Descrição de chapéu Eleições 2022 DeltaFolha

Abstenção chega a 20,9% e se mantém estável nas eleições de 2022

Segundo TSE, 32,7 milhões de brasileiros não compareceram às urnas no primeiro turno

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São Paulo

Com 99,99% das urnas apuradas, o número de abstenções nas urnas, ou seja, de pessoas que não compareceram para votar, chegou a 32,7 milhões (20,9% dos eleitores).

Embora o resultado seja estável se comparado às eleições de 2018 (20,3%), quando Jair Bolsonaro (hoje no PL) foi eleito, é a maior abstenção das últimas seis eleições majoritárias.

Em relação a 2002, quando 20,4 milhões de pessoas se abstiveram, o número de eleitores que não votaram cresceu 59,8% no país. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o aumento foi gradativo.

Apesar da alta nas abstenções, os brasileiros enfrentaram filas para votar neste domingo (2). A espera chegou a mais de uma hora em várias capitais. Podem ter contribuído para a demora o aumento no número de eleitores e a validação da biometria na identificação. Alguns eleitores também esqueceram de levar uma anotação com o número dos candidatos.

O salto maior de abstenções foi a partir das eleições de 2010, especialmente no segundo turno, quando houve crescimento de 22% se comparado à eleição anterior.

Em 2006, 23,5 milhões de brasileiros se abstiveram de votar no segundo turno, enquanto, em 2010, mais de 29,1 milhões não compareceram às urnas. Os dados levam em consideração apenas as eleições majoritárias.

Em 2010, quando a abstenção se destacou no segundo turno, os partidos que protagonizaram a disputa presidencial foram o PT, com Dilma Rousseff, e o PSDB, com José Serra.

Queda nos brancos e nulos

Neste ano, foram registrados 2,8% de votos nulos e 1,6% de votos brancos na eleição para presidente. É o menor percentual de votos invalidados desde 2002, e houve queda de mais de 50% e 30%, respectivamente, em relação às eleições de 2018.

Entre as eleições majoritárias de 2002 e 2018, no entanto, os votos nulos cresceram 3,3%, enquanto os brancos aumentaram 8,1%. Já no segundo turno, no mesmo período, o crescimento de votos nulos foi de 128% e bateu recorde no pleito em que Jair Bolsonaro foi eleito.

Preocupação de campanhas com abstenção

Temendo que altos índices de abstenção contribuíssem para levar a eleição presidencial para o segundo turno, a campanha Lula procurou se comunicar com quem não costuma comparecer às urnas para reduzir as ausências em seu favor.

A publicação de um artigo do cientista político Jairo Nicolau sobre a escolaridade de quem mais compareceu e se absteve nas últimas eleições majoritárias, com base nos dados do TSE, sugeriu que as abstenções de pessoas com menor nível de escolaridade poderia desbancar a chance de Lula vencer as eleições no primeiro turno.

Isso porque a entrada de Lula é maior entre os eleitores com escolaridade até o ensino fundamental. Além disso, havia um temor que o indicativo de violência nas urnas pudesse motivar as abstenções.

O resultado das últimas pesquisas eleitorais foi um combustível a mais para a campanha de Lula incentivar o eleitor a sair de casa para votar.

Um dos fatores que pode limitar o comparecimento nas camadas mais pobres é o custo com transporte público para se deslocar ao local de votação. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal determinou que as prefeituras mantivessem a oferta normal de transporte público nas eleições.

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou com pedido no TSE para limitar os efeitos da decisão, sob a alegação de que a medida constituía "grave interferência no funcionamento do serviço de transporte público".

O pedido foi negado pelo ministro Benedito Gonçalves, que o considerou "absurdo".

Recorde de eleitores

Segundo o TSE, o número de brasileiros aptos a votar neste ano chegou à casa dos 156,5 milhões. As mulheres foram maioria, com 52,65% do total. Esta também foi a eleição em que os jovens demonstraram mais interesse político, uma vez que 2,1 milhões de pessoas entre 16 e 17 anos fizeram o título de eleitor mesmo sem a obrigação de votar.

O interesse pelo voto por pessoas que vivem no exterior também aumentou significativamente. Mais de 697 mil pessoas que moram em outros países puderam ir às urnas, o que corresponde a um aumento de 39,2% em relação a 2018. Filas também foram registradas em países da Europa e na Argentina.

Embora os dados apontem para um recorde no número de eleitores, é importante destacar que 24,48%, o que corresponde a uma fatia de 38,3 milhões de brasileiros, não fizeram o recadastramento por biometria.

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