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Descrição de chapéu Eleições 2020 senado

Bolsonaro repete dado falso mais uma vez e faz vídeo pedindo votos para Wal do Açaí

Presidente diz que assessora estava em férias quando vendia açaí, mas Folha a visitou em meses diferentes

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a repetir dados falsos sobre reportagem da Folha a respeito de funcionária fantasma que trabalhava em seu gabinete.

Em vídeo gravado em seu gabinete, Bolsonaro pede votos para sua ex-assessora Walderice Santos da Conceição, que será candidata a vereadora de Angra dos Reis (RJ) com o sobrenome da família presidencial.

Wal do Açaí, Carlos (esq.) e Jair Bolsonaro
Wal do Açaí, Carlos (esq.) e Jair Bolsonaro - Wal Bolsonaro no Facebook

Após reportagem da Folha, em 2018, ela ficou conhecida pelo apelido Wal do Açaí, já que trabalhava em um comércio de açaí na mesma rua onde fica a casa de veraneio de Jair Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) durante o horário de expediente da Câmara, onde ela era assessora do então deputado federal.

"Olá, amigos de Angra dos Reis. Vocês sabem da minha ligação que eu tenho com a Wal do Açaí e com o Edenilson, marido dela, um grande amigo meu, e vocês sabem da injustiça que foi feita para com ela naquele caso lá atrás, quando a acusaram de ser fantasma em uma época em que ela estava, segundo o boletim administrativo da Câmara, de férias. Ou seja, podia estar em qualquer lugar do Brasil e do mundo que não teria qualquer problema", diz Bolsonaro em vídeo.

"Então nesse momento eu aconselhei, orientei a Wal a vir candidata a vereadora aí por Angra dos Reis e você, na medida do possível, eu peço a você que vote na Wal. Ela está botando até o nome Wal Bolsonaro. Tá autorizado", completa o presidente.

Desde a primeira reportagem da Folha, publicada em 11 de janeiro de 2018, Bolsonaro vem dando diferentes e conflitantes versões sobre a assessora para tentar negar irregularidades, todas elas não condizentes com a realidade.

Ao Jornal Nacional, em outubro de 2018, ele disse que a assessora estava em férias quando o jornal visitou o local pela primeira vez, em janeiro, e não disse, porém, que a Folha retornou ao local em agosto e comprou das mãos da funcionária um açaí e um cupuaçu durante horário de expediente da Câmara.

“Tem uma senhora de nome Walderice, minha funcionária, que trabalhava na vila histórica de Mambucaba, e tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S.Paulo foi lá neste dia 10 de janeiro fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como fantasma. É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim administrativo da Câmara de 19 de dezembro, ela estava de férias.”

A Folha esteve na pequena Vila Histórica de Mambucaba em duas oportunidades.

A primeira foi em 11 de janeiro, durante o recesso parlamentar, a reportagem ouviu de diversos moradores, em conversas gravadas, que Walderice não tinha ligação com a política, prestava serviços na casa do parlamentar e tinha como atividade principal a venda de açaí e cupuaçu, em uma loja que inclusive leva o seu nome, “Wal Açaí”.

Segundo pelo menos quatro depoimentos gravados com moradores da região, o marido dela, Edenilson, era caseiro do imóvel de veraneio do então deputado, que mora na Barra Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

As portas do estabelecimento "Wal Açaí", na mesma rua, foram fechadas às pressas assim que se espalhou a informação sobre a presença de repórteres na região.

Fachada da loja de açaí de Walderice Santos da Conceição em Mambucaba, Rio de Janeiro
Fachada da loja de açaí de Walderice Santos da Conceição em Mambucaba, Rio de Janeiro - Lucas Landau - 2.mai.2018/Folhapress

Neste dia, a Folha encontrou com Bolsonaro, por acaso, no local e convidou o jornal a visitar a sua casa - quem estava com chaves era exatamente o marido de Walderice.

Na ocasião, Bolsonaro deu diversas explicações sobre a funcionária, mas em nenhum momento disse que ela estava de férias, argumentação que veio meses depois.

Na segunda oportunidade, em 13 agosto, a Folha retornou à vila e comprou das mãos de Walderice um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara. O presidente eleito omitiu essa informação na entrevista ao Jornal Nacional.

À reportagem, Walderice afirmou naquele dia trabalhar no local todas as tardes. Minutos depois de os repórteres se identificarem e deixar a cidade, ela ligou para a Sucursal da Folha em Brasília afirmando que iria se demitir do cargo.

O então candidato confirmou sua demissão e disse que o "crime dela foi dar água para os cachorros".

Segundo as regras da Câmara, a pessoa que ocupe o cargo de secretário parlamentar, o caso de Walderice, precisa trabalhar exclusivamente para o gabinete no mínimo oito horas por dia.

A secretária figurou desde 2003 como um dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília. Seu último salário, foi, bruto R$ 1.416,33.

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