Nicolás José Isola

Filósofo, mestre em Educação, doutor em Ciências Sociais, coach executivo e consultor em storytelling.

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Nicolás José Isola
Descrição de chapéu machismo

O machismo nos escritórios

Não somos curiosos em relação ao que acontece com as mulheres

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São muitas as mulheres que padecem do comportamento dos homens. Isso acontece em lugares bem diferentes: na rua, no trânsito, nas baladas e nas organizações.

Nos escritórios os homens têm atitudes que não colaboram com as transformações que são necessárias. Alguns deles gostam de falar sem parar, sem ao menos ficar de olho se as mulheres que participam destas reuniões abriram a boca. Outros, não consideram de jeito nenhum as situações que muitas mulheres atravessam, ligadas, por exemplo, à maternidade. E outros acabam sempre explicando coisas às mulheres como se elas não conseguissem entender direitinho.

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Nós homens temos dois ouvidos, mas não os usamos para ouvir. Se ouvíssemos mais o mundo seria distinto. Poderíamos enxergar as dificuldades que as mulheres encontram no seu percurso vital. Nenhum homem tem medo de passar no meio de um grupo de mulheres na rua. Esse medo é um medo cotidiano para elas. Como essa, há uma infinidade de situações que nós homens não padecemos, mas não temos interesse em conhecer.

Infelizmente, nos meus workshops sobre diversidade em companhias internacionais, eu evidencio que nós homens não somos curiosos em relação ao que acontece com as mulheres. Não perguntamos para entender. Um exemplo, no corpo das mulheres acontecem muitas coisas ao longo da vida, como a menstruação e a menopausa, sem falar das mudanças hormonais brutais que gera a gravidez.

Porém, nós homens não perguntamos para entender como elas vivem esses processos. Tentar compreendê-las é um passo importante para conseguir gerar empatia com elas. Ninguém pode ter empatia se não conhece o que acontece do outro lado. Escutar torna-se de vital relevância, então.

O machismo só acabará quando nós homens conhecermos o sofrimento que geram nossas atitudes. Não adianta que nos digam que temos que nos comportar melhor.

Isso não vai mudar nosso comportamento. Só mudaremos se enxergarmos e reconhecermos as consequências de nosso agir. As consequências são claras. Mulheres que choram nos banheiros dos escritórios, mulheres que se sentem deixadas de lado nas reuniões, mulheres que se calam porque sabem que as ideias delas não serão levadas em consideração, mulheres que pensam dez vezes antes de escolher que roupas vão vestir.

A persistente pressão cotidiana que os homens produzem ao longo do tempo nelas, especialmente desde as posições de poder nas diversas organizações, gera marcas dolorosas. Nós homens somos responsáveis por mudar essa realidade nos nossos espaços de conversa: nos grupos de WhatsApp, nas piadas do churrasco depois de jogar bola e nas reuniões de direção nos escritórios da Faria Lima ou do Leblon.

Nós homens não podemos continuar olhando para outro lado com cumplicidade. Chega. Temos que ser aliados na transformação que a sociedade está precisando.

A mudança começa por você.

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