Você viu, né? A Mona Lisa, o quadro mais famoso do mundo, levou uma tortada na cara no domingo passado. Na verdade, não foi exatamente na cara, mas em seu vidro blindado de proteção. Um visitante, usando peruca e se locomovendo disfarçadamente numa cadeira de rodas, atacou a obra do italiano Leonardo da Vinci, no Museu do Louvre, em Paris.
Quem inventou esse negócio de "torta na cara"?
A primeira vez que alguém levou uma torta na cara foi no filme "A Noise From the Deep", que estreou nos Estados Unidos em 17 de julho de 1913. A vítima foi o ator Roscoe Conkling Arbuckle, também conhecido como "Fatty Arbuckle" (no Brasil, traduzido como Chico Bóia). Na cena, ele também arremessou tortas, mostrando sua habilidade para jogar duas tortas ao mesmo tempo, em direções opostas.
Depois dele, o cinema não parou mais de se lambuzar com o artifício. Um dos filmes da dupla O Gordo e o Magro, "Battle of the Century", de 1927, teve quase quatro minutos de tortadas. Para isso, foram necessárias 400 tortas em cena! Há também uma clássica guerra de tortas em um dos filmes de Os Três Patetas, "In The Sweet Pie and Pie", de 1941.
O que começa com um tropeço e um bolo na cara por acidente termina em lançamentos generalizados de tortas em todos os convidados de uma festa. Já imaginou?
Quer dizer que a ideia não foi do SBT?
As cenas de torta na cara se tornaram marca registrada do programa "Passa ou Repassa", lançado pelo SBT em 1987, inicialmente como um quadro do "Programa Sílvio Santos". No ano seguinte, Gugu Liberato assumiu a apresentação. Hoje o programa é comandado por Celso Portiolli.
O "Passa ou Repassa" foi todo inspirado no game show "Double Dare", da Nickelodeon, dos Estados Unidos, criado em 1986. Os americanos inventaram a melequenta brincadeira, que começou a ser reproduzida aqui em 1989. Errou a resposta? Plaft! Torta de merengue na cara e no cabelo.
Esse foi o maior trauma que a Mona Lisa já sofreu em seus 500 anos de vida?
Ih, não foi, não. O trauma maior aconteceu em 21 de agosto de 1911. O Louvre estava fechado para limpeza e a Mona Lisa foi roubada. A comoção tomou conta do mundo e uma onda de fake news resultou até na prisão do pintor Pablo Picasso como suspeito.
Na verdade, a história foi assim: o italiano Vincenzo Peruggia, um ex-funcionário, tirou o quadro de sua moldura e saiu com ele, enrolado num avental, debaixo do braço. Durante dois anos, a tela ficou escondida no fundo falso de um baú do apartamento de Peruggia, embaixo da cama.
Quando o caso parecia esquecido, ele tentou vender a pintura ao governo italiano. As autoridades italianas o prenderam e devolveram o quadro aos franceses. No julgamento, Peruggia alegou que seu ato foi motivado por patriotismo —queria ver o quadro de volta ao país de seu criador.
Acabou recebendo uma pena leve, um ano e quinze dias, mas só ficou preso por sete meses. Da Vinci havia deixado grande parte de sua obra na França como herança. O artista morreu em Amboise, na França, em 2 de maio de 1519.
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