Os bons profissionais estão cada vez mais escassos, coisa rara mesmo de se encontrar. Quando você acha um deles, é bem simples notar a diferença que eles produzem ao seu redor.

Como consultor, tive a oportunidade de trabalhar com um diretor importante, superexigente e meticuloso. Excelente profissional, gente fina. Ele não supervalorizava a si mesmo, como muitos fazem. O que era, era; o que não, não. Ponto. Simples.

Impecável articulador, obstinado e consciente, preocupado em enxergar os resultados da consolidação que íamos fazer com a sua equipe diretiva, ele estava genuinamente interessado em entregar um bom trabalho. Um trabalho impecável.

Ele media as palavras e não passava a mão na cabeça das pessoas de sua equipe. Ele tonificava os outros, pedia sempre mais para aqueles que podiam dar mais. Ele aumentava a qualidade, fazia os outros serem melhores. Não colocava distância nem se achava, nada disso. Ele tinha a qualidade humana de conseguir compreender a relevância que tinha no cargo e a habilidade em manobrar a autoridade para comandar e coordenar os outros. Tinha apreço e apego ao legado.

Me chamou a atenção e ainda me chama, não tem sido um caso comum. Há muitos executivos e executivas destreinados, informais demais para a posição que ocupam.

E o mais impressionante é que essa informalidade reflete até mesmo em um comportamento corporal inadequado dentro das empresas, é deixar de ser exemplo para tentar fazer parte de uma falsa horizontalidade hierárquica. Na hora de tomar decisões a verticalidade aparece (e aparece com uma força brutal, autoritária).

É evidente que muitos executivos tentam ser vistos como bacanas, se mostrando descontraídos. O poder se vale de uma certa e importante autoridade, que exige um comportamento, uma gestualidade e uma linguagem que permita enxergar valor, sem parecer autoritário. Não basta ter poder, tem que mostrar que você o merece.

Infelizmente, a haste da profissionalidade é baixa nestes dias. Mediocridade viralizou.

Todo mundo está correndo e quer ser bem-sucedido, adolescentes querem ser youtubers e streamers, porém cada vez menos pessoas estão interessadas em se deter e fazer bem o que tem que ser feito.

Todo mundo pede extensão dos prazos, ninguém respeita os tempos de entrega. Tudo se tornou relaxado, volátil, abstrato.

Muitos profissionais jovens recém-saídos das universidades almejam crescer rapidamente em suas carreiras sem nem sequer compreender o real valor do esforço e da meticulosidade da rotina, do dia a dia. Querem chegar à liderança sem o exercício constante, por vezes exaustivo, mas necessário.

Esportistas sabem bem: treino e dedicação são tudo. Sem treino não existe bom resultado, nem vitória nem recorde. Profissional gosta dos limites, porque os limites são aquilo que justamente o ajuda a mostrar a excelência. É dentro dos limites que ele é um fora de série.

Já recebeu um e-mail mal escrito, sem o menor esmero? Pois é, eu também.

Alguma vez ligou para reclamar sobre um assunto e lhe responderam com dedicação e resolveram seu problema? Pois é, profissionalismo.

Alguma vez pediu comida, chegou errada e, quando falou para eles, enviaram de novo e ainda devolveram o dinheiro? De novo, profissionalismo. Nos detalhes estão as grandes diferenças, é fazer bem o que tem que ser feito.

Tem um ditado que diz que "olhando se aprende". Olhando aquelas pessoas que dedicaram muito tempo a treinar seu talento, aquelas pessoas que fazem coisas com dedicação e amor, a gente pode aprender muito. É preciso observá-las com atenção.

Arroz e feijão é coisa simples, agora, muito bem feitos podem ser uma delícia indescritível. Quando uma pessoa faz uma coisa difícil e parece fácil, ela é um profissional. À força de repetição, desenvolveu o dom.

Trabalhar bem, com vontade e compromisso, gera impacto e contagia o entorno. Nos pequenos gestos bem feitos, um profissional pode mudar o mundo dos outros. Qualquer tarefa pode ser feita em alto grau. Quando uma pessoa faz algo aprimoradamente ela consegue fazer a diferença ao seu redor. Gera uma certa beleza. O exemplo arrasta e você imprime uma marca, a sua marca nos outros. E essa marca é inspiracional, divina e eterna.

Essa é a marca que o diretor importante mais profissional que conheci em toda a minha vida imprimiu em mim. Seu profissionalismo me fez um melhor consultor.