Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Biden 'declara guerra' à tecnologia chinesa e atinge americana

Ações contra 'capacidade da China de avançar' acabam afetando Nvidia e outras nos EUA, além da gigante taiwanesa TSMC

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Na manchete do New York Times, fim do dia, "Governo restringe acesso da China a tecnologia de chips". Logo abaixo, diz ser "o sinal mais claro até agora de que um impasse perigoso entre as duas superpotências acontece cada vez mais na esfera tecnológica".

Acrescenta que "as medidas vêm num momento sensível, em que os líderes chineses realizarão um grande encontro a partir do dia 16".

Sem dar tanta atenção, o Financial Times também ligou a "nova tentativa de dissociar a China dos EUA em tecnologia" com o congresso "no qual o presidente Xi Jinping deve selar o terceiro mandato".

O jornal destaca, de uma consultoria estratégica de Washington, ASG, que "os EUA essencialmente declararam guerra à capacidade da China de avançar no uso de computação de alto desempenho".

E que haverá "muitos perdedores" pelo mundo, inclusive as empresas americanas Nvidia, AMD, Applied Materials e Lam Research e não-americanas como a holandesa ASML e a gigante taiwanesa TSMC. Isso porque "estão tentando bloquear o desenvolvimento do poder tecnológico da China de todas as maneiras".

No Wall Street Journal, a notícia também não foi manchete e veio até abaixo da derrocada das empresas do setor, com a queda das ações nesta sexta (7), relacionando Nvidia, AMD, ASML, a também americana Intel, a sul-coreana Samsung —e a TSMC.

A Bloomberg, que já havia avisado das medidas no início da semana, vinculou em sua chamada o anúncio com a derrocada, "Biden aperta regras de chip para a China em dia caótico para o setor".

Diz que "as perdas são generalizadas, com a escalada de tensões", e que a "indústria de chips dos EUA expressou preocupação de que ações muito agressivas podem colocar as americanas em desvantagem". Mas o governo Biden argumenta que as medidas "enviam mensagem clara de que a liderança tecnológica dos EUA tem a ver com valores" americanos, não só com comércio.

JOGOS DE GUERRA

A mesma Bloomberg deu até com mais destaque, na sexta, que teve acesso parcial aos "jogos de guerra dos Estados Unidos sobre o risco para a TSMC", em caso de ocupação ou embargo de Taiwan pela China:

"O planejamento de contingência foi intensificado, de acordo com pessoas familiarizadas com as deliberações do governo Biden. Os cenários atribuem uma importância estratégica ampliada à indústria de chips da ilha, liderada pela TSMC. Na pior hipótese, os EUA consideram evacuar engenheiros taiwaneses."

A Bloomberg diz que "alguns defendem que EUA deixem claro para a China que destruirão as instalações da TSMC se a ilha for ocupada".

A extensa reportagem enfatiza o "paradoxo" entre a pressão americana sobre Taiwan, para cortar os elos em chips com a China, e o esforço americano de "reduzir o papel de Taiwan na cadeia de suprimentos". O estímulo a novas fábricas em território americano, por exemplo, no dizer do próprio governo Biden, "corta substancialmente a nossa dependência de Taiwan".

TODOS OS ATORES

Em Pequim, uma primeira reação veio do China Daily, jornal em inglês voltado ao público global, ressaltando que a "ação contra a China afeta todos os atores da indústria de chips" (com a imagem no alto). De um pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional:

"Será um grande golpe não só para as empresas dos Estados Unidos, mas para a cadeia industrial global, dado o peso da China como maior mercado para chips e sua crescente presença na fabricação."

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