O avanço da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que nesta terça (9) teve a votação concluída no plenário da Câmara dos Deputados, dividiu a opinião de empresários ligados a Bolsonaro.
Enquanto Salim Mattar, o fundador da Localiza que foi secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, foi às redes sociais para reclamar, Luciano Hang, da Havan, defendeu e ganhou uma curtida de Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero.
"A Câmara infelizmente aprovou a PEC dos Precatórios. É uma pena que ao invés de aprovarem a venda de ativos ou corte de gastos, os deputados preferiram furar o teto e dar calote", escreveu Mattar.
O dono da Havan, por outro lado, exaltou a PEC como um caminho para viabilizar os R$ 400 do Auxílio Brasil em um momento de pobreza crescente.
"Partidos de oposição ao governo, que tanto batem no peito para dizer que as causas sociais pertencem a eles, votaram contra a PEC. Pensam em política, em eleição e interesses próprios. Agora é o momento de ajudar os mais necessitados. Vão abandonar o povo quando mais precisam?", escreveu o varejista na internet.
Fora do circuito bolsonarista, o empresariado elevou o nível de preocupação.
José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação do comércio exterior), diz que o avanço da PEC neste momento atrapalha o empresário que antecipou o planejamento deste ano.
"Quem se programou não sabia do custo dessa medida, que está fazendo a taxa de câmbio e os juros subirem. É custo que às vezes inviabiliza a operação", afirma.
Segundo Castro, está difícil explicar o atual cenário político e econômico para o investidor estrangeiro, que está sendo mais cauteloso ao entrar no país.
Para Fernando Pimentel, presidente da Abit (associação da indústria têxtil), está na hora de virar a página da PEC dos Precatórios e avançar em reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa.
"Nós entendemos que é preciso atender aos mais necessitados. Mas a solução não foi a melhor, porque rompe com o teto e cria incertezas na questão dos precatórios", diz.
Ele avalia que a agenda política está predominando sobre a técnica, e defende a reestruturação do orçamento brasileiro, que considera engessado.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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