Nas manchetes americanas, "Biden bane petróleo russo", para punir o pária Vladimir Putin. No Wall Street Journal, ela veio acompanhada da análise financeira "Você pode ouvir ecos dos anos 70".
"O embargo do petróleo de 1973-74", sublinha, trouxe entre seus efeitos que "os preços do petróleo dispararam, a estagflação tomou conta e as ações tiveram uma queda só ultrapassada pelo colapso do Lehman in 2008".
Para evitar isso, o presidente americano vem buscando fazer as pazes com vilões anteriores do petróleo.
Mas o Financial Times informa que o acordo não avança junto ao Irã e foi preciso apelar ao Qatar como mediador. E o New York Times informa que os senadores Marco Rubio, republicano, e Robert Menendez, democrata, se pronunciaram contra o acordo com a Venezuela.
Mas a aposta maior é a paz com o saudita Mohammed bin Salman ou MBS —que segundo o governo americano deu a ordem para o desmembramento do jornalista Jamal Khashoggi, do Washington Post, e que próprio Biden havia prometido tornar um pária, na campanha.
Ele acaba de ser entrevistado longamente pela revista The Atlantic (acima), próxima dos democratas e onde Biden costuma escrever, como fez logo após eleito. O texto o descreve como "charmoso, caloroso, informal e inteligente".
Como ressaltou o editor da revista, Jeffrey Goldberg, que participou das entrevistas, MBS fala que o assassinato de Khashoggi "me machucou muito, do ponto de vista dos sentimentos" (it hurt me a lot, from a feelings perspective). E deixa claro que não quer ouvir críticas de Biden: "Nós não temos o direito de repreender vocês na América. O mesmo vale para o outro lado".
Não importa, logo após sair a entrevista o site Axios publicou que "Assessores de Biden avaliam viagem à Arábia Saudita por mais petróleo". Visitaria MBS, nos próximos três meses, "para reparar relações e convencer a bombear mais petróleo".
A pouca reação do WPost foi publicar um artigo de uma amiga de Khashoggi, também colunista, questionando a Atlantic por, entre muitas coisas, não dar maior atenção ao Iêmen, país em que MBS comanda uma guerra mais mortal do que na Ucrânia, com apoio americano.
VANTAGEM PARA XI
Coberta amplamente na China e na Europa, sobretudo na Alemanha, a videoconferência do alemão Olaf Scholz e do francês Emmanuel Macron com Xi Jinping mal foi noticiada nos EUA.
Em análise, o Frankfurter Allgemeine Zeitung apontou "vantagem estratégica" para Pequim, que com a guerra deixa de ser alvo de Washington e ganha Moscou como "parceiro dependente".
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