Os deputados federais Alexandre Padilha (PT-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acionaram o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público para que o Ministério da Saúde do governo Jair Bolsonaro explique ofício enviado para a Prefeitura de Manaus em que cobra o uso de medicações de eficácia não comprovada para o tratamento da Covid-19, como cloroquina e ivermectina.
Como revelou o Painel, a pasta do ministro Eduardo Pazuello também pediu autorização para fazer uma ronda nas Unidades Básicas de Saúde para encorajar o uso das medicações. A alternativa, não utilizá-las, é tratada como "inadmissível" em documento enviado para a secretaria municipal de Saúde da capital do Amazonas.
A capital do Amazonas e o estado têm batido recordes de internações e mortes e têm sofrido com a falta de leitos e de equipamentos.
Padilha, ex-ministro da Saúde, pede que a "irresponsabilidade com os recursos públicos" seja apurada pelo Tribunal de Contas da União. Pede também que a Corte impeça o Ministério da Saúde de recomendar tais medicações aos municípios e estados e de fazer essas visitas para disseminar o "tratamento precoce".
"No momento em que países já começaram o processo de vacinação da sua população, é estarrecedor que o Ministério da Saúde tenha apresentado apenas um arremedo de Plano Nacional de Vacinação, e continue empenhando recursos públicos de grande vulto para oferecer medicamentos que não possuem eficácia científica comprovada contra a Covid-19", escreve Padilha, que também enviou um requerimento de informações à pasta de Pazuello.
"Vê-se —com algumas vacinas disponíveis produzidas por diferentes laboratórios e países— desde logo que não apenas era falsa a dicotomia entre economia e vidas propagada no início pelo chefe do Poder Executivo, como mero recurso retórico para o exercício efetivo de uma necropolítica", completa.
Marcelo Freixo, por sua vez, anunciou em suas redes sociais que recorrerá ao Ministério Público Federal e também comparou falhas na programação do governo federal à iniciativa de enviar o ofício.
"Em vez de providenciar agulha, seringa e calendário de vacinação, Pazuello está pressionando a prefeitura de Manaus a distribuir cloroquina e ivermectina na rede pública. Até ronda nos postos de saúde o ministro quer fazer. Vamos acionar o Ministério Público Federal."
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