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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Banco Central

Gleisi agrada empresários em jantar com confirmação de Campos Neto no posto

Presidente do PT foi cobrada sobre linha econômica de Lula em eventual mandato

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São Paulo

No jantar de Gleisi Hoffmann com cerca de 30 grandes empresários e executivos do setor financeiro nesta segunda (4), uma informação foi recebida com pouca repercussão na sala, mas considerada o ponto alto do evento por alguns dos participantes.

Quando lhe perguntaram sobre um eventual convite petista a Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central nos oito anos de governo Lula (2003-10), a presidente do PT disse que Roberto Campos Neto será mantido no posto.

No ano passado, Campos Neto assumiu o primeiro mandato fixo desde a criação da autoridade monetária para ficar no comando do BC até 2024, com apenas uma renovação possível. A impressão da plateia sobre a fala de Gleisi é a de que ela não se comprometeu com a renovação do mandato, até porque 2024 parece muito longe neste 2022 turbulento, mas a sinalização de que não se pretende rasgar a lei, nas palavras de um deles, acalentou.

Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, em evento no Palácio do Planalto - REUTERS

Um dos empresários se animou com a possibilidade de Lula chamar Campos Neto para conversar.

Entre outros gestos que podem ter agradado parte da plateia, ela afirmou que um eventual retorno do governo Lula exaltaria o diálogo com o empresariado, lembrando a formação do antigo Conselhão, criado pelo petista em 2003.

Com o nome oficial de Conselho do Desenvolvimento Econômico e Social, o grupo funcionava como uma espécie de cinturão de apoio político da iniciativa privada ao governo petista e tinha participações de peso como Abilio Diniz. Também no jantar desta segunda, Abilio comentou com os presentes que não é verdadeira a impressão de que a economia do Brasil esteja tão mal.

A fala é um contraponto à descrição do cenário de inflação, enfraquecimento de renda e emprego que o país enfrenta hoje.

O jantar, realizado na casa do empresário João Camargo, do Esfera Brasil, teve uma lista de convidados com nomes de peso do setor privado, parte deles com forte proximidade ao bolsonarismo, como Flavio Rocha (Riachuelo) e Eugenio Mattar, irmão do ex-secretário de Bolsonaro Salim Mattar (Localiza).

Ainda assim, a conversa foi considerada amistosa, com elogios à apresentação de caras novas no partido e alguma cobrança sobre os erros do PT e o esperado movimento para o centro. A maior cobrança foi por uma definição da linha econômica.

Gleisi foi acompanhada do jovem economista Gabriel Galípolo, de 39 anos, ex-presidente do Banco Fator.

O que parte deles não gostou nem um pouco foi de ouvi-la indicar a retomada dos investimentos públicos em refinarias de petróleo como alternativa para amenizar o preço dos combustíveis no bolso do brasileiro. Não caiu bem na plateia que aprecia o movimento de venda das refinarias da Petrobras após o fim dos governos petistas.

Um deles apelidou a ideia de "volta da Petrobras grande".

A sinalização de Gleisi de que os preços da estatal não seriam congelados em um eventual governo petista, mas suavizados, foi interpretada como uma forma de atraso nos reajustes, similar ao praticado no governo Bolsonaro, segundo as impressões de outro empresário que participou do jantar. O que ela disse foi que o objetivo é mudar a política de paridade internacional e rever a aplicação dos lucros da estatal.

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