José Carlos Alves de Souza, 71, dono do tradicional restaurante Ponto Chic, de São Paulo, morreu de Covid-19 no domingo (28).
O empresário estava à frente do Ponto Chic desde 1978, quando ele e o pai, Antônio Alves de Souza, 90, compraram a marca.
Inaugurado no largo do Paissandu, no centro, em 1922, o Ponto Chic se tornou uma casa tradicional na capital paulista. Se expandiu para os bairros Paraíso e Perdizes e ficou conhecido pelo bauru, cuja receita tem mais de 80 anos.
O restaurante até hoje carrega um simbolismo que se mistura à história da cidade. Fundado no ano da Semana de Arte Moderna, acumula relatos folclóricos de ex-alunos da faculdade de direito do largo São Francisco, como a própria criação do bauru, o sanduíche com queijo, rosbife, tomate e pepino em conserva, que foi sugestão de um dos estudantes, segundo os registros da casa.
“Ele amava São Paulo, tinha paixão pela cidade”, diz Rodrigo Alves, terceira geração da família.
Segundo o filho, foi o empresário quem teve a ideia e colaborou com a pesquisa do livro "Ponto Chic - Um Bar na História de São Paulo", escrito por Angelo Iacocca, com prefácio de Ignácio de Loyola Brandão e publicado pela Editora Senac. A obra conta a história da cidade e do restaurante através de relatos de clientes e documentos antigos.
A empresa vem enfrentando dificuldades devido às restrições de circulação que fecharam os estabelecimentos na pandemia.
Em janeiro, o Ponto Chic teve uma grande repercussão depois que Rodrigo Alves anunciou que manteria o estabelecimento aberto a despeito das restrições impostas pelo governo de São Paulo. Em uma rede social, o empresário escreveu que abriria as lojas "pela dignidade, pela vida, pelos empregos."
José Carlos Alves de Souza foi internado na UTI do hospital São Camilo, em São Paulo. Segundo a família, ele foi contaminado pelo vírus em Franca, no interior paulista, enquanto acompanhava o pai, internado com Covid-19. Ele deixa dois filhos, quatro netos e a esposa.
com Filipe Oliveira e Andressa Motter
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