uma derrota legítima”.

Ou seja, ele “servirá melhor a si e ao seu país honrando as tradições democráticas e deixando o cargo com dignidade”.

Do outro lado, os editoriais não se preocuparam tanto com o presidente derrotado. No título do Washington Post, por exemplo, “Obrigado, América. Nossa democracia provou a sua resiliência ao eleger Joe Biden.

‘VOCÊ PERDEU’

O NYT produziu um vídeo para estimular Trump a conceder a vitória a Biden. Começa dizendo que "na vida há vencedores e há derrotados", sendo a imagem da derrota a seleção brasileira de futebol (acima). Depois:

"Quando você perde, é importante fazê-lo com elegância. É a sua vez, Donald. Você consegue. Você perdeu. É hora de ser um bom perdedor."

TARJA

Pouco antes do anúncio pelas emissoras americanas da vitória de Biden, o perfil de Trump no Twitter, seu maior palanque de mídia, foi sufocado por quatro alertas seguidos da própria plataforma (imagem acima), pedindo atenção para "informações incorretas".

MERKEL E MACRON. BOLSONARO, NÃO

WSJ e outros destacaram, com intuito aparente de sublinhar a legitimidade do vencedor, as congratulações de líderes estrangeiros. Em especial, “a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron estão entre os que transmitiram seu peso”.

Sobre o Brasil, o NYT anotou que Jair Bolsonaro, que “torceu abertamente por Trump”, não se manifestou e “sobrou para Rodrigo Maia, o presidente de centro-direita da Câmara”. O jornal ressaltou ainda, da América do Sul, que os presidentes de Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela congratularam Biden.

PRIORIDADES

A cobertura americana chegou a tratar dos eventuais focos de atenção de Biden no exterior, como o crescente poderio chinês ou a retomada dos acordos sobre clima e Irã.

Mas o noticiário voltou a trazer para o alto chamadas como “EUA estabelecem outro recorde diário para casos de coronavírus”, com foco em Illinois.

FORÇA DA NATUREZA

A democrata Stacey Abrams, vista como maior responsável pelo avanço do partido na Geórgia, no Sul dos EUA, e nome para o secretariado de Biden, é saudada com "louvor" no NYT e como "uma força da natureza" pelo WP. Também no WSJ.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.