Walter Casagrande Jr.

Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande - Uma História de Amor" e "Travessia"

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Walter Casagrande Jr.
Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022 machismo

Copa vai derrubar muitas máscaras de preconceituosos

Alguns machistas se acham respaldados por estarem no Qatar

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O futebol não é só uma bola rolando. Futebol é política social, é luta por igualdades.

A bola rola, os gols acontecem, mas o esporte não deveria ser conivente com a falta de respeito aos direitos humanos, não deveria aceitar homofobia nem tratamento às mulheres como seres inferiores.
A Copa no Qatar é tudo isso, com a conivência da "senhora" Fifa.

No dia da abertura, vimos as mulheres ignoradas na cerimônia e naquela torcida "masculina" do Qatar, que de espontaneidade não tinha nada.

No segundo dia, ocorreram três jogos, e o primeiro deles foi a goleada por 6 a 2 que a Inglaterra aplicou no Irã.

Alguns capitães das seleções, entre eles Harry Kane, planejavam entrar em campo com a braçadeira nas cores do arco-íris e as palavras "One Love", mas foram ameaçados de punição pela Fifa, que deixa claro nesta Copa de qual lado da história está.

Foi um ótimo jogo do English Team, com toques rápidos, muita movimentação e troca de posições. Isso ficou evidente na atuação de seu artilheiro Kane, que não fez gols, mas participou direta ou indiretamente das jogadas de gols. É um atleta de inteligência futebolística rara nos tempos de hoje.

Já a seleção do Irã mostrou o que todos já sabíamos: fragilidade técnica e de competitividade enorme.
Porém, os seus jogadores não cantaram o hino em protesto, a favor dos direitos das mulheres, e seus torcedores também se manifestaram nas arquibancadas.

Mas na entrevista coletiva, o treinador do Irã, o português Carlos Queiroz, se mostrou contrário às manifestações, ao dizer: "Todos os iranianos são bem-vindos ao estádio. Eles têm o direto de criticar o time. Mas aqueles que causam perturbações com problemas fora o futebol não são bem-vindos".

Torcedores com bandeira na aquibancada escrita "Women Life Freedom"
Bandeira de torcedores do Irã pede liberdade para mulheres; protestos renderam críticas do treinador da seleção - Paul Childs/Reuters

Para esse senhor, perturbações são protesto a favor dos direitos das mulheres, e não o contrário.
Esta Copa vai derrubar muitas máscaras de preconceituosos e machistas que se acham respaldados por estarem no Qatar.

Já o segundo jogo era o mais esperado: Holanda x Senegal. Mané, o grande astro, não só pela bola que joga, como também pela preocupação com direitos humanos e as crianças de rua de seu país, infelizmente se machucou e está fora da Copa.

O jogo, no entanto, foi muito bom. As duas seleções primaram pelo ótimo passe em progressão, sempre pensando em agredir o adversário.

O time de Van Gaal tentou se impor o tempo todo, mas correu riscos quando demorava para recuperar a bola. O Senegal, além do ótimo toque, tinha a esticada pelos lados para pular a marcação do ataque holandês.

Mas no final da partida, com dois vacilos de um dos melhores goleiros do mundo, Mendy, a Holanda fez dois gols e matou o jogo.

Já o terceiro jogo do dia, Estados Unidos x País de Gales, vi no aeroporto, esperando o meu embarque para Doha. Uma partida entre equipes parecidas.

São dois times que jogam duro, com muita força física, e por isso se equivalem. Os americanos conseguiram chegar ao seu gol ainda no primeiro tempo, com Timothy Weah (filho do craque George Weah), que demonstrou velocidade e ótima finalização.

O segundo tempo teve entrega total. Os galeses foram para cima, atrás do empate e deixando brechas. Foi uma luta digna de Copa do Mundo.

O empate só veio no final da partida, de pênalti, com uma batida forte, precisa e de uma das grandes estrelas da Copa, Gareth Bale.

O English Team terá que jogar muito focado contra esses dois adversários.

O meu próximo texto já será em terras qataris, no clima da Copa, mas também observando atentamente tudo o que se passa ao redor de mim e todas as pessoas.

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