Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.
Descrição de chapéu Opinião de empresário

Intercâmbio híbrido deve permanecer no pós-pandemia, diz empresa de educação

Eduardo Santos, da EF Education First, diz que reabertura das fronteiras e câmbio favorecem viagens de estudo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A reabertura das fronteiras e o atual momento do câmbio favoreceram as viagens de estudos e os intercâmbios, mas o modelo híbrido deve permanecer, mesmo depois que a pandemia acabar, segundo as previsões de Eduardo Santos, diretor da EF Education First. Ele afirma que o híbrido saltou de 12% a 15% para 34%.

" Apesar de as fronteiras estarem abertas para voltar a viajar, não necessariamente as pessoas têm deixado de privilegiar parte da jornada com soluções digitais", diz.


O mercado de intercâmbio está em um momento melhor da pandemia e do câmbio? Isso teve efeito? Sem dúvida, esse modelo mental de que a pandemia acabou, com as fronteiras reabertas, é um dos elementos do bom momento para os negócios. Agora, o que temos observado é que mais do que nos trazer o desejo de voltar as viagens e o intercâmbio, quando você olha os executivos e as grandes organizações que demandam o desenvolvimento de capital humano, há um conceito novo de habilidades e comportamentos que os profissionais precisaram aprender muito rápido.

O volume de negócios tem aumentado absurdamente, sim, porque as fronteiras reabriram e as pessoas querem viajar para fazer curso de curta ou longa duração de educação executiva ou intercâmbio. Mas essa demanda reprimida está sendo impulsionada principalmente por esse advento de um novo ambiente econômico super rápido. Então não só as fronteiras, mas a necessidade de novas habilidades, tem sido o que tem impulsionado os nossos negócios.

Homem usa camisa branca e blazer preto aberto na frente. Ele está com as mãos nos bolsos da calça. Ele usa cabelo curto.
Eduardo Santos, diretor da Hult EF Corporate Education, divisão da EF Education First - Divulgação

As pessoas estão buscando viagem agora para se atualizar à nova cultura trazida pela pandemia? Com a dinâmica de mudanças que nós vivemos nesses últimos anos, buscam cursos que dão a capacidade de um indivíduo, em um curto espaço de tempo, obter habilidades, aprender novos comportamentos, conhecer novas ferramentas para voltar para os seus negócios e conseguir colaborar internacionalmente, liderar uma jornada de inovação e aprender esse novo modelo de gestão.

A retomada tem impulsionado a busca por conteúdo lá fora, seja através de uma solução digital ou de um modelo híbrido. Pode compor treinamentos a distância com treinamentos de uma viagem curta para dar celeridade. Eu mesmo estou em um programa interno nosso de estratégias de decisão em que eu faço uma semana aqui no Brasil, por meio de uma solução digital, e depois vou a Londres para três dias de imersão.

Qual é o tamanho da participação desse modelo híbrido antes e depois da pandemia nos seus negócios? Em 2019, de 10% a 15% da nossa receita se dava por modelos híbridos. Boa parte do nosso negócio ou era 100% presencial, aquelas pessoas que viajavam para fazer os cursos, ou 100% digital. No fechamento do nosso primeiro semestre do ano fiscal, houve um aumento de quase 64% das nossas receitas. Desse total de vendas novas, o híbrido saltou de 12% a 15% para 34%, ou seja, praticamente dobramos a experiência.

Estamos entregando duas vezes mais experiências de aprendizado combinando tecnologia e presencial do que fazíamos em 2019. E estamos nos preparando para continuar escalando isso porque o digital se comprovou. As barreiras que as organizações tinham com o digital caíram.

E o câmbio, o que o novo patamar já trouxe para vocês? Aqui no Brasil, claro, do ponto de vista de decisão, principalmente para o consumidor final, o câmbio é um grande fator. A gente experimentou um volume interessante de vendas durante a pandemia em que as pessoas, apesar do câmbio super alto, diziam que queriam comprar o curso, mesmo sem saber quando poderiam viajar.

Claro que tem uma decisão econômica a ser tomada, mas isso não foi essencial. Agora, para as organizações, sabendo que elas podem combinar presencial com digital, o câmbio não tem sido um fator limitador. Ele é um fator, talvez de instrução. Em alguns momentos, talvez você tenha que aumentar um pouco a presença digital na jornada de aprendizado e diminuir a exposição a uma viagem internacional, caso haja um limitador de investimento.

Então, acho que o bacana dessa história é que, apesar de as fronteiras estarem abertas para voltar a viajar, não necessariamente as pessoas têm deixado de privilegiar parte da jornada com soluções digitais.

Com clientes corporativos, temos combinado jornadas de aprendizado em que o cliente começa no Brasil através de soluções online de aprendizado de inglês para se desenvolver, para depois, uma vez pronto, ele viajar para passar algumas semanas lá fora fazendo um curso de educação executiva. É claro que tem os fatores de orçamento e capacidade de investimento em que o câmbio aparece na mesa de discussão, mas a gente consegue colocar outras soluções na mesa que envolvem o online.

E o custo da passagem aérea, que também subiu, como impacta? Nas organizações, o custo de deslocamento é um fator definido para determinar o número de pessoas. Eu tenho visto muita empresa combinando viagem internacional a trabalho com uma semana antes ou depois para ficar lá fora e fazer um curso. Eu tenho visto essa criatividade para compor um curso internacional. As pessoas têm começado a visitar as matrizes novamente, e as reuniões presenciais lá fora voltaram.


Raio-x
Graduado em Tecnologia da Informação pelo IBTA (Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada), tem especialização em liderança organizacional pela Ashridge Executive Education, da Hult International Business School. É diretor-geral da Hult EF Corporate Education, divisão da EF Education First.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.