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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Eletrificação de veículos chega a níveis razoáveis até 2030, diz Ford

Daniel Justo, chefe da montadora na América do Sul, anuncia 3 novos modelos no Brasil

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São Paulo

A Ford prepara o anúncio da chegada de três veículos elétricos ao Brasil em 2023, segundo Daniel Justo, presidente da montadora na América do Sul.

A ideia é atender a demanda de diferentes segmentos. Além de uma picape, já no início do ano, será lançado um SUV na categoria de luxo e um comercial para frotas.

Imagem mostra Daniel Justo, um homem branco, sentado em uma cadeira. Ele apoia um dos braços no banco. Justo usa terno.
Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul - Karime Xavier - 24.ago.21/Folhapress

Segundo Justo, a operação brasileira da Ford vai ter papel importante no projeto de produção de veículos elétricos da empresa, que fechou suas fábricas no país em 2020. E a eletrificação no Brasil chega a níveis razoáveis no fim da década.

"Temos 1.500 engenheiros no nosso centro de desenvolvimento no Brasil que estão envolvidos em tecnologias de ponta para os nossos mercados globais, incluindo trabalhos para os eletrificados", diz.

No plano de eletrificação, quais são os lançamentos que a Ford vai fazer no Brasil? Três produtos eletrificados chegam em 2023. Um deles é a Maverick Hybrid, a primeira picape híbrida no Brasil. É um produto que já oferecemos hoje na versão a combustão em toda a América do Sul. Outro produto que nós vamos oferecer na região a partir de 2023 é o Mustang Mach-e. E tem também a E-Transit, que é a versão elétrica do nosso furgão em algumas configurações diferentes.

Esse veículo para frota é demanda do mercado de logística pelo avanço do ecommerce? O [E-Transit] é um produto usado para entrega em grandes centros urbanos. O veículo elétrico tem custo de rodagem menor do que um veículo a combustão. E entrega metas de descarbonização. Estamos vendo grandes players do mercado de varejo buscando eletrificar suas frotas nas grandes cidades.

A Ford diz que quer ocupar posição de liderança na produção de elétricos em 2023, mas qual vai ser o papel da operação do Brasil?A eletrificação se acelera no mundo inteiro em diferentes velocidades. Do ponto de vista de venda de veículos elétricos, vamos estar presentes em todos os segmentos em que a gente compete.

Mas a operação brasileira tem outro papel fundamental. Temos 1.500 engenheiros no nosso centro de desenvolvimento no país que estão envolvidos em tecnologias de ponta para nossos mercados globais, incluindo trabalhos para os eletrificados. Cada veículo tem um pouco da engenharia brasileira no trabalho que estamos fazendo em conectividade, eletrificação e até tecnologias autônomas.

Esse avanço da exportação de serviços de engenharia se expandiu depois do fechamento das fábricas da Ford no ano passado, e qual é o tamanho disso hoje? No momento da transformação do negócio na região, a gente já tinha um centro de desenvolvimento forte no Brasil localizado em sua maioria entre a Bahia e São Paulo.

E estávamos em um momento de transição global com a demanda não só de desenvolvimento de produto, mas também engenharia de software, conectividade e novas tecnologias, aumentando sensivelmente. Vimos a oportunidade de direcionar toda essa força de trabalho que a gente tinha aqui para suportar a nossa operação global.

A capacidade do time aqui há muitos anos é altamente reconhecida. Neste ano, aumentamos em quase 500 posições o tamanho da engenharia.

O Brasil tem quais gargalos para massificar a eletrificação? Dadas as dificuldades que a gente tem de infraestrutura e suporte governamental na América do Sul inteira, principalmente no Brasil, a gente vê a eletrificação progredir com uma cadência de crescimento anual, chegando possivelmente a níveis razoáveis no fim da década.

Alguns mercados estão mais avançados. A Califórnia anunciou que a partir de 2030 não se vendem mais veículos a combustão no estado. Há países da Europa com agenda agressiva de descarbonização e restrição a veículos a combustão. Acredito que o Brasil vai evoluir assim como outros países da região nessa direção.

A matriz energética do Brasil é uma das mais limpas do mundo. E essa combinação de um veículo elétrico com a matriz limpa é forte em termos de redução de emissão de carbono e queima de combustíveis fósseis. O futuro da indústria automotiva é eletrificado, conectado e autônomo.

Agora, vamos ver fluxos de adoção que dependem muito de incentivos e situações de infraestrutura. Mas estaremos presentes. A partir do ano que vem, começamos a acelerar nossa oferta em todos os mercados da região.

E a eleição? Há diferença entre as candidaturas em relação a esse tema? A gente não tem preferência entre qualquer um dos partidos ou candidatos que estão disputando. Acredito que é um tema que vai naturalmente progredir no Brasil, assim como no mundo. Eu não diferenciaria um governo ou outro na capacidade de avançar o tema de descarbonização.

Como está a crise da escassez de componentes? A partir do segundo trimestre do ano passado, vimos restrições nas operações automotivas globais no que diz respeito a semicondutores. Em um segundo momento, vimos também a complexidade de logística aumentando. Impactou forte a indústria. Neste ano vemos melhora progressiva. Ainda é uma dificuldade global.

Em algumas localidades há dificuldade de suprimento pela guerra na Ucrânia, eventualmente por lockdowns de Covid, mas a situação é muito melhor do que há 12 meses. Nossa expectativa é que continue a evoluir para normalização no próximo ano.


Raio-X

Antes de assumir a presidência da Ford América do Sul em 2021, o executivo foi diretor financeiro da Ford América do Sul desde 2018. Ingressou na Ford Motor Company em 1997 e ocupou cargos de liderança como planejamento e análise financeira, auditoria e controladoria das áreas de marketing, vendas e outros.

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