O marketplace de venda de passagens rodoviárias ClickBus, que fez promoção nos finais de semana de eleição com mensagem para estimular o voto de quem estiver fora de sua cidade de votação, relata crescimento de 57% na demanda por bilhetes na comparação com o segundo turno da corrida presidencial de 2018.
Chamada de Ida e Vota, a campanha de desconto em preço de passagem nas datas da votação teve 5 destinos do Nordeste entre os 10 mais buscados, segundo Phillip Klien, CEO da ClickBus. Na lista aparecem Salvador, Alagoinhas, Feira de Santana e Cruz das Almas, na Bahia, além de Fortaleza (CE).
A empresa deu bônus em preço da passagem com o mote de estimular o viajante a ir até o domicílio eleitoral votar. Qual foi o resultado para o negócio no 1º turno? Essa campanha estava focada apenas no 1º turno, e acabamos estendendo também para o 2º turno. Ela foi uma evolução de outra campanha que fizemos nas eleições municipais de 2020. A gente já consegue comparar com a ação de 2020 e ver tendências entre os dois turnos deste ano.
Estamos com uma demanda absurdamente maior. Vimos um incremento na utilização de cupons [de bônus] nessa ação deste ano. Em 2020, tinha outras situações macro, como a Covid, que podem influenciar. Mas enxergamos outros indícios que apontam adesão maior.
Olhando para a demanda de passagens, neste ano temos um aumento de 12% nas vendas em relação ao primeiro ano da campanha.
Analisando dados gerais da demanda por passagens rodoviárias no segundo turno, o setor apresentou um crescimento de 57%, na comparação com o segundo turno das eleições presidenciais de 2018.
É uma correlação, não podemos ter a causa, mas observamos que as pessoas estão viajando mais de ônibus para o voto.
Quais seriam os possíveis motivos desse crescimento? Ainda vamos nos debruçar sobre os dados após o 2º turno, mas o que já vimos de interessante são os destinos. Entre os principais destinos das pessoas que estão aplicando o voucher em 2022, vemos que 5 dos 10 maiores destinos estão na região Nordeste. A maior utilização foi registrada em Salvador, na Bahia.
É difícil saber a correlação direta, mas quando a gente faz outros tipos de campanha com outros temas, tem uma representatividade muito maior do Sudeste ou outras regiões que têm mais utilização do modal rodoviário. Mas neste caso, o que está nos surpreendendo é que metade das maiores utilizações está em cidades do Nordeste.
O sr. está acompanhando esse movimento do passe livre no transporte público para tentar reduzir a abstenção? Teve inspiração nisso? Na discussão sobre refazer a campanha agora neste ano de 2022, a gente defende a democracia e quer dar ênfase e incentivar o dever cívico. Nosso objetivo é incentivar que as pessoas façam seu dever cívico e votem.
Mas nós também olhamos para as mudanças derivadas da pandemia, com as pessoas se locomovendo, mudando de endereço, morando um pouco mais distante do trabalho. E nós quisemos facilitar para essas pessoas que estão morando em outro lugar e não tiveram tempo para atualizar o título, por exemplo.
A gente sabe que o brasileiro está cada vez mais consciente do poder de voto. Para nós, poder incentivar e viabilizar esse momento, que vai ser transformador para o Brasil independentemente do resultado, nos deixa felizes. Mas a inspiração veio de dados internos e experiências passadas de campanhas que já fizemos antes.
No 1º turno, o grau de abstenção foi grande. Essa decisão de repetir a promoção no segundo turno considerou isso? Na verdade, o condutor foi muito mais o crescimento perante a campanha anterior. Foi o crescimento da adesão nesta campanha, comparada a outras campanhas promocionais que a gente faz aqui também. Olhamos os dados internos e entendemos que tem uma adesão.
Também percebemos que as pessoas estão conversando sobre isso e elogiando.
Vocês tiveram medo de a empresa ser chamada de petista e sofrer boicote, já que a abstenção é uma preocupação maior entre os eleitores de baixa renda e escolaridade, grupos que dão mais apoio a Lula? Nós defendemos a democracia. Nosso objetivo é fomentar o dever cívico. Cada cidadão tem a liberdade de expressar seus pensamentos. E, de novo, as principais razões que conduzem as nossas campanhas são os dados internos.
Vocês não receberam nenhum relato nessa linha? Não tivemos nenhum impacto nessa campanha com esse viés. Eu acho que até pelo nosso posicionamento e pelo fato de termos feito isso duas vezes anteriormente. Não é nenhuma novidade o que estamos fazendo aqui. É uma continuação de uma campanha. Nas redes sociais, nós recebemos elogios sobre as nossas ações.
Alguns estados determinaram gratuidade de ônibus intermunicipais. Isso tem algum impacto na promoção de vocês? Não. Todos os cupons que nós colocamos à disposição se esgotaram. Quanto às determinações, a ClickBus, como intermediadora de venda de passagens, está acompanhando o caso junto às nossas viações parceiras, que operam as linhas determinadas por eles.
Raio-X
Formado em marketing e finanças pela Tulane University, nos Estados Unidos, o executivo foi um dos fundadores da empresa Predicta no início da carreira e passou por companhias como Twitter, Uber, OLX e PicPay, antes de assumir o posto de CEO da ClickBus. É membro do conselho da empresa de logística Sotran.
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