Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Cresce risco de crise em Taiwan, e cobertura põe panos quentes

Candidato faz visita contida aos EUA, mas seguradoras já reduzem cobertura de riscos na ilha, seguindo roteiro da Ucrânia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O presidenciável governista em Taiwan chegou a Nova York com pouco destaque no New York Times. "Lai Ching-te visa tranquilizar Washington", diz o jornal, sublinhando que não iria discursar nem ver autoridades —e que Washington o pressionou há três semanas.

Também o chinês Global Times evitou destacar, mas sublinhando a crítica de Pequim, que chamou Lai de "encrequeiro completo". Em Taipé, nem o jornal ligado ao governo, Ziyou Shibao, deu maior atenção à "escala" de Lai, antes de seguir viagem para o Paraguai.

Reprodução/The China Project

O esforço para baixar a temperatura no noticiário reflete o temor de conflito militar, que avançou na última semana. A Reuters noticiou que a "Lloyd's lidera seguradoras no corte da cobertura de Taiwan, à medida que aumentam os riscos de conflito".

Em outras palavras, as seguradores ocidentais "reduziram o montante de cobertura que oferecem para os riscos envolvendo Taiwan". O movimento segue o que aconteceu com a Ucrânia no ano passado, segundo a agência, e poderia "tornar mais difícil e caro fazer negócios".

Pouco antes, Cliff Kupchan, presidente da consultoria de risco Eurasia e ex-governo Bill Clinton, soou o alarme no influente site americano The China Project. Sob o título "Cuidado com a eleição de Taiwan" (reprodução acima), publicou que "tudo na Ásia pode sair dos trilhos" nos próximos cinco meses.

Relata visita a Pequim que "deixou claro o abismo que separa as visões de EUA e China sobre uma relação aceitável". A eleição de janeiro "tem o potencial de desencadear uma crise", porque "a China tem fortes restrições a Lai" e vê indícios de apoio americano a ele.

A crise começaria por "ataques cibernéticos, podendo escalar para um bloqueio completo, que equivaleria a uma declaração de guerra. "Um dos meus interlocutores de linha dura afirmou que o Exército de Libertação Popular está ansioso para lutar por Taiwan."

BILIONÁRIOS E A GUERRA

Morris Chang e Terry Gou, os fundadores da TSMC e da Foxconn, as gigantes de tecnologia emblemáticas de Taiwan, têm "visões muito diferentes" sobre um conflito em torno da ilha, anotou o South China Morning Post, jornal de outro gigante, o Alibaba, de Jack Ma.

Chang (Zhang Zhongmou), 92, disse em entrevista ao NYT, há uma semana: "A chance de a China invadir Taiwan, com guerra anfíbia e tudo mais, acho que é uma probabilidade muito, muito baixa. Algum tipo de bloqueio, acho que ainda coloco como de baixa probabilidade, mas é uma possibilidade e quero evitar".

Gou (Guo Timing), 72, escreveu, em artigo no Washington Post há três semanas: "Lai Ching-te defendeu a redução dos laços comerciais com a China, que ele chama de 'dependências'. Como a presidente Tsai Ing-wen, ele rejeita a política de Uma Só China. Ao abandoná-la, agravaram muito a ameaça de guerra, prejudicaram nossa economia, afastaram os investidores e tornaram Taiwan menos segura".

Ainda com esperança de ser candidato, Gou promete ações para "nos tirar do precipício". Em comício meses atrás, recebeu no palanque a mulher de Chang (abaixo, no perfil de sua campanha em mídia social).

Reprodução/Facebook

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.