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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Exportadores já se preocupam com relação entre Bolsonaro e novo presidente argentino

Para associação, ideologia não pode ser barreira para negócios

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São Paulo

Setores exportadores se preocupam com as relações entre Jair Bolsonaro e o presidente recém-eleito na Argentina, Alberto Fernández.

Na avaliação de um grande industrial, se Bolsonaro entrar em colisão com Fernández, pode perder oportunidade de negociar com um país que está fragilizado, porque, neste momento, a Argentina precisa muito mais do Brasil do que o contrário. Um sinal de apoio brasileiro poderia estimular o vizinho a se manter em uma agenda mais moderada. 

O que preocupa empresários é que as primeiras interações foram conflituosas. Para um representante de um dos maiores setores exportadores, embora o argentino tenha provocado Bolsonaro ao fazer gesto de Lula Livre com as mãos, o presidente brasileiro poderia ter saído relevado, sem reagir no mesmo tom. 

No domingo, Fernández publicou nas redes sociais uma foto fazendo sinal de L com os dedos polegar e indicador, em sinal de apoio ao ex-presidente brasileiro preso, ao que Bolsonaro respondeu dizendo que foi uma afronta à democracia brasileira. 

Entidades de grandes setores exportadores ainda avaliam o resultado da eleição. Procurada pela coluna, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirmou que não irá comentar o assunto.

A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) alerta que se o Brasil criar dificuldades, pode perder um comprador importante. "Não podemos abrir mão da Argentina porque a China pode ficar muito feliz com qualquer prejuízo na relação", afirmou ele. 

Segundo Castro, a Argentina deve ainda adotar barreiras à importação brasileira e o setor automobilístico deve ser o mais afetado.   A relação entre os dois países, de acordo com ele, é importante para favorecer negócios entre o Mercosul e a União Europeia.

"O melhor é deixar a poeira assentar e não fazermos comentários contra a Argentina", disse Augusto de Castro.  

Após o resultado da eleição, neste domingo (27), Synésio Batista, presidente da associação de fabricantes de brinquedos Abrinq, diz ter recebido telefonema de seus colegas representantes da indústria argentina questionando sobre como continuariam os negócios. 

Batista afirma ter assegurado que as relações com os vizinhos não mudam em nada com a nova gestão. 

"Se ficarmos com implicância, vamos perder. Os argentinos continuam sendo nossos parceiros, sem essa história de ideologia. Temos um acordo de complementação industrial e vamos continuar. Eles fornecem partes e peças e nós terminamos aqui no Brasil", diz Batista.  

José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), diz esperar que a eleição de Fernández ajude na recuperação da economia argentina para que aconteça uma retomada das importações. 

Sobre a possível saída do Brasil do Mercosul, a entidade afirma que é uma questão precipitada. “Não é uma decisão simples e existe uma questão jurídica por trás, não achamos que isso seja uma coisa tão simples de acontecer”. 

José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), diz esperar que a eleição de Fernández ajude na recuperação da economia argentina para que aconteça uma retomada das importações. 

Sobre a possível saída do Brasil do Mercosul, a entidade afirma que é uma questão precipitada. “Não é uma decisão simples e existe uma questão jurídica por trás, não achamos que isso seja uma coisa tão simples de acontecer”. 

Sobre os impactos nas importações argentinas, a entidade diz que o país é o principal destino em volume das exportações dos associados, especialmente nas companhias focadas na produção da linha branca. “Uma melhora no cenário econômico afetará positivamente o consumo local e será benéfico para o nosso setor”.
 

Em nota, a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) disse que a eleição de Fernández "traz novamente o fantasma de possíveis barreiras aos calçados brasileiros exportados para a Argentina". 

"É natural que exista o receio [da volta do protecionismo]. Durante boa parte de governo de Cristina Kirchner, hoje vice-presidente na chapa eleita, tivemos problemas com a liberação de licenças, com prejuízos que chegaram a mais de US$ 200 milhões", afirmou Haroldo Ferreira, presidente da entidade, em comunicado. ​

A Argentina, de acordo com a entidade, é o segundo destino internacional do calçado brasileiro, importou 7 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 77 milhões, quedas de 25,5% em volume e de 33% em receita na comparação com 2018.

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