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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Saída de Moro decepciona e preocupa empresários

Setor privado se preocupa com a atração de investimentos no Brasil

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Subiu no telhado A saída de Sergio Moro do governo nesta sexta (24) foi recebida com decepção e preocupação no empresariado. O imediato impacto no câmbio alertou setores dependentes de importação. O futuro da crise política, além das negociações de Bolsonaro com o centrão, acenderam o sinal vermelho para a atração de investimentos. Até entre empresários que costumam defender atitudes polêmicas do presidente a conclusão é que um dos pilares mais fortes do governo caiu.

Vela “É triste ver a trajetória iluminada de um juiz e personagem tão importante para a nação apagada pela burocracia e ineficiência pública”, diz Christopher Vlavianos, presidente da gigante do mercado de energia Comerc​.

Pesadelo “Fica cada vez mais evidente que o sonho de ter um plano de país como o que queremos ser, com metas claras, investimentos, ambiente de negócios competitivo, segurança, ética e justiça no amplo sentido da palavra não passa de um sonho”​, afirma Laércio Cosentino, presidente do conselho da Totvs.

Traição Para Gabriel Kanner, presidente do Brasil 200, grupo de empresários que vinha apoiando as ações de Bolsonaro desde 2019, o episódio foi uma “decepção absoluta”, e todos que acreditaram no discurso anticorrupção se sentiram traídos.

Já Um dos maiores defensores do presidente no empresariado, Winston Ling, afirma que a saída Moro já respingou na economia. Ling, que ficou conhecido como o empresário que apresentou Paulo Guedes a Bolsonaro, diz que não entende de política. “Só sei que o Brasil sai perdendo”, afirma.


Prosa

O empresário sino-brasileiro Winston Ling, apoiador do presidente Jair Bolsonaro 2
O empresário sino-brasileiro Winston Ling - Divulgação

"A credibilidade do Brasil está muito baixa e isso afugenta os investidores externos, que irão se retrair ainda mais, prejudicando o programa de privatizações"

Winston Ling
investidor


Sem norte O empresário José Seripieri Junior (QSaúde) diz que a saída de Moro coloca o Brasil em mares revoltos. “Apertemos os cintos de segurança, além da dramática crise da Covid-19”, afirma ele.

Horizonte Horácio Lafer Piva (Klabin) diz que a tensão cresceu e a percepção externa piora. O empresário lamentou a demissão do ex-ministro que, segundo ele, tem dado demonstrações recorrentes de compromisso com a lei.

Acareação “Estamos diante de afirmações contraditórias e logo saberemos quem tem mais razão, mas acredito que ele não tinha mais clima para ficar”, disse Piva após o discurso de Bolsonaro nesta sexta sobre a saída de Moro.

Fogo “Já não chega a instabilidade da pandemia. O enfrentamento dela é um improviso porque não tem nada no passado que possa balizar a tomada de decisões, e ele pega e joga mais gasolina na fogueira​“, afirma José Roriz, vice-presidente da Fiesp e presidente da Abiplast (associação da indústria de plásticos).

Velha política Para Roriz, a aproximação de Bolsonaro com o centrão também turva a cena. “Enquanto o mundo todo foca na solução da pandemia, o governo está com foco em politicagem que a gente já conhece do passado que não traz segurança para nenhum investidor”, diz ele.

Calma “Enquanto o momento pede serenidade, o presidente insiste em elevar a temperatura, inclusive em cima de seus próprios aliados. Se o caminho da recuperação tem de vir do investimento, é preciso respeitar regras e instituições e dar segurança a empresários e investidores”, afirma Ricardo Lacerda (BR Partners).

Silêncio Apesar de tantas manifestações de aborrecimento no setor privado sobre a saída de Moro, o tema ainda é tabu. Procurado pela coluna para comentar o fato, um dos maiores empresários do Brasil disse que, por ora, prefere ficar “atrás do toco”. Um outro grande alegou que estava na reunião do conselho da empresa, do qual é presidente.

com Filipe Oliveira e Mariana Grazini

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