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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Anfitrião de jantar para Doria diz que tucano deu sinal claro de desistência da candidatura

Marcos Arbaitman, dono da Maringá, afirma que soube da reviravolta na manhã seguinte

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São Paulo

O empresário Marcos Arbaitman, anfitrião do jantar que homenageou João Doria na quarta-feira (30), afirma que o agora ex-governador deu sinais claros, naquela noite, de que considerou realmente deixar a corrida presidencial.

Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo - Divulgação

No vaivém de informações, Arbaitman diz que seu amigo tucano estava decidido a abrir mão da candidatura, mas na manhã seguinte lhe enviou uma mensagem com um sinal de positivo para confirmar que seguiria na disputa.

Para além das conversas políticas, circulou no jantar a informação de que a Maringá, empresa de turismo de Arbaitman, registrou recorde de vendas em março, apesar do cenário negativo de guerra e aumento das passagens aéreas, o que, segundo o empresário, é um sinal de retomada das viagens de negócios após o impacto sofrido na pandemia.

O sr. e a Maringá Turismo apareceram no noticiário por causa do jantar com empresários do qual Doria participou na sua casa. Para além da política, se falou de um recorde de vendas da sua empresa no evento. O turismo reagiu à crise da pandemia? A informação é verdadeira. Março, que encerrou agora, bateu recorde de vendas em 54 anos de empresa, o que é alvissareiro para o mercado, as aéreas, a rede hoteleira e as pessoas que querem viajar. A nossa dificuldade é lugar em avião.

As aéreas subiram as tarifas, mas não tem lugar. Está havendo um boom no ramo de viagens. Este mês foi estupendo.

O setor reagiu apesar do cenário de guerra, alta do preço da passagem e do combustível de avião? E teve queda do dólar de R$ 5,7 para R$ 4,7. Isso ajuda. Mas tem as passagens aéreas. Agora, a companhia abre um voo e começa a encher o voo. O sistema vai aumentando o valor. Quando tem só 4 ou 5 lugares, a tarifa vai de US$ 600 para US$ 1.800 na econômica. É um sistema que as companhias criaram para voltar a ter rentabilidade.

Todas as empresas aéreas no mundo perderam bilhões nesses últimos dois anos. Nossa empresa teve receita zero. Todo mundo que reprimiu as viagens agora quer viajar de novo.

Isso também está acontecendo no segmento de viagem corporativa, que foi muito abalado? Uma parte, 82% da nossa empresa é corporativo.

Pega uma Volkswagen, que é nosso cliente, eles pararam de voar para a Alemanha e faziam reunião virtual.

Em 2020 e 2021 foi receita zero, e para não dispensar os nossos 456 profissionais, fomos buscar nossa reserva para cumprir o compromisso.

Agora, eu que estou no ramo há 50 anos, nunca vi um boom como esse. Estamos contratando mais 16 profissionais para tecnologia, 11 para atendentes de viagem.

Sobre o jantar com Doria, o sr. esperava que teria aquela repercussão toda? O João Doria é meu amigo e irmão há 44 anos. Na época, o Mário Covas me chamou para conhecer o presidente da Paulistur. Chegando lá tinha um rapaz, 21 anos.

Dois anos depois, ele estava na Embratur. Lançou um projeto Passaporte Brasil, em que cada agência devia contribuir com R$ 5.000 para fazer publicidade do Brasil no mundo inteiro. Depois, foi para a iniciativa privada, ficou milionário.

É um estadista que eu gostaria que o Brasil tivesse. E, se não for ele, o Moro. E o João resolveu manter a candidatura, apesar de ter gente no próprio partido que é contra ele.

Na sua opinião, a estratégia de Doria foi adequada? Tudo aconteceu um pouco antes e depois do jantar, mas ele discursou como presidenciável na sua casa, não? A ideia dele era tão clara de que ele ia deixar a candidatura. Para quem ouviu direito, e olha que nós convidamos 182 pessoas e tinha 209, mas ele foi claro. Disse: "Não precisa ser eu o candidato. Pode ser eu, Moro, Simone Tebet, pode ser quem for. O que eu não quero são os dois que estão na ponta. E é isso que a população não quer. Não precisa ser eu".

Ele saiu da minha casa mais ou menos meia-noite. Como ele é um irmão, me mandou uma mensagem. Ele chegou em casa, e trabalhou, depois de trabalhar, ele me mandou uma mensagem.

Ele estava decidido a abrir mão só para deixar livre para quem quer ser. Mas ele tem amor ao Brasil. É maluco, porque vai trabalhar feito um doido. Não precisa disso.

Se o Brasil tiver sorte, ele vai ser eleito. Mas se ele tiver sorte, ele não vai. E nós vamos ganhar o amigo de volta.

Marcos Arbaitman

empresário

Tem tanta gente que é contra. A família do Bolsonaro, eles querem matar ele porque ele usa calça justa. E ele estava com uma calça justa. Esse é o defeito dele?

O sr. já sabia que haveria isso? Só de manhã, que o Raul Doria, irmão dele, me ligou e disse: "eu acho que o João vai continuar candidato".

Eu mandei uma mensagem para o João: "Habemus presidente?". Ele mandou aquele sinal de positivo. Eu já sabia, de manhã, que ele ia continuar candidato.

À meia-noite quando ele saiu de casa, ele estava com a disposição. É muito ataque. Ele foi cercado. Deve ser porque é candidato. Ele chegou a pensar, sem dúvida nenhuma. Ele falou isso para as pessoas que estavam lá: "Não precisa ser eu. Tem que entrar uma pessoa honesta".

O sr., que teve uma ligação com Mário Covas no PSDB, como vê o racha no partido? Eu sou empresário, não sou de partido nenhum. O Mário Covas me perguntava se eu não ia me filiar, eu dizia: "eu sou do PMC, Partido Mário Covas, em você eu acredito, mas tem uns caras aí no seu partido que é barbaridade".

Raio-X
Presidente do Grupo Arbaitman, que conta com as empresas Central de Eventos, Lemontech e Maringá Turismo. Presidente do Hadassah Brazil e dos Patronos do Theatro Municipal de São Paulo. Foi secretário estadual de Esportes e Turismo nos governos Mário Covas e Geraldo Alckmin

Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco

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